Mais de 3.000 poetas e críticos de lusofonia!

Márcio Catunda 

Andreas Achenbach, Germany (1815 - 1910), A Fishing Boat

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 



1.
Livros de inteiro teor, não sei quantos, é só clicar

2. Poesia:

 


3. Ensaio, crítica, resenha & comentário: 


4. Fortuna crítica: 


5. Contos:


6. Alguma notícia do autor:

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Bernini, Apollo and Dafne, detail

 

Leonardo da Vinci,  Study of hands

 

 

 

 

 

 

 

 

Mais de 3.000 poetas e críticos de lusofonia!

 

Márcio Catunda

 

 

 

 

FERNANDO PESSOA NO ALTAR DA PALAVRA

 

Regressou de Durban a Lisboa, aos 16 anos, 
 com o malogrado o fito de se matricular 
no Curso Superior de Letras.


Dissipou a herança da avó paterna,
numa tipografia que foi à bancarrota.


Abandonou-se à solidão visionária.
Via, sob o luar, da Graça ou de S. Pedro de Alcântara,
o colorido tranquilo da cidade.


Experimentava estados de alma.
O Destino, maior que o Tejo,
dera-lhe, claro abismo,
o rio da passagem das horas.


Forjou a utopia mística da Pátria:
o Quinto Império, com Dom Sebastião
cingido pelo Diadema do Cristo,
em madrugada de celestial grandeza. 


A realidade ambiente o impelia a sondar
os limites da condição humana.
Matou-se, em Paris, Sá Carneiro. 
Mataram Sidónio Pais no Rocío. 
O povo reagia por instinto coletivo.


À beira-mágoa, sob a chuva oblíqua,
restava-lhe desdobrar-se em máscaras,
de múltiplas reflexões.
Um triste compêndio teceu, 
no desassossego das tarefas repetitivas, 
vigiado por um chefe de ideias estreitas.


Fez-se Alberto Caieiro, cidadão de província,
panteísta, andarilho dos bosques de Sintra,
percebendo o mundo com naturalidade. 
Mestre de si mesmo. 


Satisfeito com metafísica de não pensar,
porque nada se interpunha entre as coisas e seu olhar. 


Fez-se Álvaro de Campos, 
passional, afirmativo até na negação,
refugiado na metafísica do cotidiano,
extravasando excessos irreprimíveis.


Fez-se Ricardo Reis, horaciano, 
perplexo ante a mutação de tudo 
e a precariedade das percepções. 


Imerso na serenidade e no despojamento.
A taça de vinho à mão, deitado junto a Cloé, Lídia ou Neera,

eludindo a sombra ameaçadora do tempo.


Era um Fernando, entre pessoas,
emissário de um Deus
de onde a vida dos seres acontece.


Não nascera para conservador da Biblioteca de Cascais,
mas para exegeta de sua própria instabilidade.
Nada impedia o seu meditar desiludido.


Nem Ofélia Queiroz, a ceifeira,
orlada pela inconsciência e pela consciência. 


Nem a vaga náusea do sossego da noite.
Inadaptado à vida, sacrificou-se no altar da palavra.
Extravasou-se na verdade imaginária.


Encheu a velha arca de manuscritos,
no breve encanto da vida. 


Cavaleiro monge, a cismar no mar,
perdido nos píncaros do segredo.
Argonauta, irmão do assombro e do êxtase. 


Alma Atlântica, exilada nos campos, 
bebendo angústias na taça do poente. 
Pela virtude da palavra transfigurada, 
desperto, tudo viu além:
incêndios no cataclismo da ânsia, 
sensações nas tardes calmas de tédio. 


Íntimo vigilante de plagas ermas. 


Adorador de sombras imperecíveis. 

Persona, a materialização do seu próprio sonho. 


Eleito pelo mal da desventura.
Cérebro da raça, no mais alto degrau da escada.

 

 

 

Fernando Pessoa, 1894

 

 

 

      

   
 

 

 

 

 

 

 

Franz Xaver Winterhalter. Portrait of Mme. Rimsky-Korsakova, detail

 

 

 

 

 

Márcio Catunda


 

Curriculum bibliográfico:

 

1. Nome: Márcio Catunda Ferreira Gomes. Nascimento: 22.05.1957 em Fortaleza - Ceará.

2. Formação: Faculdade de Direito – Universidade Federal do Ceará,  1979. Instituto Rio-Branco – Brasília, 1985. Ingressou na Carreira     Diplomática em 1985. Faculdade de Letras - CEUB – Brasília, 1989.

De 1991 a 1994 residiu e trabalhou em Lima - Peru, como secretário da carreira diplomática, na Embaixada do Brasil sediada naquele país. De 1994 a 1997 desempenhou a função de Cônsul-Adjunto no Consulado-Geral do Brasil em Genebra - Suíça. Excerceu, de 1998 a 2000, a função de Conselheiro na Embaixada em Sófia - Bulgária. Atualmente está lotado na Embaixada do Brasil em São Domingos – República Dominicana, como Conselheiro da carreira diplomática.

