Soares Feitosa
Esta névoa do chocolate
era um dia, domingo e suas vestes,
Singer, a velha máquina — se não
tínhamos um piano;
suavemente eu lhe olhava
os cabelos,
Se algum gesto foi feito à
tesoura
E se confundem todas as luzes
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Paulo de Tarso Pardal
Sent: Saturday, December 27, 2003 10:48 AM
Subject: Re: foto e ensaio JAP
Caro poeta Soares Feitosa,
"Adolescíamos" já é poesia pelo título, um sugestivo e bem-achado neologismo de que vai partir toda a recordação de um ser sem mágoas de outros tempos, principalmente aquele em a descoberta do amor é pedra fundamental para o entendimento de que a vida não precisa de explicação, mas de sensibilidade para se enxergar, nos pequenos gestos, o verdadeiro sentido dela. Este é o tempero fundamental para que poetas, como você, transfigurem o real em algo que só eles enxergam. Cada vez mais, convenço-me da imensa responsabilidade que os poetas da vida pós-industrial carregam nas costas. Fazer poesia é algo muito sério, que precisa ser trabalhada com responsabilidade temática e com domínio lingüístico. Essencialmente, acho que a poesia das coisas está no preciso olhar do poeta e na cunhagem exata da linguagem. Neste poema, há tudo isto, além da clara visão madura do ser que está por trás dele. Os versos "Se algum gesto foi feito à tesoura/ era apenas um disfarce" (acho que aqui está a alma do seu poema) deixam uns sugestivos vazios na semântica do texto que instigam o imaginário do leitor, o que demonstra que você tem consciência de que o leitor pós-moderno é um ser necessariamente participante do poema. Esta, talvez, seja a condição mais essencial da poesia de hoje. Foi muito bom ler este seu poema. Gostaria de ler outros do mesmo quilate. Um grande abraço. Pardal
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Rosana Piccolo Via Facebook, 13.04.2022 No meio de tanto lixo, encontro um diamante! A "máquina de costura" é um tema que me enternece. Tenho em casa uma Singer antiquíssima, herança da avó, que uso até hoje e funciona muito bem. Venho de família de costureiras, pude ver a cena. O que não sabia é que você é um poeta magnífico. Faço questão de ler mais (rosana.piccolo@gmail.com) Rosana
Direto para a página de Rosana Piccolo
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David Medeiros Oliveira
Sent: Sunday, December 28, 2003 5:50 PM
Subject: Re: Que site!
Feitosa,
Adorei...ainda mais hj, que é um dia de domingo; um domingo tão perto de minha adolescência. Interessante como as figuras da máquina e da tesoura dão vida a suas palavras. Parecem cenas de um curta. É isso! Um poema-roteiro. Prova maior? Como vc mesmo diz, Poeta, espiemos: "Singer, a velha máquina — se não tínhamos um piano; quando me dei conta, suavemente eu lhe olhava os cabelos, que também lhe olhava rapidamente os olhos calmos"
Luzes, gestos, névoas...são palavras ou imagens? Nossas lembranças são (principalmente) imagens, não palavras. Você as resgatou. E como. Forte abraço, David
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Flora Figueiredo Sent: Monday, March 14, 2005 6:01 PM
Subject: textos
Caro Soares Feitosa: ao chegar em casa após vários dias ausente de São Paulo, vejo-me premiada pelos seus textos, que roubam a cena e nos dão o alento de saber que a boa Literatura ainda é possível. Deleitei-me entre a prosa e a poesia. Ambas me encantaram. O poema " Adolescíamos" é ternura pura e nos remete à inocência há tanto esquecida. Faz ranger saudades nos pedais da velha Singer. Feliz por estar entre os merecedores de sua palavra, estarei sempre atenta à procura de outras " noites altas" e " tardes leves". Receba meu aplauso e meu carinho,
Flora Figueiredo.
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Helena Armond
Sent: Wednesday, April 03, 2002 5:52 PM
Subject: Comentário sobre Adolescíamos
belo esse estar em duplo descobrir-se e
não mais fechar se o tempo grava memória doce chocolate...cale-se
jamais diria mesmo porque=
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lúcida sem ilusão
ergo a taça de vinho
comemoro a vindima e a graça
que é a fermentação
desse estado a descobrir-se
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helena armond
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Ruth de Paula
Subject: Comentário sobre Adolescíamos
Te descobri por 'adolescíamos'! Até bem poucas horas não havia lido nada seu ou sobre você, nada; juro! Comecei a ler o jornal por sugestão de um poeta amigo meu, e de vez em quando via Pessoa, Adélia, Cecília, Ana Cristina César e Augusto dos Anjos. Poxa, domingo, numa daquelas horas mornas foi quando li pela primeira vez um poema teu, Adolescíamos e aí... A forma como o poeta fala sobre o encantamento pela Mirtes e a intensidade do encontro é tão forte, cortante como a tesoura que serviu de adereço. Digo adereço, pois deixou a cena mais cortante, a paixão mais sangrenta, própria da adolescência.O verso que toca na relação olho/cabelo, cabelo/olho traduz o jeito especial de falar do corpo. Percebo também
com alegria que você trata o feminino com o maior
Direto para a página de Ruth de Paula
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Beatriz Fernandes
From: Beatriz Fernandes <mbfernan@uol.com.br>
To: jpoesia@sec.secrel.com.br
Algumas coisas mudam: A névoa do chocolate quente agora é a fumaça do cigarro ou o ar poluído das cidades.... As mães trocam-se em pessoas barulhentas, maridos ciumentos, simples testemunhas inconscientes, Singer, a velha máquina - agora um piano, uma mesa um apoio qualquer. Outras coisas permanecem: olhar os cabelos, olhar os olhos, os gestos disfarces.... Caro Feitosa, adolescemos sempre. Mas só você consegue nos mostrar. Lindíssimo. Bia
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Adriana Bernardi Que
lindo é "Adolescíamos", não? Que coisa... Outra vez
a música de fundo o acompanha... como nos outros versos seus...
mais suave talvez...
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Regine Limaverde
Sent: Friday, May 11, 2001 8:50 PM
Subject: Re: Assim, elas. SF
Que encanto de poesia Feitosa. A fumaça é um pano de fundo para os sonhos. E o chocolate é doce na nossa boca. A paquera é áçucar para nossa alma. Que lindas pontes você faz entre o gesto e o ato , entre o pensar e o agir, entre o olhar e o sonhar. Gosto de sua poesia. Regine
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Maria da Graça Almeida
Sent: Wednesday, June 20, 2001 4:08 PM
Subject: Comentário sobre Adolescíamos
Dia frio,
do chocolate,
o vazio,
da adolescência,
também.
Saudade,
calor que arde
dentro de uma xícara
do laticínio
tardio.
Lindo!
Chego a perceber
os passos moribundos
da velha máquina
e, do outro lado,
bem cerzido,
o retrato da menina,
abotoado.
maria da graça almeida
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777
Sent: Wednesday, September 27, 2006 11:59 PM Subject: Adolescíamos Soares,
Este poema é " ", algo
indizível. Qualquer coisa que eu
Wênio Pinheiro Araújo
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Tiziano, Mulher ao espelho
Muito mais de não sei quantos mil poetas,
contistas e críticos de literatura.
Clique na 1ª letra do prenome:
Conheça a poética de Soares Feitosa
SB 06.02.2023