Réquiem em Sol da Tarde, de Soares Feitosa:
o mínimo que se pode falar acerca desse livro é que é
grandemente criativo. O poeta parece exsudar sua poesia naturalmente, como
um rio brota do olho d’água minúsculo no seio da terra.
E, como a água do rio, cresce e se avoluma,
não raro se encorpando com outras águas que se lhe ajuntam;
o poeta igualmente faz crescer sua poesia, torna-a caudalosa, com a incorporação
de textos outros, com o desenvolvimento do seu estro, semeado de sua erudição,
tudo concorrendo para um conjunto maciço, onde a criatividade gráfica
vai de par com a criação poética propriamente dita.
Soares Feitosa não se contenta com apenas
expor os versos no papel; desenha-os, dá às palavras por
vezes uma feição gráfica diversa, muito afim daquilo
que elas expressam. Por outro lado, sua veia caudalosa, verdadeiro cântico,
exige um discurso substancioso, seu canto não se limita, é
muitas vezes incontido, sem quaisquer peias, solto na página, solto
na imaginação, de natureza totalizante, um poema que busca
na terra, nas raízes de sua gente, telúrico e social, os
motivos mais lídimos de sua expressão.
Caudaloso e popular, erudito e bem atualizado
quanto às últimas conquistas da informática, bem merece
o epíteto de poesia épica, já que é um canto
geral de cultura e civilização. A poesia de Soares Feitosa
vem, neste fim de século, lançar uma luz de esperança
na poesia brasileira do próximo milênio.
Vale.
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