Carlos Figueiredo
Cem discursos que contam muita história
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16.02.2003
O especialista em estratégias de comunicação Carlos
Figueiredo revela a importância de governantes, poetas, guerreiros,
santos e profetas, revolucionários, cientistas, filósofos, artistas,
enfim, homens e mulheres que fizeram a história. Através de seus
discursos eles testemunharam momentos decisivos da empolgante
aventura humana.
Poeta, contista, tradutor, redator e especialista em
comunicação, o jornalista Carlos Figueiredo conta que seu livro não
é filho da erudição, mas da necessidade. Seu trabalho inclui a
redação de discursos e artigos, e como ghost writer sentia há muito
tempo a necessidade de referências históricas em português, que
pudessem ser consultadas no calor dos acontecimentos. Assim surgiu a
idéia de compilar 100 discursos de personagens históricos.
Figueiredo diz que para quem escreve textos
políticos, é fácil imaginar a valia de um discurso como o de
Péricles, defendendo, há 2.500 anos, a democracia. A primeira
questão a enfrentar era a definição do que era, de fato, um
"discurso". Ele revela que felizmente o Dicionário Caldas Aulette
veio em seu socorro ao definir discurso como ´expressão de idéias,
de viva voz ou por escrito; arrazoado´. Ele diz felizmente porque,
não fosse assim, teria de eliminar, por excesso de rigor, as peças
que foram incluídas de Camões, Colombo, H. G. Wells, Freud ou
Shakespeare.
O autor se valeu da ordem cronológica a partir da
data de nascimento dos autores para organizar sua lista. Ele não se
baseou apenas na qualidade formal da oração, mas, em alguns casos,
no significado histórico da peça. Ou, então, em um outro aspecto que
tornava o discurso digno de nota, como a eficiência das palavras
proferidas, caso em que o discurso do celta Caractaco é imbatível:
após ter sido condenado à morte pelos romanos, como nos conta
Tácito, nos Anais, ele, com uma fala prodigiosamente argumentativa e
sintética, simplesmente conseguiu inverter a situação, salvando a si
mesmo e a sua família.
Figueiredo levantou centenas de discursos, em mais de
uma centena de livros e outras tantas noites na Internet. Escolheu
aquilo do que gostou. É claro que se valeu da opinião de políticos,
jornalistas, poetas e acadêmicos. Mas diz que isso não os torna
cúmplices de acertos ou erros.
O autor diz na introdução da obra que espera que o
leitor não se perca em academicismos e possa fruir em toda a sua
dimensão a empolgante aventura desses momentos. Alguns de
inenarrável tristeza. Como não se sentir ultrajado pelas humilhações
mesquinhas sofridas por Colombo, dois anos antes de morrer, no
esquecimento e na miséria, em Valladolid?
Figueiredo explica que há na escolha das peças uma
tendência. Incluiu mais oradores brasileiros do que poderia parecer
sensato a alguns. E pergunta: ´Como incluir um discurso de Rui
Barbosa, por exemplo, ao lado de um discurso de Péricles? Porque são
nossos discursos. E, se não os lermos aqui, não os leremos em obras
publicadas em outros países, que, aliás privilegiam sobremaneira os
oradores locais, sem dar a necessária atenção a discursos feitos
alhures.
Figueiredo iniciou seu levantamento na história
antiga, com Tutancâmon e concluiu nos dias de hoje com o atual
presidente dos Estados Unidos da América, George W. Bush.
Entre os extremos o leitor encontrará os discursos de
Moisés, Buda, Péricles, Sócrates, Demóstenes, Hanon, Epicuro, Catão,
Lúcio Valério, Cícero, Lépido, Tibério, Claudio, Sêneca, Jesus
Cristo, Caractaco, Nero, São João Crisóstomo, Santo Agostinho,
Ataulfo, Maomé, Tarik Ibn-Zyad, Carlos Magno, Abelardo, a Magna
Carta, Cristóvão Colombo, Maquiavel, Frei Bartolomeu de las Casas,
Lutero, Hernan Cortez, Camões, Galileu, Shakespeare, Felipe Camarão,
Padre Vieira, Bossuet, Andrew Hamilton, Benjamin Franklin, Vergniaud,
Patrick Henry, Robespierre, Danton, José Bonifácio, Napoleão,
Richard Lalor Skeil, Simon Bolívar, Padre Feijó, Victor Hugo,
Garibaldi, Lincoln, Wendell Philips, Karl Marx, Ortega y Gasset,
Cacique Joseph, Cacique Seatle, Anatole France, Joaquim Nabuco, Rui
Barbosa, Freud, H. G. Wells, Emma Goldman, Gandhi, Lenin, Churchill,
Marinetti, Einstein, Stálin. General Mac Arthur, Getúlio Vargas,
Franklin Delano Roosevelt, Saint-John Perse, Fernando Pessoa,
Chaplin, Mao Tse Tung, Huxley, Norbert Wiener, La Passionária, André
Breton, Gilberto Freyre, Hiroíto, Juscelino Kubitscheck, Tancredo
Neves, Camus, Orlando Villas Boas, Kennedy, Mandela, Betty Friedan,
Tristan Tzara, Luther King, Fidel Castro, Mário Covas, Betinho e
Vaclav Havel.
Em tempo: O livro de CF, Editora Leitura, já está em
terceira edição. Contate o autor se não encontrar em seu livreiro:
figueiredo@globo.com
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