- Poemas:

1. No dia em que morrer
2. As rosas morrem sempre
3. Toda crença contém
4. Eu fui aquele menino triste
5. O cérebro fabuloso de Leonardo
6. Ontem
7. Quando você souber que eu estiver morrendo
8. Mais poemas de Osmard Andrade Faria
 

          Foi professor da Universidade Federal de Santa Catarina, escreveu inúmeros livros de Medicina e literatura, entre os quais, “Manual de Hipnose Médica e Odontológica” com várias edições no Brasil e no exterior, “Hipnose e Letargia”, “Panorama Atual das Funções Psi – Parapsicologia”, “Assim Escrevem os Catarinenses -   (antologia), “A Batalha de Araranguá”, “O Que é Parapsicologia”, “O Que é Hipnotismo”, “Este Humor Catarina” – (antologia), e “Eutanásia” – A Morte Com Dignidade”.  Tem, aguardando publicação, um livro de contos, “O Alegre e Irreverente Contador de Historietas Mágicas” e um livro de poesias, “RESTOS DE NÓS”  do qual foram extraídos os poemas para esta seleção do Jornal de Poesia. 
 

IV
 

No dia em que morrer
os homens levantarão
entre você e o mundo
uma parede de areia e cal;
mais tarde, 
construirão entre o mundo e você
uma barreira de esquecimento.

V
 

As rosas morrem sempre
entre os dedos
daqueles que as colheram;
eis a grande lição
que os egoístas
jamais compreenderam.
 

VII
 

Toda crença contém
em si mesma
o pressuposto
da própria inexistência.
O caminho que vai da crença
ao conhecimento da verdade
passa pelo exercício da dúvida.
Aquele que duvida
aprende a conhecer
e não precisa mais acreditar.
 
 

IX
 
 

Para   JÚLIO DE QUEIROZ
meu Amigo
meu  Mestre
meu Irmão.

Eu fui aquele menino triste
que não teve infância
e nem conseguia acreditar
em Papai Noel.
Hoje, já entardecido,
descubro deslumbrado
que Papai Noel
sempre existiu.
Ele é que não conseguia
acreditar em mim.

O cérebro fabuloso que faz-se Luz em Da Vinci
também acende as fogueiras
da Santa Inquisição.

XX
 

Ontem
quando eu andava perdido no mundo
sem saber de onde vim,
para quê, nem por quê,
onde andava você?

Hoje,
que mal consigo encontrar meu caminho
sem saber aonde ir,
para quê, nem por quê,
onde anda você?

E amanhã,
se eu souber finalmente quem sou,
de onde vim, aonde vou
mas meu tempo estiver
fatalmente encerrado,
onde andará você? 
 

Quando você souber que eu estiver morrendo
coloque numa vitrola um noturno de Chopin,
convoque um bem-te-vi para cantar na palmeira,
deixe a janela aberta e que entre a luz do Sol.
Quero o vento soprando e dobrando as folhagens
e as asas de um beija-flor adejando a roseira,
quero o verde das folhas e o vermelho das flores,
quero ver o balé das nuvens lá no céu.
Se, de noite, que eu veja o pulsar das estrelas
e a imensa escuridão dos espaços infinitos,
e até se estiver chovendo, quero ver e ouvir a chuva.
Na minha hora final, deixe a janela aberta,
Não me negue, na morte, o festival da Vida.