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Do livro BREVE ARODo livro BAÚ DE MASCATE Do livro HAMLET: OS CONVIDADOS À TRAMA ALGUNS POEMAS AVULSOS
RECEITA Eu preciso é de chorar;
AUTO-RETRATO Esta ruga, no lado esquerdo do nariz,
Não sei bem se fiz-me noite ou me fiz morte.
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ROTEIRO BANAL Cheguei a este mundo feito
um bobo:
Ando por este mundo feito
um bobo:
Vou sair deste mundo feito
um bobo:
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VELHICE De repente, sem combinar
nada comigo,
Agora descubro
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POLONIUS “This above all” (ato I, cena III) Quando a noite é o
dia do poder,
Quando as anciãs virtudes
se transformam
Quando a verdade de hoje
se esconde na tragédia grega
Quando é incerta a
sucessão secreta e, da rainha,
Quando é preciso se
ler nos olhos do rei
melhor teria sido o exílio
trabalhoso
porque é tempo de
tirania!
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LAERTES
“This nothing is more than matter”
Para o nada me deram livros
Com que coisas constroem este reino? Mentiras, as verdades de
há pouco;
E ao povo, como sempre,
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CONTABILIDADE
Para Osmard Andrade Faria
Quantos Goethes, quantos Schillers,
Quantas Lourdes, quantas Fátimas,
Quantos Einsteins, quantos Sabins,
Quando, adultos, riremos, por fim,
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HIPOCRIVARDIA
Albert Einstein sabia
Schrödinger estava consciente
Teilhard de Chardin estava convencido
Aparentemente, não há jeito...
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FIM DO MEDO Dá-me tua mão, irmão,
Vê, tudo é os medos com que nos temos apavorado
Desveste a angústia.
Não te passo lições fáceis,
envolve com amor eqüidistante este viajado e dolorido pedaço
de ti.
Podes apressar ou retardar, não impedir,
Ajuda a abrir o portal.
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PAISAGEM COM ACENOS
Para meus amigos, representados por
Confesso: foi sempre um tempo palpitante.
Dialoguei com passarinhos na língua dos mariscos;
Amei despudoradamente o mar,
Cães aceitaram-me, como igual, em sua confraria;
Tantas vezes, sozinho, escapuli do casulo do sono
Têm sido tantas as faces, tantos os gestos do Amor irmão,
Daqui a pouco
Obrigado, amigo, por ser parte deste tudo,
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