Lau Siqueira
Olha Uma Borboleta!
"Cada vez que um poeta cria uma borboleta,
o
leitor exclama: "Olha uma borboleta!"
O crítico ajusta os nasóculos e, ante aquele pedaço
esvoaçante de vida, murmura: - Ah! Sim, um
lepidóptero..."
Mário Quintana
Ao ler os primeiros poemas de Germano Rocha, extraídos de uma
mensagem atachada que recebi dele próprio pela internet, pude também
exclamar (porque não sou crítico): "Olha uma borboleta".
O que eu quero dizer com isso é que diante da poesia de Germano eu
me rendo e contemplo, apenas. A fruição da beleza dos poemas precede
à análise e eu me calo. A memória em convulsões recorre à conceitos
e ironias onde poesia e vida se confundem. Poemas sólidos (não
concretos!), verdadeiros monolitos de palavras. Poemas intimistas,
de forte apelo erótico, as vezes. Cada poema tem a sua lógica
própria. Cabe a nós, enquanto leitores, reinventá-los na
universalidade que, não raro, transcende a palavra. Não há rimas.
Não há formas definidas. Há poesia apenas. Nada que surpreenda nossa
herança modernista. Já dizia também Mário Quintana, "as rimas ricas
acabaram morrendo por falta de recursos". Germano Rocha recorre à
palavra e à vida para construir sua poesia. Este é o fato. Na eterna
busca que é a construção dos seus versos, persegue com precisão
milimétrica a edificação do silêncio que aflora com suas
"estalactites". Por vezes, o poeta mais me parece um pintor (talvez
razão da influência benéfica de sua "alma fêmea", Marília),
recriando imagens do cotidiano. Aquelas que ficam em alguma gaveta
da nossa memória, escondidas, e que quando encontradas se mostram
renovadas, inteiras e renascem no eterno processo de transformação
das coisas.
"O poeta faz linguagem para generalizar e regenerar sentimentos",
diz Charles Sanders Peirce. Em "Estalactites do Silêncio" e nos
poemas que estão expostos ao mundo em sua home page, Germano Rocha
demonstra mergulhar na vida e na linguagem com a mesma intensidade.
Nosso poeta vem, desta forma, ocupar o seu lugar na movimentada
história literária de João Pessoa, um caldeirão sempre efervescente
e revelador de grandes talentos.
Leia a obra de Germano Rocha
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