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Maria do Socorro Cardoso Xavier

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Jean Léon Gérôme (French, 1824-1904), Morte de César, detalhe

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 


Poesia :


Ensaio, resenha, crítica & comentário: 


Fortuna crítica:


Alguma notícia da autora:

 

Maria do Socorro Cardoso Xavier

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

William Blake (British, 1757-1827), Christ in the Sepulchre, Guarded by Angels

 

William Blake (British, 1757-1827), The Ancient of Days

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Jean Léon Gérôme (French, 1824-1904), Bathsheba,

Maria do Socorro Cardoso Xavier


 

Rápidos dados bio-bibliográficos:
 

  • Pernambucana, (com ancestralidade cearense) radicada na Paraíba há 40 anos (Campina Grande e João Pessoa-Pb). Professora com pós-graduação em História.
     

  • Experiência nos três níveis de ensino. Aposentada, com 08 livros publicados entre poesia, pensamento, memória e ensaio: Barco Sem Vela, Adolescência de um Outon, Pensamentos Dispersos e Diversos, Filosovendo a Vida, Psicopoética, A Saga de Ipueiras e Tesouro Redescoberto- A riqueza do folheto em verso; Palavras de Mulher em prosa e verso do erudito ao popular. Este ultimo, prêmio do site Usinadeletras. À venda pela Editora Papel & Virtual (Rio)
     

  • Dispersa colaboração em forma de artigos, crônica, ensaios, contos e poesia, em Antologias Nacionais e Jornais Paraibanos. Já foi organizadora de Antologias Literárias. Autores Campinenses e Autores Paraibanos (97/98/99).
     

  • É filiada a algumas entidades literárias nacionais: UBE, (São Paulo), APPERJ (Rio), Academia Petropolitana de Poesia (Rio), ACPE (Campina Grande-Pb), FACMA (C. Grande-Pb), Casa do Poeta Repentista (C. Grande-Pb), APP (Academia Paraibana de Poesia -João Pessoa-Pb), Lions Clube-Manaíra-João Pessoa-Pb.
     

  • É verbete do Dicionário de Mulheres org. por Hilda Agnes Hubner Flores-Porto Alegre-RS.
     

  • É verbete no Dicionário Bio Bibliográfico Regional de Mário Ribeiro Martins- Palmas Tocantins.
     

  • Mantém intercâmbio literário com diversos escritores nacionais. Representa na Paraíba O Jornal Literarte de São Paulo e a Oficina do Rio de Janeiro.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Velazquez, A forja de Vulcano

Maria do Socorro Cardoso Xavier


 

Comentário sobre Estudos & Catálogos - Mãos:
 

 

Maria do Socorro Cardoso Xavier

 

Admirável escritor/poeta Soares Feitosa:

Gostei deveras da prosa e projeto Edições Cururu. Lembrei-me de uma modinha que ouvira e participara dos folguedos de infância, nos terreiros em noite de lua cheia: ..."sapo cururu da beira do rio, quando o sapo canta ó maninha é que está com frio"...

Nordestina, dos sertões de Pernambuco, porém meio cearense, devido a minha ancestralidade materna: percorri no lombo de cavalos léguas e léguas as plagas do cariri e outras cercanias do Ceará: Barbalha (Sítio Cocos, Roncador), Brejo dos Santos, Porteiras Leia Estudos & Catálogos - Mãos (Massapê), Jati. Por lá meus bisavós e  avós maternos possuíam propriedades e engenhos.

Este magnífico texto "Estudos & Catálogos - Mãos", do escritor Soares Feitosa, - prefácio quase ensaio do livro Recordel de Virgílio Maia, é sem dúvida alguma, uma obra de arte literária das mais originais. O ludicismo, o lirismo e o realismo do autor ao tratar das coisas da ambiência nordestina, de forma tão profunda e autêntica, fez-me reportar qual quadro vivo aos idos da minha infância por aquelas paragens.

Soares Feitosa metafórica, inconsciente e ou conscientemente, resgata o universo sertanejo, nos fazendo ouvir o aboio do vaqueiro, o relinchar dos cavalos, o chocalho do gado e bodes, os bacorinhos, os bezerrinhos desmamados, os burros e jumentos. Os baldes de leite e o cheiro dos currais, a coalhada, as farinhadas, a prensagem do queijo de manteiga, cujo dia era uma festa: os fios de queijo no alguidar cozendo no fogo de lenha, e a criadagem disputando a raspa do alguidar para dali fazer uma boa farofa.. "Chouriço" era outra festa: o doce feito do sangue do porco com gergelim pilado no pilão e rapadura, temperado com pimenta e cravo. É de dar água na boca, tão delicioso doce!

Nem tudo era uma festa e um doce: O mugido e berro do gado sendo ferrado com o ferro quente em brasa, com o "logotipo" do fazendeiro. E como traz a propriedade privada berros e lágrimas! Meus avós maternos ficavam sôfregos com aproximadamente mil cabeças de gado na serra do Araripe, na iminência de serem roubadas ou
atacados por bandos de cangaceiros, e assim teriam que vender diversas cabeças para pagar o resgate. Isto ocorreu com minha avó materna em relação ao bando de cangaceiros denominados "Os Marcelinos". 

Do alpendre, ao levantar da rede, o avistar dos canários e assum preto, de Luiz Gonzaga, os gibões, selas e baús, herança dos artesãos da península ibérica, o ecletismo cultural árabe, - povos pastores, estes, além de conduzir os rebanhos de ovelhas, trabalhavam muito bem o couro.

O crochê, renda de almofadas, com fios de algodão, a partir de bilros e espinhos de mandacaru, artesanava-se para enfeitar as sertanejas, amenizando seu caráter rijo. Que sertões étnica e belamente ecléticos: portugueses, índios, negros, cristãos novos, árabes, tudo fundido num caldeirão de cinco séculos- travestidos
de brasilidade, cujo lirismo e realismo ao mesmo tempo, imprime uma magia inigualável.

Tudo isto o autor, escritor e poeta Soares Feitosa resgatou neste texto fantástico, quase prosa lírica: não fica a dever a Guimarães Rosa, Graciliano Ramos, Humberto Eco de O Nome da Rosa, Gabriel Garcia Márquez em Cem Anos de Solidão. E ao escritor e teatrólogo paraibano, Ariano Suassuna. 

O autor foge ao lugar comum, a intertextualidade de leve; entre o erudito e o popular, tece milagrosamente a ficção e o real; se abraçam para caracterizar as mil e uma ma noites dos contos nordestinos. Texto singular e rico, beirando as margens do épico.

E assim encerro esta singela apreciação, semioticamente quase sentindo o cheiro agradável do capim-santo, da terra quente molhada com as primeiras chuvas de janeiro, o som do aboiar do vaqueiro; a
coreografia da anágua rendada e gomada das moças casadoiras, para ir a missa do domingo e a festa da padroeira (o).

Fechando estas breves impressões, pois longe de crítica
literária, invoco o cientista social Euclides da Cunha, com frase indelével e tão atual: "O sertanejo é antes de tudo um forte"!

Com um abraço fraternal de nordestina, meio cearense,
        Maria do Socorro Cardoso
 

   

 

William Bouguereau (French, 1825-1905), L'Innocence

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Napoleão Maia Filho

 

 

05.08.2005