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Rita Amaral


 
Sobre a obra de Lucas Tenório

 

 

Conheci Lucas Tenório há uns seis anos, quando o Paciência ancorou por um tempo em minha cidade. Lucas demorou a se apresentar e apresentá-lo é tarefa difícil. Ainda mais porque ele não quer ser alguém "apresentável".

Mas vou tentar compartilhar o que sei de importante sobre Lucas. Sei que nasceu no duro ano brasileiro de 1969, e talvez por isso a liberdade de sua alma seja sempre a condição de sua existência e poesia. Sei que foi menino sonhador, que amarrava os sonhos nas asas de libélulas e brincava com eles.

Matava alguns só pra investigar de que matéria era feita a Poesia. Um dia a Poesia amarrou as asas de Lucas para ver de que matéria era feito seu coração. Desde então vivem presos um ao outro pelos versos espelhados de um soneto. Sei que é pernambucano, e vem daí a doçura de açúcar de sua expressão, mesclada à coragem e à solidez flexível de sua estrutura. Sei que a poesia que ele destila embriaga. Seus poemas são do tipo que quanto mais se lê, mais se vê, mais se crê, mais se descobre da arquitetura cuidadosa ou força impressionista com que expressa ou faz de conta seus sentimentos. Sei que tem fases, como as marés. É tímido, mas seguro de sua poesia. Sei que é cruelmente verdadeiro. E verdadeiramente apaixonado. Sei que Lucas é um mosaicista de formas, sons, intensidades. Sei que é um discípulo dos cristais e de sua transparência, delicadeza, luzes e impermanência. Ah, sim: é filósofo e dos bons. Mas talvez a melhor frase pra defini-lo e à sua obra seja a que disse um amigo quando lhe apresentei os poemas dele: "Dá orgulho, até, de ser brasileiro". É isso. Lucas Tenório é um orgulho da poesia brasileira.


Profa. Dra. Rita Amaral - antropóloga
Núcleo de Antropologia Urbana da Universidade de São Paulo