O Marreco
Pedro Saturnino 
 
    A linfa do quintal, que o seu perfil retrata,
    é o ponto de namoro e banho do Marreco, 
    onde ostenta melhor a seda do jaleco 
    e a fita do pescoço, à guiza de gravata. 

    Ali, não raro, esquece à companheira o meco,
    para fazer a corte à encantadora Pata, 
    a quem com tal carinho e deferência trata, 
    que por todo o arredor o escândalo faz eco. 

    Ali, como um D. João, corrompe as mais ariscas e,
    incapaz de temer despeitos e vinganças, vive, 
    como um sultão, cercado de odaliscas. 

    E ali conduz as tais que, a passos curtos, tardos, 
    afrontando o rancor de honestíssimas ganças, 
    comboiam, sem pudor, mistiços e bastardos. 

 

Remetente : Renato Navarro Magalhães

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