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Elaine Pauvolid 

 

Delaroche, Hemiciclo da Escola de Belas Artes

Poesia:


Ensaio, crítica, resenha & comentário: 


Fortuna crítica: 


Alguma notícia da autora:

 

Octavio Paz, Nobel Michelangelo, Pietá

 

 

 

 

 

Poussin, Rinaldo e Armida

 

 

 

 

 

Elaine Pauvolid


 

Bio-bibliografia (por ela mesma):

 

Sou poetisa. Publiquei meu primeiro livro em agosto de 98 pela Imprimatur/ 7 Letras. Tenho 3 livros inéditos nas mãos de várias editoras para análise: Trago (poesia) com prefácio do poeta Gerardo Mello Mourão, Interiores (poesia) com prefácio de Wilson Figueiredo e Colchão Velho (contos) com prefácio de Simone
Ostrowski (escritora e ensaísta do JB e do jornal da ABL). Sou ensaísta da Revista virtual de cultura Agulha, colaboro constantemente com resenhas literárias para o Jornal do Brasil, para O Globo, para o Jornal do Commercio.

Sou cronista do jornal Notici@l de Niterói, participo com freqüência do circuito carioca de poesia, já tendo recitado no Panorama da Palavra, Ponte de Versos e Casarão Hermê, principais pontos deste circuito. Nasci sob o signo de sagitário em 19 de dezembro de 1970 e sou carioca.

 

Poussin, Rinaldo e Armida

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Tintoretto, Criação dos animais

 

 

 

 

 

Elaine Pauvolid


 

Acabar comigo


“-Mesmo os grandes homens só são verdadeiramente reconhecidos e homenageados depois de mortos. Por quê? Porque os que elogiam precisam se sentir de algum modo superior ao elogiado, precisam conceder. (...)”
Clarice Lispector, Perto do Coração Selvagem.


A mais estranha sensação
repete-se incansavelmente,
um ente encrostado em mim.
Penso em matar-me.
Como num samba
de Paulinho da Viola,
acabar comigo.
O ente cansado de estocar-me –
que me parece, os demônios também se cansam;
sem perceber encosta-se, ouve comigo
frases soando enigmas.

Vejo o rosto de coração,
olhos rasgados de um país distante,
a mulher preocupada com os filhos.
Em me matar incansável e subrepticiamente.
Escuto, decido, ao invés do tiro,
Pegar um livro.
 

 

Tintoretto, Criação dos animais

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Thomas Cole (1801-1848), The Voyage of Life: Youth

 

 

 

 

 

Elaine Pauvolid


 

Diálogo


Sinto-me grafiteira pichando o muro de sua sensibilidade.
Daí, ouvi um estranho diálogo em mim:
“Elaine, pare de escrever bobagens.
Você já parou e pensou que as pessoas lerão isso e farão imagens a seu respeito?"
"Imagens errôneas decerto."
"Elaine, pare com isso."
"Para quê, Pauvolid?"
"Deixe-me fora disso.
Sou um intelectual autodidata que em tudo vê beleza."
"Então, é você, Pauvolid, que anda mandando a Elaine, pobrezinha, escrever aquelas
inúteis e infundadas sílabas pseudo-poéticas?"
"E se fosse, o quê, você, senhor gélido pederasta, iria fazer?"
"Vejo preconceito."
"Preconceito? Chamar-lhe do adjetivo devido ofende-lhe os brios?
Quem tem preconceito aqui, amigo?"
"Pauvolid, você pode ser bom nas palavras, mas não sabe nada da vida"
"É mesmo?
E, você, que sabe fazer, além de ler o segundo caderno, escrever seus versos
mórbidos e vazios?"
"Nunca me intitulei poeta"
"Porque não é."
"Pauvolid, você é mesmo um arrogante vil pretensioso...
Mas o amo."
"Ah, pare com isso, leitor."
 

 

Thomas Cole (1801-1848), The Voyage of Life: Youth

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Jean Léon Gérôme (French, 1824-1904)

 

 

 

 

 

Elaine Pauvolid


 

Não lhe pedi nada


Não lhe pedi nada,
nem que foste comigo,
nada.
Permaneço nesta cadeira de madeira, planando.
Enxuga os teus olhos destas terríveis lágrimas.
Enxuga teus olhos destas mágoas.
Queres meu lenço mágico?


 

Jean Léon Gérôme (French, 1824-1904)

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Poussin, The Exposition of Moses

 

 

 

 

 

Elaine Pauvolid


 

Mariposa


Clips metálicos entre chão e parede,
mariposa discreta
entre nervuras dum pesado tecido de noiva,
cama quieta, distante.
À noite, a testemunha de um cômodo deserto.

 

Poussin, The Exposition of Moses

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Goya, Antonia Zarate, detalhe

 

 

 

 

 

Elaine Pauvolid



Nós


Quem sou, senão o misto de uma centena de gentes que correm?
Sou esta velha mineira,
ou a velha judia comunista?
Sou a filha da Ucrânia
ou a da França?
Tenho os traços da Itália, da Alemanha?
Sou a que guarda imagens da Guatemala,
de Espanha, do Peru e da Urca,
que não se define.
Gozo com Piazzola a entrar em mim
e o Villa entendo
quando ouço Cartola.
Tremo quando ouço falar em tortura,
estremeço diante da Copa.
Orgulho-me de Leila Diniz, de Elis.
Falo mal minha própria língua
e admiro Tolentino,
ou uma atriz de teatro idosa
quando tão bem a utilizam.
Divirto-me e aprendo com Jorge Amado,
compartilho da alegria autêntica de Caetano,
Meu queixo cai enquanto Paulo Coelho escreve.
Assisto a tudo isso
e tento esboçar o que percebo.
Conseguem escutar o que digo
quando escrevo-lhes poemas?
Espero que sim;
Que não esteja
falando para mim mesma.

trago-o,
fim
 

 

Goya, Antonia Zarate, detalhe

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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SB 19.04.2023