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Luís Vaz de Camões


 

Canto II (Parte II)
 


57
Já pelo ar o Cileneu voava;
Com as asas nos pés à Terra dece;
Sua vara fatal na mão levava,
Com que os olhos cansados adormece.
Com esta, as tristes almas revocava
Do Inferno, e o vento lhe obedece.
Na cabeça o galero costumado.
E destarte a Melinde foi chegado.

58
Consigo a Fama leva, por que diga
Do Lusitano o preço grande e raro,
Que o nome ilustre a um certo amor obriga,
E faz, a quem o tem, amado e caro.
Destarte vai fazendo a gente amiga
Co rumor famosíssimo e perclaro.
Já Melinde em desejos arde todo
De ver da gente forte o gesto e modo.

59
Dali pera Mombaça logo parte,
Aonde as naus estavam temerosas,
Pera que à gente mande que se aparte
Da barra imiga e terras suspeitosas;
Porque mui pouco val esforço e arte
Contra infernais vontades enganosas;
Pouco val coração, astúcia e siso,
Se lá dos Céus não vem celeste aviso.

60
Meio caminho a noite tinha andado
E as Estrelas no Céu, co a luz alheia,
Tinham o largo Mundo alumiado;
E só co sono a gente se recreia.
O Capitão ilustre, já cansado
De vigiar a noite, que arreceia,
Breve repouso antão aos olhos dava,
A outra gente a quartos vigiava;

61
Quando Mercúrio em sonhos lhe aparece,
Dizendo: "Fuge, fuge, Lusitano,
Da cilada que o Rei malvado tece,
Por te trazer ao fim e extremo dano.
Fuge, que o vento e o Céu te favorece;
Sereno o tempo tens e o Oceano,
E outro Rei mais amigo, noutra parte,
Onde podes seguro agasalhar-te.

62
"Não tens aqui senão aparelhado
O hospício que o cru Diomedes dava,
Fazendo ser manjar acostumado
De cavalos a gente que hospedava;
As aras de Busíris infamado,
Onde os hóspedes tristes imolava,
Terás certas aqui, se muito esperas.
Fuge das gentes pérfidas e feras!

63
"Vai-te ao longo da costa discorrendo,
E outra terra acharás de mais verdade,
Lá quase junto donde o Sol, ardendo,
Iguala o dia e noite em quantidade;
Ali tua frota alegre recebendo
Um Rei, com muitas obras de amizade,
Gasalhado seguro te daria
E, pera a Índia, certa e sábia guia."

64
Isto Mercúrio disse, e o sono leva
Ao Capitão, que, com mui grande espanto,
Acorda, e vê ferida a escura treva
De hüa súbita luz e raio santo.
E, vendo claro quanto lhe releva
Não se deter na terra iníqua tanto,
Com novo esprito ao mestre seu mandava
Que as velas desse ao vento que assoprava.

65
"Dai velas (disse), dai ao largo vento,
Que o Céu nos favorece, e Deus o manda;
Que um mensageiro vi do claro Assento,
Que só em favor de nossos passos anda."
Alevanta-se nisto o movimento
Dos marinheiros, de hüa e de outra banda;
Levam, gritando, as âncoras acima,
Mostrando a ruda força que se estima.

66
Neste tempo que as âncoras levavam,
Na sombra escura os Mouros escondidos
Mansamente as amarras lhe cortavam,
Por serem, dando à costa, destruídos;
Mas com vista de linces vigiavam
Os Portugueses, sempre apercebidos.
Eles, como acordados os sentiram,
Voando, e não remando, lhe fugiram.

67
Mas já as agudas proas apartando
Iam as vias húmidas de argento;
Assopra-lhe galerno o vento e brando,
Com suave e seguro movimento.
Nos perigos passados vão falando,
Que mal se perderão do pensamento
Os casos grandes, donde em tanto aperto
A vida em salvo escapa por acerto.

