Clevane Pessoa
A força das mulheres
Nunca é demais lembrar porque em 8 de
março comemora-se o DIA INTERNACIONAL DA MULHER. Em Nova York, as
operárias uma fábrica de Cotton reivindicaram uma jornada de
trabalho menor. Queriam trabalhar menos horas. Como se sabe, a
jornada operativa das mulheres, é dupla. Põem o pé em casa – e já
tem início toda uma infra-estrutura a ativar: lavar / passar /
cozinhar, ensinar tarefas escolares, arrumar, educar e... cumprir as
“obrigações sexuais”, senão, é um “Deus nos acuda”. Hoje,
felizmente, com o advento da pílula anticoncepcional, descobriram
que tinham direito ao prazer, que a sexualidade não existia apenas
para a procriação...
Mas voltemos à data e questão. Os
patrões simplesmente mandaram atear fogo onde estavam as rebeldes
grevistas. Assim consta. Morreram queimadas. As que trabalhavam para
sustentar ou ajudar a sustentar a casa, os filhos... As que tinham
lá a convivência de uma história de amor, deixando os companheiros
sozinhos... As mães, cujos filhos as estavam aguardando em casa, com
a ansiedade das crianças cujas mães saem todos os dias, e elas
esperam que voltem – mas nunca têm absoluta certeza (no consultório,
em ludoterapia estou sempre testando essa angústia infantil,
ajudando a curar as psicossomatizações... com a violência humana de
hoje, então – “o ladrão pode matar a mamãe, que é auxiliar de
enfermagem e sai tarde do trabalho...” “minha mãe tem que trabalhar
para me dar as coisas” “eu quero ir junto, mas não posso...” “ela me
disse que agora que ela e papai se separaram, vai trabalhar nos
Estados Unidos e vou ficar...” “Tenho medo que...”... São dores
legítimas, temores justificados... E os que não sabem falar,
desenham, modelam, choram)...
Fico pensando naquelas que estariam
grávidas... A morte multiplicada no corpo, como digo num poema. Nas
que ainda iam iniciar a vida em comum, nos intervalos e folgas, a
coser, bordar o enxoval... Nas que tinham um pai, mãe, avós idosos
tão dependentes delas quanto crianças...
Trabalhei na Casa Abrigo Sempre Viva,
que a Prefeitura Municipal mantém. Mulheres assustadas, ali
escondidas com seus filhos, a quem reensinávamos a re / viver, a se
re / conhecer, tão perdidas de si mesmas e assustadas estavam. Havia
quem apanhasse porque penteava os cabelos – uma vaidade, um pecado,
sentenciava o algoz.. Quem tinha de “suportar” o marido drogado de
pé, contra a parede, enquanto amamentava um bebê. Sem carinho, sem
desejo, objeto de uso! Quem poderia, a qualquer momento ser
assassinada – como queima de arquivo, já que o companheiro era
traficante... As vítimas de delírio celotípico (o monstro do ciúme,
injustificado, a torturar mental e fisicamente)... As casadas com
adúlteros machistas, que batiam nelas enquanto paparicavam amantes.
Os maus, os monstros, os doentes mentais...
Mas mulher se refaz de si. É forte,
corajosa e bela. Como a Fênix mitológica, grega, que renascia das
cinzas, mas bela. Ou como a Fênix japonesa, bicando o peito num
período de seca, para alimentar, com o próprio sangue os filhotes a
piar nos ninhos...
A mulher antiga tinha a intuição
altamente desenvolvida. Via, com os olhos da alma. Preparava
remédios fitoterápicos. Fazia partos. Amparava tantos os que nasciam
quanto os que morriam. E continuava amparando os que viviam.
Na Inquisição, taxadas de feiticeiras
e torturadas barbaramente, morriam pelas dores, por ataques
cardíacos, por cansaço, pelo fogo, enterradas vivas, desarticuladas.
Passaram às demais, a noção de PERIGO. Era perigoso ser
mulher.
E, na ampulheta do tempo, longo tempo
se passou, para escoar a areia, até que hoje, todas querem se
renovar, se empoderar. Na moderna Wicca – a ciência do natural –
recuperam o perdido...
Este escrito hoje, é para homenagear
a vocês, MULHERES, e lhes desejar LUZ para que jamais sucumbam nem
permitam que lhes seja roubada a sua extrema FORÇA. VOCÊS PODEM.
Pensem nisso.
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