Parabéns pela entrevista. Pau foi
pau e pedra fez-se pedra. Gostei quando vc citou Castro Alves como
o gênio da língua. Claro que cada um tem a sua lista. O fugir dos
"ismos", também, me pareceu perfeito. Há poetas geniais em todos
os tempos e em todas escolas. Alguns se fizeram, profeticamente,
visionários, carregando o Código Genético/ Cultural de toda uma
raça: Mílton, Dante, Patativa.
Creio, também, que não se deve ler a
crítica para eleger nossos poetas favoritos. Poesia é muito mais
para se sentir do que para se compreender. Eu, por exemplo, adoro
um poeta já um pouco esquecido: Guilherme de Almeida. Gosto dos
modernistas que mantiveram um pouco o ranço parnaisano.
Na verdade, imagino que a gente
gosta sempre daqueles poetas que falam a nossa linguagem poética
própria e intransferível. Admiro, por exemplo, imensamente o
Drummond, mas não o leio com frequência e nem me vejo a decorar e
recitar os seus versos. Talvez o ache um pouco burocrático, não me
apetece uma poesia que não é uma extensão clara da vida do autor.
O Vinícius tinha esta força: sua poética era uma clara
extensão da vida, talvez , por isto mesmo sua obra tenha tantos
altos-baixos, num relevo que é bem próprio da existência de
qualquer um. Rimbaud, Verlaine, Leminsky, Maiakovsky, Bandeira,
Ana Cristina César faziam também das suas fraquezas/conflitos
uma energia estranha, mas encantadora. Gosto imensamente do
Leminsky, para mim, o maior poeta brasileiro da sua geração: o
verso curto, a síntese difícil, o humor de navalha.
Na minha visão tosca de amante da
poesia, considero Fernando Pessoa o maior poeta de todo o Século
XX e imagino que ele assim seria considerado se escrevesse em
língua inglesa ou francesa. Os heterônimos são uma invenção única
e genial; o meu preferido é Alberto Caeeiro. O Manuel de Barros ,
também me parece um poeta extremamente original e o José Paulo
Paes é também dos meus favoritos. Há uns 20 dias comprei um Livro
de Mário Chamie (Caravana Contrária), numa promoção e acheio-o
sensacional. Veja este: