ISBN: 85.7321.241-1
Nº de páginas: 324 |
FOLHAS DE RELVA
Walt Whitman
Tradução e posfácio: Rodrigo Garcia Lopes
Quem toca este livro, toca uma vida. No
aniversário de 150 anos da primeira edição de
Leaves of Grass (Folhas de Relva), de Walt
Whitman (1819-1892), a editora Iluminuras
publica, em edição bilíngüe, pela primeira vez
no Brasil, a tradução integral desse clássico da
literatura de todos os tempos. Whitman e seu
livro, que se fundiram num mesmo projeto de vida
e de linguagem, alteraram os rumos da poesia
moderna como uma onda gigantesca cujos impactos
podem ser sentidos até hoje. Whitman afetou a
sensibilidade e a obra de várias gerações de
escritores e artistas, de Isadora Duncan a
Borges, de Maiakovski a Ginsberg. Como relva,
para usarmos sua imagem-matriz, o livro cresceu
organicamente, sofrendo um processo de expansão,
remanejamento e revisão ao longo de nove
edições. Embora Whitman certamente tenha escrito
poemas memoráveis depois de 1855, o impacto da
primeira edição e sua originalidade de concepção
são únicos. O crítico Ivan Marki é um dos que
defendem que, embora as edições subseqüentes de
Leaves of Grass tenham feito o livro ganhar em
variedade e complexidade, “a voz distinta de
Whitman nunca foi tão forte, sua visão tão clara
e seu design tão firme quanto nos doze poemas da
primeira edição”. Escrito num período de
formação da consciência e da nação
norte-americana, de otimismo nacionalista,
expansão geográfica, utopias, pioneirismo,
crescimento econômico e tensões sociais, Whitman
criou uma poética revolucionária, fundada numa
radical experiência de “agoridade”. Como
escreveu Whitman no fundamental prefácio de
1855: “O julgamento direto de quem seria o maior
dos poetas é o hoje”. Se Whitman reinventa
tradições e re-elabora formulações básicas do
Romantismo, suas descobertas em 1855 prenunciam
e antecipam os principais procedimentos e
preocupações do Modernismo e das vanguardas do
século 20. Entre eles, o impulso a uma poesia
demótica (de linguagem ampla e variada, de uso
comum, que tudo absorve e nada rejeita); o poema
longo em verso livre como “obra-em-progresso”.
Uma nova concepção de poesia e de poema. De
outro lado, experimentos com diferentes estados
de percepção, automatismo psíquico, livre
associação de idéias, “simultaneísmo”. Retorno
às culturas ancestrais, aproximação com
religiões e filosofias orientais, além da
preocupação com uma nova ecologia do ser humano.
Ênfase na oralidade e materialidade das
palavras. Ruptura com os decoros poéticos
tradicionais. Verdadeiro grito de independência
da poesia americana, a originalidade de Folhas
de Relva também estava em sua demonstração
prática das possibilidades de uma nova pessoa e
de uma nova poesia: um novo modo de ver, sentir
e estar no mundo. Mas se as experiências que o
livro colocava em circulação eram acessíveis a
qualquer um, o poema de abertura advertia que
essas “folhas de relva” eram, no máximo, um guia
para esta conquista. Não valeria nada se leitor
não as conquistasse, primeiro, dentro de si
mesmo. Seu “grito bárbaro sobre os telhados do
mundo” ainda merece ser ouvido, 150 anos depois.
R$ 44,00
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