3. Bibliografia:
Poemas de Hoje, 1976 (com Natalício Barroso Filho). Fortaleza – Ce; Incendiário de Mitos, poesia. 1980. Fortaleza – Ce; Navio Espacial, poesia. 1981. Fortaleza – Ce; Estórias do Destino e a Pérfida Perfeição, contos e poesia. 1982. Fortaleza – Ce; O Evangelho da Iluminação, poesia. 1983. Fortaleza – Ce; A Quintessência do Enigma, poesia. 1986. Brasília – DF; Purificações, poesia, 1987. Rio de Janeiro – RJ; O Encantador de Estrelas, poesia, 1990. Brasília –DF; Sortilégio Marítimo, poesia, 1991. São Paulo - S.P.; Los Pilares del Esplendor, poesia. 1992. Lima – Peru; Llave Maestra, poesia. 1994, Lima - Peru (com três poetas peruanos); A Essência da Espiritualidade, ensaios, 1994. Lima - Peru.; Poèmes Ecologiques, poesia, 1996. Bellegarde – França.; Ânima Lírica, CD de poemas musicados 1997. Genebra – Suíça; Anthologie Sonore, CD de poemas recitados em três idiomas, 1997, Genebra. - Suíça; Mário Gomes, Poeta, Santo e Bandido, biografia. 1997. São Paulo - SP.; Rosas de Fogo, poesia. 1998. Rio de Janeiro – RJ; Água Lustral, poesia.1998 - Rio de Janeiro RJ; Estância Cearense., Antologia Poetica. 1999. Fortaleza - Ce.; À Sombra das Horas, Antologia. (poemas traduzidos em búlgaro). 1999. Sófia - Bulgária.; Na Trilha dos Eleitos , ensaios. 1999. Rio de Janeiro -RJ.; No Chão do Destino, poesia. 1999 - Vitória - E.S.; Crescente, poemas musicados, 1999 Sofia Bulgaria; London Gardens and other journeys, poesia, 2000, Sofia -Bulgária.; Verbo Imaginário, Antologia (CD com poemas lidos pelo autor). 2000. Sofia – Bulgária; Noites Claras, poemas musicados em CD. 2001 - Sofia – Bulgaria; Mística Beleza, poemas musicados em CD – 2003 – Brasília DF; Rios – Antologia de poemas de quatro autores, (participa juntamente com os poetas cariocas Thereza Christina Motta, Elaine Pauvolid, Tanussi Cardoso e Ricardo Alfaya. Rio de Janeiro, 2003

4. Movimentos Culturais de que participou:

Presidente do Clube dos Poetas Cearenses em Fortaleza, 1975.

Fundador do Grupo Siriará em Fortaleza, 1985.

Residiu no Rio de Janeiro em 1982, havendo frequentado o círculo de reuniões denominado “Sabadoyle”, onde conviveu com Carlos Drummond de Andrade e outros famosos escritores residentes naquela cidade. Em 1983, em Fortaleza, organizou, com outros poetas, o evento denominado "Chuva de Poesia" que se constituiu no lançamento de helicóptero, na Praça do Ferreira (centro de Fortaleza), de 160.000 folhetos com poemas de mais de oitenta poetas cearenses.

Em 1984 ingressou na Associação Nacional de Escritores, de Brasília, passando a estabelecer intercâmbio com escritores de todas as regiões brasileiras. Em 1992 fundou em Lima, Peru, com os poetas peruanos Eduardo Rada, Regina Flores e Eli Martin, o grupo REME, que organizou recitais e publicou livros no período de 1992 a 1994. No período de 1996-1997 participou, em Genebra, Suíça, da Associação de Escritores Genebrinos.

5. Colaboração em Revistas e Jornais:

Publicou poemas, ensaios e contos em revistas e jornais de diversos Estados brasileiros, entre os quais a “Revista da Academia Cearense de Letras”, as revistas “Literatura”, de Brasília, e Literapia, de Fortaleza, bem como os jornais "O Povo", "Diário do Nordeste" e "Tribuna do Ceará", de Fortaleza e "Correio Braziliense" e "Jornal de Brasília", da Capital brasileira, no "Jornal do Comércio", do Rio de Janeiro, no "Suplemento de Minas Gerais", no jornal da Associação Nacional dos Escritores e, além de outras publicações independentes ou alternativas, inclusive eletrônicos, com cujos editores mantém ativo intercâmbio.


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Mais de 3.000 poetas e críticos de lusofonia!

 

 

 

 

 

Márcio Catunda


 

Comentário sobre Olha, Tomé, o teu pássaro foi-se embora!:


 

Caro Soares,
Uma beleza essa versificação do Saramago. Você continua pesquisando
Caravagio, Tentação de São Tomé, detalhe coisas essenciais na arte da palavra.

Da próxima vez que eu for a Fortaleza temos que nos encontrar, de qualquer maneira.

Abraço e grato pela lembrança,

o amigo Márcio.

 

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11/07/2006