Antônio Cunha Lacerda Leite
Prefácio do livro de poesias
“Reticências...”
de Rubenio Marcelo
Mais uma vez o amigo e grande escritor
RUBENIO MARCELO maravilha-nos com o seu intrépido e
inteligente jeito de fazer poesias, convidando-nos ao
entretenimento, bem como concitando-nos a viver intensamente a vida
através das preciosas lições grafadas nas páginas de
RETICÊNCIAS... - Sonetos, Cordéis & Outros Poemas, este
seu belíssimo Livro.
A extraordinária figura humana
Madre Tereza de Calcutá, que nos legou profundas lições de amor
e sabedoria, dizia-nos que a vida é uma promessa e que devemos
concretizá-la. Esta é, por excelência, a mensagem de maior
relevância insculpida neste belíssimo trabalho literário da lavra de
Rubenio Marcelo, este indomável escultor das letras e das palavras.
A história da vida do poeta em sua
trajetória eclética e laboriosa, muito bem delineada na apresentação
feita pelo acadêmico Geraldo Ramon Pereira, é a prova maior da
conquista dessa promessa de que fala Madre Tereza. Consciente do seu
papel de mediador na promoção do ser humano, RUBENIO MARCELO –
membro titular da Cadeira 35 da Academia Sul-Mato-Grossense de
Letras – revela-nos através da sua verve encantadora as verdades
inerentes ao Ser Imortal, o que somos todos em essência, e ao mesmo
tempo convida-nos a viajar pelos trilhos que inevitavelmente nos
conduzirão ao descobrimento da nossa real identidade de seres em
busca do conhecimento, da verdade e da felicidade.
Recentemente, em seu memorável
discurso de posse na Academia Sul-Mato-Grossense de Letras, o jovem
acadêmico Rubenio Marcelo demonstrou fidelidade à dádiva hereditária
recebida dos seus genitores, ambos aparentemente situados em pólos
diversos da seara artístico-poética, enfatizando com galhardia a
sintonia que deve unir as produções do esforço intelectivo da alma
através das gerações, fato que o coloca na condição de mediador na
tarefa de disseminar através da sua pena os conhecimentos que jazem
latente no âmago do espírito humano. Expressando plenamente este
compromisso medianeiro, assim asseverou o nobre vate:
A Arte e a Cultura, que são a
síntese produtiva e existencial de um povo, não se prendem a um só
segmento. Seus matizes expandem-se multifacetadamente por todas as
paragens onde o homem possa penetrar e espalham-se pelo mundo como
um pólen fecundante. Por isso, devem e têm que ser exercitados
desencadeando um esforço harmonizador das relações humanas, atuando
como elos de convergência social; e nunca como mero instrumento de
sublimação personalista ou partidária.
Ao referir-se à grandiosa capacidade
de percepção e à sabedoria inata do poeta, Sigmund Freud
assim se expressou: Em todo lugar que eu vou, aí descubro que já
esteve um poeta antes de mim. É a óbvia constatação a que
chegamos quando folheamos cuidadosamente as páginas de
“Reticências...”, este majestoso opúsculo poético, produto de muita
sabedoria, dedicação, trabalho árduo e amor.
Em sua trajetória reveladora das
qualidades primordiais que dormem latente no Ser em todos os
momentos históricos da vida, Rubenio Marcelo nos diz - em suas rimas
harmoniosamente arquitetadas com a simplicidade dos sábios e a
maturidade dos viandantes - que em essência somos todos filhos de
Deus e aqui nos encontramos irmanados na grande família universal,
em jornada de luta e eterno aprendizado. Com a sutileza e a
naturalidade intrínseca do verdadeiro artista de gênio e a infinita
clareza intelectiva do seu espírito criador, ele nos guia, através
da sua verve criativa e encantadora, para os páramos celestiais, a
morada definitiva de todos nós que aqui nos encontramos em marcha
evolutiva.
Nesse gigantesco esforço, ele nos faz
viajar para dentro de nós mesmos e resgatar nas experiências vividas
o estímulo maior para a sublimação do nosso cotidiano e a formação
pacífica do nosso amanhã. Assim, Rubenio Marcelo vai buscar no
passado a inspiração dos autênticos menestréis da cultura popular e,
passeando pelo presente, fala-nos do heroísmo destes, das suas sagas
legendárias e do harmonioso empreendimento na construção da grande
síntese existencial do nosso povo brasileiro.
