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Novidades da semana
 
Página atualizada em 22.09.1999
   
Chico Calda
calda@ronet.com.br

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UM ENCONTRO 
SOLIDÃO 
ÁLGEBRAMOR 
GOOD-BYE, THOLLA 
DEVANEIO 
MULHER CONTINENTAL  
SONHO DOURADO 
CHORA, CRIANÇA 
ZÉ JOAQUIM E FILOMENA 
IMIGRANTE 
DEMOCRAFOLIA 
SENHORA 
TELEPATIA 
EM LOUVOR DA SUPREMA NATUREZA 
 
   
   



   
 

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Chico Calda
calda@ronet.com.br
   
UM ENCONTRO 
A mulher desejada   
A cama forrada   
A penumbra   
O movimento de roupas caindo...   
A ação   
Os seios desnudos   
O ventre   
Púbis de veludo   
Sussurros   
Gemidos   
Acelerado o coração   
Corpos se roçando   
Bocas se beijando   
O prazer chegando   
O ranger do colchão   
O cansaço   
O último abraço   
A cama desfeita   
A luz que se acende   
A mulher que se ajeita   
Uma porta que abre   
Uma porta que fecha   
A separação    
   



   
 

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Chico Calda
calda@ronet.com.br

   
 SOLIDÃO
Ah! Essa tua ausência   
essa distância   
essa solidão   
Essa saudade que me invade   
Essa tristeza que me bate   
que me abate   
e me sufoca o peito   
Essa ânsia de te ver   
de te abraçar   
Esse desejo ardente de te amar   
Essa vontade louca   
de beijar-te a boca   
de te sufocar   
De ouvir teus gemidos   
gritos incontidos   
do prazer que aflora   
de todo o teu ser   
Ah! Essa tua ausência   
essa distância   
essa solidão...   
   



   
 

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Chico Calda
calda@ronet.com.br
 
 
 
ÁLGEBRAMOR 
Na equação do amor   
Eu mais você somos nós   
Assim sendo eu sou igual   
A nós dois menos você   
Como sem você não vivo   
Viver sem você não quero   
Assim sem você, menina   
Logo eu sou igual a zero   

Vivo em função de você   
A seu lado eu sou maior   
No diagrama somos par   
Somos ímpar no amor   
Estamos na interseção   
Um no outro está contido   
Nosso conjunto, menina   
Não pode ser dividido   

Nosso amor, assim, não pode   
Jamais ser fracionado   
Só pede uma operação   
A de ser multiplicado   
Em progressão geométrica   
De tanto que é bonito   
O seu destino é crescer   
Crescer até o infinito   
   



   
 

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Chico Calda
calda@ronet.com.br

GOOD-BYE, THOLLA
Eu conheço uma garota   
Que é muito bonitinha   
Tem o corpo escultural   
Ela é uma gracinha   
O nome dela é Tholla   
Mas eu a chamo Thollinha   

Clareou mais os cabelos   
E ficou bem mais lourinha   
Só anda de mini-saia   
Um top ou uma blusinha   
Pra ficar mais atraente   
Ela só usa botinha   

Tholla estudou inglês   
Somente as primeiras linhas   
Diz good night à tarde   
Diz good moring à noitinha   
Quando de mim se despede   
Me diz good-bye, Caldinha   
E eu me despeço dela   
Com um good-bye, Thollinha.   
   



   
 

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Chico Calda
calda@ronet.com.br

DEVANEIO
Numa borboleta eu fui   
Até o fim do infinito   
É um lugar bem bonito   
Aquele   
Tudo que existe lá   
Parece que não tem fim   
E fiquei perdido assim   
Por ele   

Lá não existe começo   
Tudo começa do meio   
Também não vi nada feio   
Nem pouco   
Tudo lá é abundante   
Transpira-se liberdade   
Gritei com tanta vontade   
Tô rouco   

O barulho que há por lá   
É canto de passarinho   
Fumaça nem um pouquinho   
Ar puro   
Prisão nem de brincadeira   
Corrente ou cadeado   
Lá não existe cercado   
Nem muro   

As armas que existem lá   
São os espinhos das flores   
Porém não provocam dores   
Se ferem   
Os valentes cá da terra   
Naquela terra bonita   
Àquela paz infinita   
Aderem   

Lá não se anda de carro   
Passeia-se de mãos dadas   
Mesmo longas caminhadas   
Não cansam   
E à chegada da noite   
É uma só alegria   
Cantam linda melodia   
E dançam   

Lá não há fome nem sede   
Não há doença nem guerra   
É o meu sonho de terra   
E sonhei   
Mas em toda aquela paz   
Ouvi um tiro, um grito   
Saí correndo aflito   
Acordei   
   



   
 

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Chico Calda
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  MULHER CONTINENTAL 
Você mulher, meu continente americano   
Pelos dois lados da linha do Equador   
Tropicaliente aqui do lado de baixo   
Inteligente quando lá em cima estou   

Tuas montanhas, teus vales e enseadas   
As tuas praias eu pretendo conhecer   
De Norte a Sul encostas, curvas, lombadas   
Em tuas fontes me saciar de prazer   

Minha viagem é de cima que começa   
Em hollywood pela luz do teu olhar   
Chego a Cancun arfante da caminhada   
Em tua boca vou minha sede matar   

Recuperado prossigo no meu roteiro   
Mais apressado pra no Caribe chegar   
Entre teus seios repousar minha cabeça   
Em noite limpa para a lua apreciar   

Estrada afora continuo caminhando   
Próxima parada: a Ilha de Marajó   
Na noite morna e tropical brasileira   
Em teu umbigo vou dançar um carimbó   

Do meu destino já estou me aproximando   
Você já sabe disso eu tenho certeza   
É pra lá mesmo que estou me dirigindo   
Quero fazer minha festa em Fortaleza.   
   



