Nadificação
do ser
Nada pensar
Nada querer
Mata eu, ego
profundo
Sê livre,
Até mesmo da
busca
Sê livre de
liberdade
De escudos,
correntes
Nada, tudo
Uno,
múltiplos
Som único
Silêncio
absurdo.
Tanta gente
no mundo
Tantas almas
lançadas a esmo
Tantos deuses
secretos
Tantos deuses
únicos
Tanta
unicidade pluralística
Tanto de tudo
Tudo de
tanto...
Estou lançada
no mundo
Alheia,
dispersa
Fragmentos
refletidos
Nada tem,
nada são
Estou lançada
no mundo
Observatório
complexo
Ecos
refratários
Todos
concretos,
Estou lançada
no mundo
E o tempo a
voa
E o tempo a
toa
E eu mesma
ressoa...
Sabiá sabia
cantar
Pensou por um
tempo
Passou mais
um tempo
O tempo já ia
E sabiá nem
pia.
Trancar com
grades de ferro
A liberdade
da casa própria
Todo mundo
quer
Casa, comida,
prazer.
Trancar na
cabeça o pensar
Quem cala,
consciente?
Todo mundo
vestido
A nudez
encoberta
Das vergonhas
já reveladas
A hora não
dita do tempo que passa
As idéias
moventes
De tudo, de
nada
Caleidoscópio
Calei
Dos...
Copio
Copiou?
Passar pela
vida em vão
Pelo vão que
a vida oferta
Pelo pão que
nasce da terra
Passar pela vida sem sabe-lo
Se é vida, se é morte.
Se todo broto
Nasce, cresce e morre.
Por entre pedras coladas
Os edifícios
Tantas palavras
Perdidas de seu réu
Tantos acusados
Perfeito (e) bandidos
Tudo emaranhado
O dia trancando o verbo
Minha necessidade verborrágica
Pode romper as paredes
E desaguar
Meu tempo de silêncio
Parece criar mofo na língua
Fumaça, concreto, buzina
Quanto tempo sobra pra ser tu
Nós que temos sido só isso?
Arranco as máscaras
Não sou perfeita
Sou carne e osso
E quando morrer...
Apenas fermento pra terra comer.
Fui vista nua,
Meus defeitos à mostra em meio à
sangria
Meus exércitos, todos, faliram
Armas ao chão.
Não quero mais ir a Passargada
Bebemorar Drummond em seu centenário
Quero ficar em casa exorcizando minha
histeria
Minha sede por dentro
De tanto ar, de tanto mar
Estou sufocando
Abram as janelas!!!
Sou aquela que não tem amor,
Aquela que não tampou a ferida
Que não fingiu sua dor
Quero, antes, matar no corpo
Todos os desejos da alma
Corrompida.
Abram as janelas, estamos parados
dentro da caverna.
Horas falidas
Caíram no vão da vida
O ar me entorpece
As pessoas me trazem cansaço
A palavra perdeu-se
Solitária
Consumiu o verbo e pecou com
imagens...
Estou enxergando os homens
como eles são...
pele, ossos e receios.
Quanto vale o homem que ria?
O paletó no cabide
No bolso cardíaco
Lenço guardado
Fios trançados...
Quanto vale os risos trancados?
À cabeceira
Fotos antigas
Amareladas pelo com passo
(que passado!!!).
No tempo anterior que o riso valia
Mais que os trapos
Todos largados
Pelo homem que ria.