Jornal de Poesia

 

Silvério da Costa


 

Paradoxo

 

Severino era viúvo. Vivia no sertão, entregue ao destino. A única companhia era o cachorro Bóbi. A seca já levara tudo que tinha e o seu corpo esquálido mal se agüentava em pé. O cachorro, então, era só pele e osso, mas foi a sua salvação.

Matou-o, assou-o no fogo feito, rudimentarmente, no chão e devorou-o com o maior dos apetites! Severino teve, porém, a preocupação de pôr de lado todos os ossinhos. Afinal...o seu Bóbi também merecia saciar a fome!
 

 

 

 

 

20.07.2005