Jornal de Poesia

Os Direitos do Homem - no Cordel

      Francisco das Chagas Farias de Queiroz

          Introdução

          O pensamento humanitário
          Produziu transformação,
          Para o direito fundamental,
          Do homem ou cidadão.
          Americanos e franceses,
          Formalizam Declaração.

          Revoluções do século dezoito
          Vêm suscitar e favorecer,
          Os ideais filosóficos,
          De Rousseau e Montesquieu,
          Os quais contribuíram,
          Pró movimento crescer.

          A Declaração da França
          Foi universalizante,
          A iniciativa popular
          Foi sua representante.
          Hoje serve de modelo,
          Um documento marcante.

          A concepção francesa
          Era da individualidade,
          Mas num estilo lapidar
          Enfatiza a liberdade,
          A igualdade e o legal
          E ainda a propriedade.

          A Burguesia liberal
          Ajudou na revolução,
          Pois o absolutismo,
          Tinha a dominação,
          Mais adiante porém,
          Promoveu a opressão.

          O progresso industrial
          Acentua desigualdade,
          O trabalhador explorado,
          Ficou sem propriedade
          E sem salário condigno,
          Aumentou a gravidade.

          Nesse quadro avassalador
          Surge Marx o cientista
          Criticando a igualdade
          Feita por capitalista,
          Discutiu essas idéias,
          No Manifesto Comunista.

          A concentração de riquezas
          Na mão duma minoria,
          É o que provoca a miséria
          De toda uma maioria.
          Pra dividir esse bolo,
          Só com muita rebeldia.

          Assim continua o homem
          Em busca da perfeição,
          Pouco se preocupando
          Com a humanização,
          Apesar das deficiências
          Temos a Declaração.

          No ano de quarenta e oito
          Dia dez, mês do natal
          A Assembléia da ONU,
          De modo universal,
          Aprova os direitos do homem,
          Pra cumprimento integral.

          1
          Pelo artigo primeiro
          Somos iguais em dignidade,
          Direitos e nascemos livres,
          Pra agir com fraternidade.
          Fico triste em lhes falar,
          Que não é a realidade.

          2
          O segundo manda gozar
          Do direito e da liberdade,
               Sem utilizar distinção
               De raça , cor , religiosidade,
               Opinião política, riqueza...
               Será que isso é verdade?

          3
               As palavras do terceiro
               Nos diz o essencial,
               Todos têm direito a vida,
               A segurança pessoal
               E ainda a liberdade,
               Bonito! mais irreal.

          4

               O quarto é enfático,
               Proíbe a escravidão,
               Só que os juros pagos,
               Pra manter globalização,
               Está nos deixando servos,
               Eternizando a prisão.

          5
               Quinto vem ser o artigo
               Que não deixa torturar,
               Condena-se a Polícia
               Sem antes observar,
               Que a maior violência,
               É não poder se educar.

          6
               O sexto nos informar
               Que o homem tem o direito,
               Perante a lei do mundo,
               Ser tratado com respeito,
               Mas Países descumprem
               A regra deste preceito.

          7
               No sétimo somos iguais
               Não havendo distinção
               Diante a lei e o direito,
               Desses temos proteção,
               O forte ainda consegue
               Manter discriminação.

          8
               O oitavo nos ensina
               A procurar os Tribunais,
               Contra os atos que violem
               Os direitos fundamentais,
               Mas a suntuosa justiça,
               Pouco tem sido eficaz.

          9
               Ninguém, pelo artigo nono
               Será preso ilegalmente,
               Detido ou exilado,
               Se arbitrariamente,
               O descumprimento é flagrante,
               Analise historicamente!

          10
               O artigo dez não inventa
               Diz o fundamental,
               Igualmente temos direito
               A uma justiça imparcial,
               Tem País que ainda julga,
               Sem uma defesa legal.

          11
          Pelo onze não se acusa 
               Sem devido processo legal,
               Tudo deve está previsto
               Na lei de cada local.
               Mas inocentes são vítimas,
               De bombardeio fatal.

          12
                         Na regra do artigo doze
                         Não haverá interferência
                         Na vida privada, no lar
                         Ou numa correspondência,
                         Essas normas são violadas
                         Até com muita insistência.

          13
                         Fala o treze da liberdade
                         De locomover e morar,
                         Dentro de um território,
                         Podendo sair e retornar,
                         Mas existem ditaduras
                         Que persistem em violar.

          14
                         O quatorze dá direito
                         A vítima de perseguição,
                         Que pode procurar asilo,
                         Em seja qual for a nação,
                         Muitos Países descumprem
                         E não dão essa proteção.

