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Jornal do Conto

Tânia Diniz


 


Uma Lenda



 

Era uma menininha de pele esverdeada e hábitos singulares.
Vagava pela floresta sempre só. Gostava de balançar-se nos cipós, subir nas árvores e implicar com os macacos.

Pendurava-se nos barrancos à beira dos rios para ver a correnteza e os peixes. Às vezes seus longos cabelos tocavam as águas.

E chorava. Chorava sempre, por tudo e por nada. Por um bichinho interessante, pela gostosa brincadeira, pela linda flor, por um arranhão no espinho, pelo pôr-do-sol, pela luz da lua. O verde de seus olhos boiava constante em lágrimas.

Um dia desejou ser tão bela como a vitória-régia.

Debruçou-se à beira do rio e contemplou a flor horas a fio, dias a fio.

Olhava-a e esperava tornar-se como ela. E tanto chorou que acabou secando, o corpo fininho preso à margem,os dedos como raízes, os cabelos ao vento.

Então Ci, a deusa da floresta, que a tudo assistira de sua constelação, ficou com tanta pena dela que a transformou. E surgiu a Samambaia chorona.

 

 

 


 

18/11/2005