68
Tinha hüa volta dado o Sol ardente
E noutra começava, quando viram
Ao longe dous navios, brandamente
Cos ventos navegando, que respiram.
Porque haviam de ser da Maura gente,
Pera eles arribando, as velas viram.
Um, de temor do mal que arreceava,
Por se salvar a gente à costa dava.

69
Não é o outro que fica tão manhoso,
Mas nas mãos vai cair do Lusitano,
Sem o rigor de Marte furioso
E sem a fúria horrenda de Vulcano;
Que, como fosse débil e medroso
Da pouca gente o fraco peito humano,
Não teve resistência; e, se a tivera,
Mais dano, resistindo, recebera.

70
E como o Gama muito desejasse
Piloto pera a Índia, que buscava,
Cuidou que entre estes Mouros o tomasse;
Mas não lhe sucedeu como cuidava,
Que nenhum deles há que lhe insinasse
A que parte dos céus a Índia estava;
Porém dizem-lhe todos que tem perto
Melinde, onde acharão piloto certo.

71
Louvam do Rei os Mouros a bondade,
Condição liberal, sincero peito,
Magnificência grande e humanidade,
Com partes de grandíssimo respeito.
O Capitão o assela por verdade,
Porque já lho dissera deste jeito
O Cileneu em sonhos; e partia
Per onde o sonho e o Mouro lhe dizia.

72
Era no tempo alegre, quando entrava
No roubador de Europa a luz Febeia,
Quando um e o outro corno lhe aquentava,
E Flora derramava o de Amalteia.
A memória do dia renovava
O pressuroso Sol, que o Céu rodeia,
Em que Aquele, a quem tudo está sujeito,
O selo pôs a quanto tinha feito;

73
Quando chegava a frota àquela parte,
Onde o Reino Melinde já se via,
De toldos adornada e leda de arte
Que bem mostra estimar o Santo dia.
Treme a bandeira, voa o estandarte,
A cor purpúrea ao longe aparecia;
Soam os atambores e pandeiros;
E assi entravam ledos e guerreiros.

74
Enche-se toda a praia Melindana
Da gente que vem ver a leda armada,
Gente mais verdadeira e mais humana,
Que toda a de outra terra atrás deixada.
Surge diante a frota Lusitana,
Pega no fundo a âncora pesada;
Mandam fora um dos Mouros que tomaram,
Por quem sua vinda ao Rei manifestaram.

75
O Rei, que já sabia da nobreza
Que tanto os Portugueses engrandece,
Tomarem o seu porto tanto preza,
Quanto a gente fortíssima merece;
E com verdadeiro ânimo e pureza,
Que os peitos generosos enobrece,
Lhe manda rogar muito que saíssem,
Pera que de seus reinos se servissem.

76
São oferecimentos verdadeiros
E palavras sinceras, não dobradas,
As que o Rei manda aos nobres cavaleiros,
Que tanto mar e terras têm passadas.
Manda-lhe mais lanígeros carneiros
E galinhas domésticas cevadas,
Com as frutas que antão na terra havia;
E a vontade à dádiva excedia.

77
Recebe o Capitão alegremente
O mensageiro ledo e seu recado;
E logo manda ao Rei outro presente,
Que de longe trazia aparelhado:
Escarlata purpúrea, cor ardente,
O ramoso coral, fino e prezado,
Que debaxo das águas mole crece,
E, como é fora delas, se endurece.

78
Manda mais um, na prática elegante,
Que co Rei nobre as pazes concertasse
E que de não sair, naquele instante,
De suas naus em terra, o desculpasse.
Partido assi o embaixador prestante,
Como na terra ao Rei se apresentasse,
Com estilo que Palas lhe ensinava,
Estas palavras tais falando orava:

79
"Sublime Rei, a quem do Olimpo puro
Foi da suma Justiça concedido
Refrear o soberbo povo duro,
Não menos dele amado, que temido:
Como porto mui forte e mui seguro,
De todo o Oriente conhecido,
Te vimos a buscar, pera que achemos
Em ti o remédio certo que queremos.

