Jornal de Poesia

 

 

 

 

 

 

 

Eleuda de Carvalho


 

O protegido de Mecenas
 

O Povo, Fortaleza, Ceará, Brasil

 

Virgílio viveu quando Roma estava no auge de sua expansão: havia conquistado os povos bárbaros da Europa, inclusive a insubmissa Gália, dominava todo o Mediterrâneo, destruíra Cartago e ocupava a Galiléia

 

Publius Virgilius Maro, no latim, ou Públio Virgílio Marão, em português, nasceu na vilazinha de Andes, perto do porto de Mântua, na Gália aquém dos Alpes, no ano 70 antes de Cristo, sob o império de Augusto. Era de família rural mas teve condições para dedicar-se aos estudos, primeiro em Cremona, depois em Milão, completando sua formação em Roma. Formou-se advogado, mas se desilude, por timidez e modéstia, das lides nos tribunais. Prefere dedicar-se à escrita, no sossego do seu lar campestre.

No ano 41, perde suas terras, desapropriadas pelo general Antônio, que as entrega aos soldados veteranos das guerras de conquista. Virgílio vai à Roma e, no fórum e nas tribunas, protesta e exige de volta seu patrimônio. Conta com o apoio do político e também escritor Asínio Polião e consegue reaver seus bens. No tempo em que passou na capital do império, conhece Otávio, o futuro imperador, além do preceptor e conselheiro do príncipe, Gaio Mecenas, que se revelará um protetor das artes e dos artistas, em especial, de Virgílio. O nome de Mecenas passaria à posteridade como sinônimo de benfeitor das artes.

Entre os anos de 37 a 29, vive em Nápoles. Lá, seus modos delicados lhe valeram o apelido de Parthenias (mocinha ou donzela). Em Nápoles, com o estímulo e a proteção do seu amigo Mecenas, Virgílio publica as Éclogas, poema inspirado na Idade de Ouro da época de Augusto - esta em que ele vivia, e as Bucólicas e Geórgicas, conjunto de versos idílicos que falavam de um modo de vida pastoril e simples - o oposto da agitada urbe imperial. A pedido de Mecenas, Virgílio escreve um longo poema sobre a agricultura, em quatro livros. No primeiro, trata do cultivo dos campos, incluindo um calendário do lavrador e os diversos sinais do tempo para o bem plantar. (Séculos e séculos depois, esta obra de Virgílio servirá de inspiração aos famosos Lunários Perpétuos, almanaques ainda hoje feitos nos sertões do Nordeste brasileiro).

Ainda em Nápoles, Virgílio começa a escrever o seu poema magistral, a Eneida, num trabalho que lhe tomou os últimos dez anos da vida. No ano 19 viajou para Atenas, onde, sob o influxo da memória de Homero, intentou concluir e revisar a Eneida. O imperador Augusto também foi a Atenas e lá pede ao poeta que regresse a Roma. No dia 21 de setembro deste mesmo ano, no navio imperial que o conduzia, na altura de Brindisi, após breve doença, Virgílio morre. Consta que ele pedira a dois de seus amigos, que haviam ficado com os originais da Eneida, para destruir o poema, caso ele nunca mais voltasse a Roma.

Felizmente, os amigos não cumpriram o seu desejo. (Eleuda de Carvalho)

 

Publius Virgilius Maro

Leia Públio Virgílio Marão

 

 

 

 

 

03.08.2005