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Rosalice de Araújo Scherffius

 

Ser Brasileiro

 

 

Ser brasileiro, não é apenas um direito civil mas um estado d'alma!!!

Acompanhando os desenvolvimentos do Brasil, em como seu perfil é percebido pelo mundo, no ano de 2003, deparo-me com uma numerosa fonte de informações, via mídia , que as vezes não traduz a esperança e o otimismo que muitos querem anunciar.
Portanto vale salientar que cada um de nós, brasileiros, na terrinha ou ao longe, temos razões de sobra pra continuar cheios de esperança!

Refiro-me aos milhares, sim repito milhares de brasileiros que por razão ou outra escolheram trocar o gigante adormecido pelas terras do Tio Sam, Europa, Austrália e Ásia.

Tenho lido reportagens de brasileiros que venderam tudo o que possuíam e até pediram empréstimos a suas famílias e amigos, para ir tentar a vida no exterior.

E a realidade mostrou-se outra, bem diferente da esperada... muitos estão saudosos de casa e sem recursos para retornarem...
Isto foi um fenômeno que ocorreu fartamente nos últimos cinco a dez anos. A grande maioria destes exilados por imposição própria, ocorreu, parece-me, quando estavam com temor de que o Brasil estava para ir a bancarrota ou que o pais iria tomar uma curva para a esquerda. Dedicarei um outro artigo sobre este assunto, num futuro próximo.

Com as bênçãos de Deus, hoje temos esperanças e motivos para jubilo! O Brasil está mostrando que tem ganas de ser uma potencia mundial e parece que cada brasileiro acabou por perceber que somos todos filhos de Deus, com iguais direitos e privilégios, que não chegam grátis, mas se tem de cultivar passo a passo.

Por outro lado, também procuro ler as impressões publicadas na Internet por estrangeiros que moram no Brasil. De vez em quando, participo com minha opinião em diversos fóruns, quando percebo que estão falando bobeira e tirando conclusões antecipadas.

Foi o caso de um americano que mora no Rio de Janeiro e ficou tocado com a pobreza das favelas que arredoam as mais sofisticadas vizinhanças cariocas. Em sua opinião, os brasileiros não se preocupam uns com os outros e não se dão conta de que a pobreza não irá embora por si mesma... Ele segue a relatar que tomou uma família de esmoles como seu "projeto pessoal de caridade ", mas teve que admitir que ficou sobrecarregado com a atividade e começou a se "esconder" dos pedintes. Então o requintado senhor, que está no Rio de Janeiro a contrato da multinacional para a qual trabalha, (cargo que facilmente pode ser ocupado por um brasileiro), começou a cantar odes a sua terra natal e a comparar o Brasil com um lixo da humanidade. Ora vejam só!!! Eu naturalmente, brasileira como sou, defensora de minha terrinha e suas glorias e desconfortos, não poderia deixar de pôr os meus "dez-mil-reis", nesta historia. Escrevi uma mensagensinha bem desaforada, (mas com bastante educação). Tentei enumerar a razão pela qual não se vê os pobres em abundancia pelas ruas das cidades americanas. Mencionei uma lista enorme...de programas de iniciativa publica e privada, razão pela qual não se vê o esmole, ou o sem teto, ou o ancião pobre e destituto pelas ruas americanas. Sem falar que as crianças têm um mundo todo seu de programas de ajuda. A assistência social nos Estados Unidos é estruturada em muitos aspectos e é uma maquina em funcionamento desde há muito, muito tempo. No Brasil, lembro-me que nos idos de 60 e 70, até falar em serviço social, ajuda estatal para os pobres etc era perigoso, pois poderíamos ser taxados de comunistas ou pior. Talvez por isso, estejamos ainda rastejando no campo de auxilio social por parte de instituições governamentais... Creio que a realidade mudou e hoje há bem mais liberdades em nosso Brasil.

Aqui nos Estados Unidos, a merenda escolar é para todos. Na verdade, é bem mais que merenda, pois o estudante aqui passa cerca de sete horas na escola. Portanto há café da manha, e almoço para melhor servir a necessidade de cada um. Agora, se o estudante é carente, preenche formulários e recebe tudo grátis. Se de baixa renda, recebe preço ajustado. Os demais pagam cem por cento. Existe um sistema de cartão (como cartão de crédito) e se acontece uma coisa assim tipo, vamos supor, o carente gasta mais do que era seu limite, então ele tem de pagar a diferença. Isto evita abusos (assim ninguém pode comer dois lanches no mesmo cartão etc.) E o sistema de cartão, é honrado e aceito com dignidade, pois não há diferença entre a aparência do cartão do carente, preço ajustado ou cem por cento. A computação é feita em cada conta individual. Funciona. É também um incentivo para manter a meninada nas escolas. Além do que já está mais do que provado,q ue com boa nutrição a aprendizagem é mais proveitosa.

Torçamos para que logo logo, chegará a vez do Brasil de fazer assim com escolas.

Na lista de programas que enumerei para rebater o americano que estava "chateado" com a pobreza no Brasil e especialmente no Rio, eu também mencionei as instituições de caridade que fazem questão de sair "catando" os necessitados e oferecem-lhes um abrigo no inverno. Existem programas de Abrigos para idosos, Lar para as mães solteiras, Lar dos meninos, sistema de adoção para crianças de zero a dezessete anos, cartão comida para baixa renda familiar, abrigos em igrejas, com o apoio de rendas do governo, etc. etc. etc. a relação é imensa!!!! existem até fundações particulares (como da família Kennedy), que paga conta de luz para os necessitados.

Por causa desta estrutura, é que não se vê o pobre nas ruas de muitas cidades nos Estados Unidos (ouvi falar que em nova York a coisa é diferente).

O que quero ressaltar, é que sei que o Brasil está mudando para melhor, tenho confiança. Tenho esperança!

Sei que ser brasileiro, não é apenas um direito civil, mas também um estado d'alma! Continuarei a torcer e fazer orações para este bom "pais tropical, abençoado por Deus, e bonito por natureza"...

Ouço falar sobre os bancos de comida que arrecadam alimentos 365 dias por ano e redistribuem entre os pobres e necessitados... já é um começo!
 


Rosalice de Araújo Scherffius
Tampa Bay,Florida U.S.A

 

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William Blake (British, 1757-1827), The Ancient of Days

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Luiz Bello