80
"Não somos roubadores, que, passando
Pelas fracas cidades descuidadas,
A ferro e a fogo as gentes vão matando,
Por roubar-lhe as fazendas cobiçadas;
Mas, da soberba Europa navegando,
Imos buscando as terras apartadas
Da Índia, grande e rica, por mandado
De um Rei que temos, alto e sublimado.

81
"Que geração tão dura há i de gente,
Que bárbaro costume e usança feia,
Que não vedem os portos tão somente,
Mas inda o hospício da deserta areia?
Que má tenção, que peito em nós se sente,
Que de tão pouca gente se arreceia?
Que, com laços armados, tão fingidos,
Nos ordenassem ver-nos destruídos?

82
"Mas tu, em quem mui certo confiamos
Achar-se mais verdade, ó Rei benino,
E aquela certa ajuda em ti esperamos,
Que teve o perdido Ítaco em Alcino,
A teu porto seguros navegamos,
Conduzidos do intérprete divino;
Que, pois a ti nos manda, está mui claro
Que és de peito sincero, humano e raro.

83
"E não cuides, ó Rei, que não saísse
O nosso Capitão esclarecido
A ver-te ou a servir-te, porque visse
Ou suspeitasse em ti peito fingido;
Mas saberás que o fez, por que cumprisse
O regimento, em tudo obedecido,
De seu Rei, que lhe manda que não saia,
Deixando a frota, em nenhum porto ou praia.

84
"E, porque é de vassalos o exercício,
Que os membros têm, regidos da cabeça,
Não quererás, pois tens de Rei o ofício,
Que ninguém a seu Rei desobedeça;
Mas as mercês e o grande benefício
Que ora acha em ti, promete que conheça
Em tudo aquilo que ele e os seus puderem,
Enquanto os rios pera o mar correrem."

85
Assi dizia; e todos juntamente,
Uns com outros em prática falando,
Louvavam muito o estâmago da gente
Que tantos céus e mares vai passando.
E o Rei ilustre, o peito obediente
Dos Portugueses na alma imaginando,
Tinha por valor grande e mui subido
O do Rei que é tão longe obedecido.

86
E, com risonha vista e ledo aspeito,
Responde ao embaixador, que tanto estima:
"Toda a suspeita má tirai do peito,
Nenhum frio temor em vós se imprima,
Que vosso preço e obras são de jeito
Pera vos ter o mundo em muita estima;
E quem vos fez molesto tratamento
Não pode ter subido pensamento.

87
"De não sair em terra toda a gente,
Por observar a usada preminência,
Ainda que me pese estranhamente,
Em muito tenho a muita obediência.
Mas, se lho o regimento não consente,
Nem eu consentirei que a excelência
De peitos tão leais em si desfaça,
Só por que a meu desejo satisfaça.

88
"Porém, como a luz crástina chegada
Ao mundo for, em minhas almadias
Eu irei visitar a forte armada,
Que ver tanto desejo, há tantos dias;
E, se vier do mar desbaratada
Do furioso vento e longas vias,
Aqui terá de limpos pensamentos
Piloto, munições e mantimentos."

89
Isto disse; e nas águas se escondia
O filho de Latona, e o mensageiro,
Co a embaixada, alegre se partia
Pera a frota no seu batel ligeiro.
Enchem-se os peitos todos de alegria,
Por terem o remédio verdadeiro
Pera acharem a terra que buscavam;
E assi ledos a noite festejavam.

90
Não faltam ali os raios de artifício,
Os trémulos cometas imitando;
Fazem os bombardeiros seu ofício,
O céu, a terra e as ondas atroando.
Mostra-se dos Ciclopas o exercício,
Nas bombas que de fogo estão queimando;
Outros, com vozes com que o céu feriam,
Instrumentos altíssonos tangiam.

