De Luís de
Camões ao Senhor D. Duarte, saindo em um jogo de canas:
Não voa pelo céu com tanta graça
o fermoso falcão, dando mil voltas,
seguindo mui cruel a leve garça,
com curvo bico e unhas tão revoltas;
como hoje tu correste aquela praça
no ligeiro ginete, a rédeas soltas,
a cara dando à contrária parte
com acertado assalto, graça e arte.
De Luís de Camões a
el-rei D. Sebastião, saindo aos touros:
Não corre o céu o astro tão fermoso,
nem pelo alto ar o nebri voa:
um tão claro, tão puro e tão lustroso,
outro que tão ligeiro os ares coa;
como tu, Sebastião, Rei glorioso
dás nova luz ao lume da coroa
em teu ginete zaro que, voando,
a terra, por ser teu, vai desprezando.