Rachel de Queiroz

Geometria dos Ventos
 
 
Eis que temos aqui a Poesia,
a  grande Poesia.
Que não oferece signos
nem linguagem específica, não respeita
sequer os limites do idioma. Ela flui, como  um rio.
como o sangue nas artérias,
tão espontânea que nem  se  sabe como foi escrita.
E ao mesmo tempo tão elaborada - 
feito uma flor na sua perfeição minuciosa,
um cristal que se  arranca da  terra
já dentro da geometria impecável 
da sua lapidação.
Onde se conta uma história, 
onde se vive um delírio; onde a condição humana exacerba,
até à fronteira da loucura, 
junto com Vincent e os seus girassóis de fogo,
à sombra  de Eva Braun, envolta no mistério ao
                                                  mesmo  tempo
fácil e insolúvel da sua tragédia.
Sim, é o encontro com a Poesia.
       
                     
(Poesia feita em homenagem ao poema 
"Geometrida dos Ventos" de Álvaro Pacheco) 
                    
                                                                                  
Remetente: Álvaro Pacheco

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 Página editada  por  Alisson de Castro,  Jornal de Poesia,  17  de  Junho  de  1998