Cissa Oliveira
Dos laboratórios da Unicamp ao
universo da literatura
(in Correio Popular Digital,
em 12/12/2006)
TALENTO
Doutora em genética e biologia molecular, Cissa de Oliveira tem suas
crônicas premiadas
Carlota Cafiero
Na vida acadêmica, Maria Sileuda
Moreira de Oliveira é doutora em genética e biologia molecular pela
Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Na vida doméstica, ela
é mulher forte, migrante da cidade de Boa Viagem, no Ceará, para São
Paulo, onde casou-se e teve sua filha. Na vida literária, ela é
Cissa de Oliveira, novata e promissora escritora, ganhadora do 1
Prêmios Literários da Cidade de Manaus, na categoria crônica.
As conquistas profissionais de Cissa
começaram tarde, mas vieram intensas. Como é comum na trajetória de
muitas mulheres, prorrogou o sonho de realização profissional pela
família. Estudava serviço social quando se casou. Morando de
aluguel, trancou matrícula para que o marido pudesse se formar em
administração de empresas. Aos 30 anos, engravidou. Mais espera.
Aos 36, voltou à faculdade, agora de
biologia, na Universidade Santo Amaro, em São Paulo. Formou-se e
emendou mestrado e doutorado na Unicamp. Durante o doutorado, ganhou
bolsa para estudar biologia molecular no Japão, na primeira viagem
ao Exterior. A vida mudou bastante.
Paralelamente a tudo, Cissa se
dedicava à leitura de poemas, contos, crônicas e romances. A paixão
pelos livros a levou a arriscar os primeiros versos em 2000. Pela
primeira vez, se expressava no papel em forma de literatura. Não
parou mais. Adepta da Internet, é figurinha conhecida de sites e
grupos que discutem e trocam produção literária, como o Pax Poesis
Encantada e Jornal de Poesia.
Hoje, radicada em Campinas, integra
oito antologias de poesia e prosa, no Brasil e em Portugal. "Livro
solo? Nenhum. Os preços altos das editoras é o motivo", diz. Agora,
com o prêmio do concurso de Manaus, ela conquistou a oportunidade de
publicar pela primeira vez um livro só seu, sem custo algum. Deverá
se chamar A Pontinha das Páginas, com as 41 crônicas que enviou para
o prêmio. Aproximadamente 300 escritores, de todo o Brasil, se
candidataram. Desses, 14 foram premiados, em diferentes categorias.
Do Estado de São Paulo, somente Cissa figurou entre os vencedores.
O 1 Prêmios Literários Cidade de
Manaus foi promovido pela Prefeitura Municipal e coordenado pelo
Conselho Municipal de Cultura (Concultura). Cada categoria foi
analisada por três jurados e os vencedores receberão R$ 5 mil em
dinheiro, além da publicação de suas obras pela Editora da
Universidade Federal do Amazonas, a Edua, com tiragem de mil
exemplares, dos quais cem são destinados ao autor.
"Quando recebi o resultado, mal
acreditei. Eu soube do concurso através do poeta Nathan de Castro,
poucos dias antes do prazo limite para a inscrição (em maio).
Recolhi algumas crônicas. Enviei o livro e me esqueci do assunto",
conta.
A autora também escreve histórias
infantis e tem um livro de contos no prelo chamado Voar é Bom.
Atualmente, se dedica a dois novos projetos literários: o livro O
Reflexo do Espelho, releitura da poesia do escritor português José
Antônio Gonçalves (morto recentemente) e o primeiro romance, com o
título Baião de Dois, estilo regionalista, que está no primeiro
capítulo. Tudo feito sem pressa.
A FRASE
"Publicar é quase uma utopia"
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