   
 

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Chico Calda
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SONHO DOURADO
Os raios do Sol nascente   
Sobre o mar refletidos   
Lembraram-me lantejoulas   
Do pano de seu vestido   

Vestido que ela usara   
Na noite de reveillon   
Da mesma tonalidade   
Lembro, era o seu batom   

Assim como os seus cabelos   
De marcante tom de louro   
Confundiam e ofuscavam   
Seu lindo colar de ouro   

Era um conjunto perfeito:   
Mulher, vestido e colar   
Circulando nos salões   
Com o mais suave andar   

A todos iluminando   
Com o brilho de seu olhar   
Do meu canto observando   
Me pus com ela a sonhar   

Sonhei com o seu amor   
Sonhei com seus beijos loucos   
Sonhei com os seus carinhos   
Com os seus gemidos roucos   

Sonhei com os seus abraços   
Sonhei ser seu homem amado   
Parou a música acordei   
O baile era terminado   

Sonho ou realidade   
Se me perguntam, não sei   
Mas por aquela mulher   
Do sonho me apaixonei.   
   



   
 

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Chico Calda
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  CHORA, CRIANÇA
Chora a cantiga, criança   
Chorar é o teu cantar   
Chora a partida do pai   
Que foi pra não mais voltar   

Chora teu futuro incerto   
Chora a certeza da morte   
Chora por não ter um lar   
Chora tua falta de sorte   

Chora a cola cheirada   
Que te dá uma ilusão   
Chora o chefe da quadrilha   
Que um dia te fez ladrão   

Chora por teus governantes   
Chora por não teres cama   
Cora o policial   
Que já te botou em cana   
Porque pra matar a fome   
Furtastes uma banana   

Chora de fome, criança   
Esperança do Brasil   
Chora a morte da mãe   
Que um dia te pariu   
Chora a vergonha da Pátria   
Que a ti não acudiu   

Chora tua adolescência   
Porta da maioridade   
Chora a perda da inocência   
E a’quisição da maldade   
Chora por teu novo título   
Pária da sociedade. 
   



   
 

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Chico Calda
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ZÉ JOAQUIM E FILOMENA  
ELE - Êta! Se não é a Filomena   
          Vê só que bela morena   
          Filha de Zé Genoino   
          Pela beleza deve está namorando   
         Voces inda estão morando   
         No Cipó de Virgolino?   

ELA - Não estou me recordando de você   
           Espere que vou rever   
          Aqui no meu pensamento   
          Mas lhe respondo que não estou namorando   
          E já estamos morando   
          Lá no Saco de Zé Bento   

ELE - O seu irmão, como é que ele está   
          Faz tempo que não vou lá   
          Visitar o Zé Raimundo   
          E a fazenda que ele estava vendendo   
          Vendeu ou está sofrendo   
          Lá, no seu Buraco Fundo?   

ELA - Da fazenda Zé Raimundo se desfez   
          Está fazendo hoje um mês   
          Vendeu pro Zé Alexandre   
          Ele agora está bem feliz da vida   
          Mudou-se com Margarida   
          Estão morando no Pau Grande   

ELE - E agora, já se recordou de mim?   
          Eu sou o Zé Joaquim   
          Feliz por te encontrar   
          E por saber que tu não tens namorado   
          Já estou apaixonado   
          Queres comigo casar?   

ELA - Você parece ser uma boa pessoa   
          Vê-se que não é à-toa   
          E é um moço bonito   
          Com você caso se o meu pai concordar   
          Mas só se puder levar   
          Também o meu periquito   

ELE - Podes levar, eu também crio um bichinho   
          Os dois vão ficar juntinhos   
          Enfeitar nossa casinha   
          Vai ser bonito ver os dois na brincadeira   
          No poleiro ou na cadeira
          O periquito e a rolinha   
 


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Chico Calda
calda@ronet.com.br

   
IMIGRANTE 
Dói-me a lembrança da terra   
Que insisto em me lembrar   
Dói-me a saudade dos bons   
Amigos que deixei lá   

Dói-me a vontade da volta   
Que não consigo evitar   
Dói-me a necessidade   
Que me obriga a ficar   

Dói-me saber que a terra   
Que um dia me viu nascer   
Pelo descaso dos homens   
Não me ajudou a crescer   

Dói-me essa dor tão doída   
Que não consegue passar   
Dói-me a saudade que sinto   
Das terras do Ceará   

Maior, porém, que a dor   
Que sente esse peito meu   
É o amor que dedico   
À terra que me acolheu   

Minha terra prometida   
Minha atual Canaã   
Se hoje te quero muito   
Mais te amarei amanhã   

Teu Sol ilumina mais   
Mais tarde também se põe   
Rondônia que me acolheste   
Te adoto como mãe.