          15
                         Pelo quinze fazemos jus
                         A uma nacionalidade,
                         Não podemos ser privados
                         Dessa legal faculdade,
                         Podendo até mudá-la,
                         Se houver necessidade.

          16
                         O dezesseis nos ensina
                         Que maiores de idade,
                         Podem contrair matrimônio,
                         Por espontânea vontade,
                         O duro é manter a família,
                         Agregando-a a realidade.

          17
                         O dezessete vem tratar
                         Do direito à Propriedade,
                         A qual não se deve violar
                         Pela arbitrariedade,
                         Poucos são donos de tudo,
                         Muitos na precariedade.

          18
                         Pelo dezoito somos livres
                         Pra refletir e pensar,
                         De cultuar religião
                         Quando nela acreditar,
                         Cristãos, judeus e outros,
                         Teimam em se digladiar.

          19
                         O dezenove complementa
                         A idéia do anterior,
                         Expressaremos opiniões
                         Seja em que lugar for,
                         Se não houver embaraços
                         Com prepotente ditador.

          20
                         O artigo vinte agrega
                         Liberando reunião,
                         Podemos pacificamente,
                         Criar associação,
                         Mas os ricos liberais,
                         Preferem desunião.

          21
                         O vinte e um nos indica
                         Que podemos governar,
                         Escolhendo representantes,
                         Ou se um pleito conquistar,
                         Mas voto é mercadoria
                         E só ganha marajá.

          22
                         Pretende o vinte e dois 
                         Dá segurança social,
                         A que fazemos jus,
                         Pelo esforço nacional,
                         Mas educação e saúde, 
                         Estão num plano orbital.

          23
                         Pelo artigo vinte e três
                         O homem deve trabalhar
                         Ter remuneração decente,
                         E sindicato organizar,
                         Os projetos globalizantes,
                         Querem com isso acabar.

          24
               É no vinte e quatro
               Que podemos repousar,
               Ter lazer, férias com grana,
               E na Europa passear,
               Um sonho do operário,
               Que mal pode se alimentar.

          25
               É direito no vinte e cinco,
               Ter padrão de vida real,
               Alimentar-se, morar bem,
               Ter um bem-estar social,
               O difícil é ter acesso,
               Ao que é fundamental.

          26
               Agora pelo vinte e seis,
               Tenho que ter instrução
               Pra compreender a miséria
               E debater a questão,
               O poder sabendo disso,
               Destrói a educação.

          27
               O artigo vinte e sete
               Vem nos dá a proteção,
               Sobre o que se produz
               Pra cultura da nação,
              O nosso direito autoral,
               Não esboça reação.

          28
               O vinte e oito se apega
               Na ordem sócio-global,
               Pra que o estabelecido,
               Realize-se no total,
               O preceito é coerente,
               Mas não cumprem no final.

          29
               Prevê o vinte e nove
               A nossa obrigação,
               De respeitarmos as leis
               E também o nosso irmão,
               No entanto há violência,
               Por faltar compreensão.

          30
               Chego no artigo trinta
               Vejo nele a previsão,
               Que nenhum dispositivo
               Da presente declaração,
               Seja porém destruídos
               Por revoltosa nação.
           

               Analisei as premissas
               Dos direitos fundamentais,
               Mostrei a Declaração,
               Nos seus aspectos formais,
               Dissequei todos artigos,
               Fazendo críticas leais.

               O homem sempre lutou
               Pra reaver seu direito
               A história mostra isso
               De modo muito perfeito,
               Mas apesar do progresso,
               Persistimos no defeito

               Fiz um breve retrospecto
               Do que é primordial,
               Para que o homem viva
               Na sociedade ideal,
               Espero que no futuro
               Não existe desigual.

               Tenho medicação certa
               Pra que todos vivam bem
               Acabe com a ganância,
               Divida o que você tem,
               Pois na vida espiritual,
               Não precisará de vintém.

               Dedico esse trabalho
               A quem nele acreditar,
               A Deus referencio
               Por ele me ajudar.
               A Terra será um éden,
               Quando povo se agregar.

 
 
 
Dados do autor:
          1. Data Nascimento: 07.01.61;
          2. Local: Pendências/RN;
          3. Esposa: Maria José Oliveira de Queiroz;
          4. Filhos: Rafaela Oliveira de Queiroz, Francisco Diogo
          Oliveira de Queiroz e Marcela Oliveira de Queiroz;
          5. Servidor Público Federal;
          6. Endereço: Rua Tabapuã n.º 442, Conj. Santarém,
          Potengi-Natal/RN; 
          7. Fone: 761.2684;
          8. Estudante do 7º período do Curso de Direito(noturno) na UFRN.
                    Natal/RN, 20 de novembro de 1998.
Remetido por Eduardo Diatahy Bezerra de Menezes

 
 Página Principal