91
Respondem-lhe da terra juntamente,
Co raio volteando, com zunido;
Anda em giros no ar a roda ardente,
Estoura o pó sulfúreo escondido.
A grita se alevanta ao céu, da gente;
O mar se via em fogos acendido
E não menos a terra; e assi festeja
Um ao outro, à maneira de peleja.

92
Mas já o Céu inquieto, revolvendo,
As gentes incitava a seu trabalho;
E já a mãe de Menon, a luz trazendo,
Ao sono longo punha certo atalho;
Iam-se as sombras lentas desfazendo,
Sobre as flores da terra, em frio orvalho,
Quando o Rei Melindano se embarcava,
A ver a frota que no mar estava.

93
Viam-se em derredor ferver as praias,
Da gente, que a ver só concorre leda;
Luzem da fina púrpura as cabaias,
Lustram os panos da tecida seda.
Em lugar de guerreiras azagaias
E do arco que os cornos arremeda
Da Lüa, trazem ramos de palmeira,
Dos que vencem, coroa verdadeira.

94
Um batel grande e largo, que toldado
Vinha de sedas de diversas cores,
Traz o Rei de Melinde, acompanhado
De nobres de seu Reino e de senhores.
Vem de ricos vestidos adornado,
Segundo seus costumes e primores;
Na cabeça, hüa fota guarnecida
De ouro, e de seda e de algodão tecida.

95
Cabaia de Damasco rico e dino,
Da Tíria cor, entre eles estimada;
Um colar ao pescoço, de ouro fino,
Onde a matéria da obra é superada,
Cum resplandor reluze adamantino;
Na cinta a rica adaga, bem lavrada;
Nas alparcas dos pés, em fim de tudo,
Cobrem ouro e aljôfar ao veludo.

96
Com um redondo emparo alto de seda,
Núa alta e dourada hástia enxerido,
Um ministro à solar quentura veda
Que não ofenda e queime o Rei subido.
Música traz na proa, estranha e leda,
De áspero som, horríssono ao ouvido,
De trombetas arcadas em redondo,
Que, sem concerto, fazem rudo estrondo.

97
Não menos guarnecido, o Lusitano,
Nos seus batéis, da frota se partia,
A receber no mar o Melindano,
Com lustrosa e honrada companhia.
Vestido o Gama vem ao modo Hispano,
Mas Francesa era a roupa que vestia,
De cetim da Adriática Veneza,
Carmesi, cor que a gente tanto preza,

98
De botões de ouro as mangas vêm tomadas,
Onde o Sol, reluzindo, a vista cega;
As calças soldadescas, recamadas
Do metal que Fortuna a tantos nega;
E com pontas do mesmo, delicadas,
Os golpes do gibão ajunta e achega;
Ao Itálico modo a áurea espada;
Pruma na gorra, um pouco declinada.

99
Nos de sua companhia se mostrava
Da tinta que dá o múrice excelente
A vária cor, que os olhos alegrava,
E a maneira do trajo diferente.
Tal o fermoso esmalte se notava
Dos vestidos, olhados juntamente,
Qual aparece o arco rutilante
Da bela Ninfa, filha de Taumante.

100
Sonorosas trombetas incitavam
Os ânimos alegres, ressoando;
Dos Mouros os batéis o mar coalhavam,
Os toldos pelas águas arrojando;
As bombardas horríssonas bramavam,
Com as nuvens de fumo o Sol tomando;
Amiúdam-se os brados acendidos,
Tapam com as mãos os Mouros os ouvidos.

101
Já no batel entrou do Capitão
O Rei, que nos seus braços o levava;
Ele, co a cortesia que a razão
(Por ser Rei) requeria, lhe falava.
Cúas mostras de espanto e admiração,
O Mouro o gesto e o modo lhe notava,
Como quem em mui grande estima tinha
Gente que de tão longe à Índia vinha.