Nessa estonteante digressão poética, o
iluminado vate alencarino enaltece também os valores éticos que
devemos cultivar para que a vida possa ser embalada por um sentido
maior, fazendo com que tenhamos mais esperanças no futuro e nas
gerações que nos sucederão. Assim é que ele nos fala – com mestria,
beleza e limpidez espiritual – da amizade sincera, da saudade, da
fé, da paz, do trabalho, do sagrado papel desempenhado pelas mães no
processo de regeneração do nosso mundo, e, enfim, do maior dos
antídotos contra todos os males, o AMOR. E aqui, em sua
sensibilidade incomensurável, o ilustre escritor Rubenio Marcelo, um
dos maiores nomes da moderna poesia contemporânea, transcende os
estreitos limites das faculdades inerentes ao ser mortal – os cinco
sentidos –, e extravasa a força maior da sua genialidade de ser
imortal – as faculdades da alma – para enaltecer Aquele que é a
síntese maior do que somos capazes de entender sobre a mais sublime
de todas as virtudes. Destarte, fala-nos do Amor verdadeiro, numa
mensagem mágica e impressionante, reverenciando a figura do Mestre
JESUS e assim se expressando:
Jesus, o Grande Pacificador,
Quando peregrinou aqui na terra,
Mostrou que não se deve fazer guerra
E, sim, só semear real amor.
E assim vai o poetíssimo Rubenio
convidando-nos a participar do majestoso banquete da fraternidade
universal, conclamando-nos à adesão incondicional aos reais valores
éticos da vida, os quais nos farão colher inexoravelmente o fruto da
semente que cultivarmos. Do clássico ao popular, Rubenio Marcelo
transcende, assim, em seu genial afã de fazer poesias, os estreitos
limites do efêmero entretenimento. Na última estrofe do majestoso
poema “O Mármore e o Escultor” ele nos dá a exatidão perfeita
da mensagem grandiloqüente que quer nos transmitir:
E aquele que só ventos semear
Colherá só tormentas, com certeza.
Quem quiser de herança a tristeza,
Não aprenda o ofício de sonhar.
Pois é a nossa maneira de entalhar
Que define nossas próprias esculturas.
E, assim, viveremos nas alvuras
Ou na luz rosicler dos arrebóis.
Somos, a um só tempo, todos nós,
Criadores e fiéis criaturas.
Dando azo à sua privilegiada
imaginação poético-criativa e atento às grandes preocupações que
sempre afligiram a humanidade em sua marcha evolutiva, Rubenio
Marcelo envia uma sábia advertência aos portentosos senhores do
poder temporal, dizendo-lhes que por razões óbvias o mundo atual em
que vivemos não tem mais espaço para a beligerância e a guerra. No
magistral cordel-poema “Se Bush Visitasse o Ceará”, numa
radiante seqüência de glosas, ele os adverte de maneira pujante, num
misto elegíaco de graça e sapiência, como que a representar
fidedignamente todos os grandes bardos cantadores em seus impulsos
de sagrada inspiração e transcendência iluminada. Através da leitura
envolvente dessa imponente e descontraída tese poética não é difícil
sentir as vibrações harmoniosas que espargem do coração do poeta e
dirigem-se à consciência de todos nós, num brado sonoro de
admoestação, dizendo-nos: “Ouçam os que têm ouvidos de ouvir”.
O amigo leitor está prestes a iniciar
uma reticente e fascinante viagem pelas páginas de Reticências...
- Sonetos, Cordéis & Outros Poemas. Outra coisa não poderia eu
fazer a não ser encorajá-lo neste fantástico périplo poético, porém
sugiro que o faça com espírito crítico e disposto a penetrar no
âmago da essência da mensagem do eclético escritor RUBENIO
MARCELO, como fez o grande vate da poesia popular, Oliveira
de Panelas, ao sondar as reais intenções dos viajantes de outras
galáxias, em seu bem-humorado poema intitulado “Esses Discos
Voadores Me Preocupam Demais”:
Dentro da ufologia, segundo o que
eu entendo, / Esses discos estão querendo falar de democracia; /
Cortar a demagogia de quem fala e nada faz, / Dos sabidões atuais
enganando os eleitores... / Esses discos voadores me preocupam
demais.
Caríssimo leitor, aperte o sinto e boa
viagem!!!
ANTÔNIO CUNHA LACERDA LEITE
(Escritor, Advogado e Pesquisador Cultural)
Leia Rubenio Marcelo
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