Maria do Socorro Cardoso Xavier*
"Sonhos & Pesadelos (enquanto o sono não vem)"
Livro composto de crônicas,
contos, artigos, narrativas diversas, nas quais conta episódios da
existência e vida política atual e passada, estórias, histórias
curtas. No final cordéis criativos com métrica diversificada.
Vate de verve fluente em prosa e
verso; estilo escorreito, conciso. Vai narrando com domínio da
língua portuguesa, de forma agradável, com orações curtas que não
cansa o leitor, de forma clara.
Grande engenho literário. Nasceu
para ser escritor, comunicador excelente! Polemista, protestador! O
protesto politicamente correto! Bendito pesadelo da noite, no qual
Domingos vira escrita fértil e produtiva! Diria no bom sentido - que
o Domingos Oliveira Medeiros é um escritor compulsivo. O que lhe sai
da mente e a pena obedece -quanto mais escreve, mais lhe surgem
idéias e temas palpitantes. E sabe dizer com originalidade! Domingos
vai escrevendo como que conversa com outra pessoa, de forma elegante
e objetiva. É uma prosa com ritmo. Pelo que li do escritor.
Domingos, no usina de letras,
onde o conheci e passei a admirar,- com mais de três mil trabalhos -
não faltou tema que o mesmo ainda não tenha se pronunciado, conteúdo
consistente, com estética própria e inconfundível. Escreve sobre
tudo e para todos.
Mesmo quando o autor não é tão
linear, surrealisticamente, em alguns escritos, torna-se não difícil
de digerir. Prolixo mas não cansativo. Escreve bem para os outros e
naturalmente para si - no sentido de que escolheu livremente do que
falar e o faz magistralmente.
Une boas idéias, experiência,
criatividade e talento para escrever. Em alguns escritos o autor tem
sido até didático. Ensina coisas, dá exemplos, insinua atitudes a
serem tomadas. Excelente o conto "As Aparências enganam". Só no
final da narrativa se descobre que aquele amor doentio, que lhe
fazia sofrer, do qual se refere o autor - era o cigarro! Super
criativa a crônica "A vírgula e sua luta contra a discriminação".
Apresenta em discurso coerente e
lógico, valores intangíveis e tangíveis, mostrando a fragilidade
humana e os paradoxos da vida: o sim e o não; a partir de suas ruminâncias racionais da insônia, ao traduzir o calcanhar de Aquiles
do mundo real.
Conhecedor profundo dos problemas
do país, seus pontos cruciais – oferece inclusive sugestões valiosas
à cata de soluções. Experiente no domínio da vida pública
brasileira, na qual exerceu vários cargos de administração em órgãos
federais. Altamente politizado e consciente da agudeza da estrutura
e conjuntura política, com espírito crítico e mordaz disseca os
trâmites difíceis, da política nacional.
Lendo Domingos de Oliveira
Medeiros, se aprende muita coisa. Nasceu predestinado a escrever.
Qual escriba dos tempos imemoriais. Missão de comunicar, esclarecer
e alertar sobre os males deste planeta tão conturbado, prestes a
desembocar numa guerra sem precedentes na História universal.
Para encerrar esta minha modesta
apreciação, com certeza não fiz uma leitura profunda nem abrangente
do autor - gostaria de transcrever esta oração, em "Exilado", pg.
81-83 do livro em epígrafe: "Exilado, voltou a estudar. Pensando um
dia em retornar à sua pátria, resolveu cursar Engenharia Florestal.
Quando chegasse o grande dia, poderia retornar ao Brasil e cuidar de
uma planta tenra e bela: a Democracia".
Parabéns ao autor por magnífica
obra e ao público ao ser premiado com leitura tão oportuna!
Sonhos & Pesadelos (enquanto o sono
não vem): Autor: Domingos Oliveira Medeiros. Apoio & Produção: Rio
de Janeiro: 2002. 247 p.
(*) Já
referenciada em outros trabalhos aqui publicados no Jornal de
Poesia.
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