102
E com grandes palavras lhe oferece
Tudo o que de seus reinos lhe cumprisse;
E que, se mantimento lhe falece,
Como se próprio fosse, lho pedisse.
Diz-lhe mais que, por fama, bem conhece
A gente Lusitana, sem que a visse;
Que já ouviu dizer que noutra terra
Com gente de sua Lei tivesse guerra;

103
E como por toda África se soa,
Lhe diz, os grandes feitos que fizeram,
Quando nela ganharam a coroa
Do Reino onde as Hespéridas viveram;
E com muitas palavras apregoa
O menos que os de Luso mereceram
E o mais que pela fama o Rei sabia.
Mas desta sorte o Gama respondia:

104
"Ó tu, que, só, tiveste piedade,
Rei benigno, da gente Lusitana,
Que, com tanta miséria e adversidade,
Dos mares exprimenta a fúria insana:
Aquela alta e divina Eternidade
Que o Céu revolve e rege a gente humana,
Pois que de ti tais obras recebemos,
Te pague o que nós outros não podemos.

105
"Tu só, de todos quantos queima Apolo,
Nos recebes em paz, do mar profundo;
Em ti, dos ventos hórridos de Eolo
Refúgio achamos, bom, fido e jocundo.
Enquanto apacentar o largo Pólo
As Estrelas, e o Sol der lume ao Mundo,
Onde quer que eu viver, com fama e glória
Viverão teus louvores em memória."

106
Isto dizendo, os barcos vão remando
Pera a frota, que o Mouro ver deseja;
Vão as naus hüa e hüa rodeando,
Por que de todas tudo note e veja;
Mas pera o céu Vulcano fuzilando,
A frota co as bombardas o festeja
E as trombetas canoras lhe tangiam;
Cos anafis os Mouros respondiam.

107
Mas, despois de ser tudo já notado
Do generoso Mouro, que pasmava,
Ouvindo o instrumento inusitado,
Que tamanho terror em si mostrava,
Mandava estar quieto e ancorado
Na água o batel ligeiro que os levava,
Por falar de vagar co forte Gama
Nas cousas de que tem notícia e fama.

108
Em práticas o Mouro diferentes
Se deleitava, perguntando agora
Pelas guerras famosas e excelentes
Co povo havidas que a Mafoma adora;
Agora lhe pergunta pelas gentes
De toda a Hespéria última, onde mora;
Agora, pelos povos seus vizinhos,
Agora, pelos húmidos caminhos.

109
"Mas antes, valeroso Capitão,
Nos conta (lhe dezia) diligente,
Da terra tua o clima e região
Do mundo onde morais, distintamente;
E assi de vossa antiga geração,
E o princípio do Reino tão potente,
Cos sucessos das guerras do começo,
Que, sem sabê-las, sei que são de preço;

110
"E assi também nos conta dos rodeios
Longos em que te traz o Mar irado,
Vendo os costumes bárbaros, alheios,
Que a nossa África ruda tem criado.
Conta, que agora vêm cos áureos freios
Os cavalos que o carro marchetado
Do novo Sol, da fria Aurora trazem;
O vento dorme, o mar e as ondas jazem.

111
"E não menos co tempo se parece
O desejo de ouvir-te o que contares;
Que quem há que por fama não conhece
As obras Portuguesas singulares?
Não tanto desviado resplandece
De nós o claro Sol, pera julgares
Que os Melindanos têm tão rudo peito
Que não estimem muito um grande feito.

112
"Cometeram soberbos os Gigantes,
Com guerra vã, o Olimpo claro e puro;
Tentou Perito e Teseu, de ignorantes,
O Reino de Plutão, horrendo e escuro.
Se houve feitos no mundo tão possantes,
Não menos é trabalho ilustre e duro,
Quanto foi cometer Inferno e Céu,
Que outrem cometa a fúria de Nereu.

113
"Queimou o sagrado templo de Diana,
Do sutil Tesifónio fabricado,
Horóstrato, por ser da gente humana
Conhecido no mundo e nomeado.
Se também com tais obras nos engana
O desejo de um nome aventajado,
Mais razão há que queira eterna glória
Quem faz obras tão dignas de memória."

 

 

 

 

 

28/11/2005