Jorge Pieiro
Seita noir
A idéia das
meninas era bem diferente. Quanto menos, melhor.
Todos os dias
elas investiam em tipos solitários das noites de Las Vegas.
Aproximavam-se deles, ganhavam confiança e desejos e, sem titubear,
alimentavam esperanças na cabeça deles. Aquela noite fora diferente.
As meninas
retocavam os lábios no toalete, deixando os caras extenuando idéias
e minhocas. Eles já admitiam aquela morte, convencidos de
felicidade, enquanto tragavam a gole o uísque lento trazido por
Armstrong, sempre no mundo da lua.
Belas e lívidas,
as meninas deixavam impressos seus lábios de batom em suas taças de
gin, embutindo um cúmplice sorriso.
Ao longo da
discussão, a inevitável dama entre eles bebia invisívelmente nas
palavras dos casais expostos. E ali ela experimentava o propício
instante de realizar-se. E, comumente, dava-se o diálogo:
—Você esta
pronto?
—Não duvido
mais.
—Vamos?
—Sem deixar
pistas, apenas a dúvida para sempre...
Então, as
meninas aplicavam ar nas veias dos caras. Depois eles eram
encontrados despidos e debruçados, um sobre o outro, numa cama de
hotel. E certamente, as meninas repetiam:
— Menos dois,
Mena...
— Menos dois
Lana...
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