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Dimas Macedo


 

Rosa Firmo Bezerra

 

 

A inquietação criadora, no curso da história, sempre pareceu um atributo dos varões mais afortunados. Mas não é. Uma coisa é a inquietação e a riqueza interior do sujeito; outra, bastante diferente, são as suas formas de expressão na sociedade.

Mulheres turbinadas, contudo, sempre existiram. E existiram para todos os gostos. Safo de Lesbos, na idade antiga, e as mulheres fortes do Antigo Testamento, entre elas Rute e Ester, sempre me pareceram exemplos de almas femininas que se extravasaram a partir do cadinho da inquietação.

Não vou aqui falar das escritoras ou de seus engenhosos recursos criativos, mas trago para discussão justamente a figura de uma mulher de talento, que fez opção pela escrita como forma de superar a sua inquietação criadora. Seu nome: Rosa Firmo Bezerra. Sua façanha principal, até hoje: haver escrito e publicado Nobreza de Uma Mulher Sertaneja (Fortaleza, Imprensa Universitária, 2002).

A que aspira Rosa no momento? Revelar-se como poetisa. O que pretende fazer no futuro? Publicar a história do Distrito de Quitaiús, encravado no município de Lavras da Mangabeira/CE. O que é fundamental? Que o faça realmente e que continue, é claro, explorando os seus amplos recursos criativos.

Tive o privilégio de fazer as orelhas do livro de estréia de Rosa. O que ela me confere no momento? A honra de escrever o prefácio do seu livro – Chuvas de Verão (Fortaleza, RBS Editora, 2005), que compreende a sua estréia como poetisa.

E por onde começo? Louvando, lógico, a sua coragem de editar seus primeiros poemas, que são densos e recortados de cuidados com as palavras e com os devaneios da imaginação. Poemas primitivos, ainda, pois se trata de um livro de estréia, mas poemas responsáveis e proveitosos, brotados da pena de uma mulher que é professora. E que sabe ser pedagoga também.

Aliás, a pedagogia e a teologia de orientação comunitária são os campos privilegiados da sua formação acadêmica e do seu tirocínio profissional. Missões difíceis, por certo, estão confiadas a Rosa, porém nobres e elegantes, em primeiro lugar. Em princípio porque investem prioritariamente no homem e na sua formação moral e espiritual. E isto já diz quase tudo da sua indiscutível grande formação no plano da cultura.

Falo agora no seu livro de estréia no campo especificamente literário. Atenho-me aos seus poemas com toda a atenção possível. Vejo que os mesmos estão catalogados sob a rubrica de diversas temáticas. Mas isto não importa, porque na arte literária (propriamente dita) o que faz sentido mesmo é a engenharia com que o escritor empilha as suas palavras prediletas, as suas ausências e obsessões, as suas compulsões e os seus desvios, os seus afetos e as suas singularidades.

Rosa, no caso deste livro, demonstra conhecer as regras desse jogo, sabendo, pois, surfar no rio da poesia, com a desenvoltura e o talento que lhe são inerentes. E que são consangüíneos, também, dos valores mais elaborados da sua nobre vocação.

Tive o privilégio de ler os poemas de Rosa em primeiro lugar. E em primeiro lugar quero dividir o prazer com o leitor. Quero com ele partilhar os poemas de estréia de Rosa Firmo Bezerra como poetisa.

 

 

Prefácio do Livro

Chuvas de Verão,

de Rosa Firmo Bezerra.

Fortaleza, 22/02/2005.


 

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