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Chico Calda
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DEMOCRAFOLIA 
Eu posso   
Tu podes   
Ele pode   
Seguir atrás do trio   
Agitando mamãe-sacode   

O carnaval é a festa   
Do burguês e do povão   
Tem o bloco de sujo   
E o baile de salão   
Tem a escola de samba   
Maracatu e cordão   
Também o bloco de trio   
Arrastando a multidão   

Eu posso   
Tu podes   
Ele pode   
Seguir atrás do trio   
Agitando mamãe-sacode   

Não pode é ficar parado   
Por falta de opção   
Empacote a tristeza   
Encha-se de animação   
Vista a sua fantasia   
Libere sua emoção   
Dê o braço a alegria   
E nessa festa pagã   
De pierrot, de colombina   
Folião e foliã   
Pule, cante, ria, ame   
Brinque até de manhã   

Eu posso   
Tu podes   
Ele pode   
Seguir atrás do trio   
Agitando mamãe-sacode.


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Chico Calda
calda@ronet.com.br

   
SENHORA 
Senhora!   
Aos teus pés venho dispor...   
Os meus préstimos   
O meu corpo   
A minha vida   

Préstimos que não prestam   
Corpo que é pó   
Vida, vivida porém vazia   

Vês, Senhora!   
Não sou nada   
Apenas o pó   
Que do pó surgiu   
Mas, dessa  mistura   
Cósmica emergiu   
Um coração   
Que também tem sentimento   

E no lodo   
Do meu negro pensamento   
O fantasma do desejo   
Me assusta   
E conter o meu instinto   
Às vezes custa   
O esforço de uma vida   
Num momento   

Desculpe-me, Senhora!   
A ousadia   
Desses versos que faço   
Sem maldade   
Mas a culpa, Senhora   
É toda tua   

Que entrou em meu mundo   
Feito intrusa   
E o poeta só precisa   
De uma musa   
Como o boêmio   
Do violão e da Lua


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Chico Calda
calda@ronet.com.br

   
TELEPATIA 
Quanto mais longe estou   
Maio é o meu querer   
A distância não existe   
Pois quando quero te ver   
Me transporto em pensamento   
Pra pertinho de você   

E nessa minha viagem   
Lindos paraísos vejo   
São oásis de carinho   
No sonho quando te beijo   
Na minha telepatia   
Satisfaço meu desejo   

Vejo o teu corpo nu   
Banhado em gotas de orvalho   
Vejo teus seios pontudos   
Cheirando a queijo de coalho   
Sou teu valete de paus   
És dama no meu baralho   

Vejo teu sorriso branco   
Iluminando a campina   
Ouço tua voz que imita   
A canária quando trina   
Vejo teu corpo de fêmea   
Envolto em ar de menina   

Derrapo em tuas curvas   
Deslizo em tuas lombadas   
Paro pra me saciar   
Numa fonte sombreada   
No vértice de tuas coxas   
Onde está localizada   

És a estrada mais linda   
Que meu sonho percorreu   
És a mulher mais bonita   
Que no mundo já nasceu   
És toda minha alegria   
E a razão do sofrer meu.


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Chico Calda
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EM LOUVOR DA SUPREMA NATUREZA  
  

A pequena semente que germina   
A bela e imponente castanheira   
O mógno, o ipê, a cerejeira   
Muita coisa pra nós também ensina   
Mesmo sendo assim tão pequenina   
Sua obra é expressão de grandeza   
É arte isenta de impureza   
Monumento e símbolo da floresta   
É da fauna o palco para a festa   
Em louvor da suprema natureza   

A pequena nascente inicia   
Lá distante da foz, nas cabeceiras   
Riachos, igapós e cachoeiras   
É do rio uma parte da bacia   
A queda em cascata anuncia   
Ao longe que ali há correnteza   
Que do peixe cobra toda destreza   
Pra vencer na piracema a subida   
Começando novo ciclo de vida   
Em louvor da suprema natureza   

A pequena lagarta insaciável   
Que a vida vive só para comer   
Necessário pra se fortalecer   
Tornar-se crisálida admirável   
E seguir o curso inexorável   
Da mutação que tem como certeza   
Nova vida surgindo na beleza   
De uma borboleta colorida   
Quadro da primavera bem florida   
Em louvor da suprema natureza   

O pequeno joão-de-barro, construtor   
Que nunca freqüentou a faculdade   
Não conhece o traçado da cidade   
No entanto ante nós é professor   
Sua casa constrói com todo amor   
Em um galho apoiada com firmeza   
Fora rústica, por dentro uma beleza   
Para si, para os filhos, para a amada   
Considera até o lado da entrada   
Em respeito à suprema natureza.


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