Majela Colares
Janela para o Caos
Sugere Társio Pinheiro em seu livro
Janela para o caos, um roteiro poemático subdivido em três momentos
de sutil simbologia: armadilhas, refúgios e contendas. Com refinada
sensibilidade o poeta se lança de forma espontânea e segura por essa
trilha (simbólica e real ao mesmo tempo) de inquietações mentais
que, queiramos ou não, demarcam o sentido da existência humana. O
verso preciso é a luz reveladora do caminho e das sombras que o
perseguem. Certo de que “poesia é conhecimento, salvação, poder,
abandono...” como ensina Octávio Paz em O Arco e a Lira, a poética
de Társio Pinheiro apresenta-se como a imagem múltipla do homem, em
todos os sentidos, que sente a angústia do existir efêmero, do tempo
decompondo sonhos e precipitando os dias e as noites num vazio
antecipado: “O espelho me chama – o espelho/ garganta de abismo
aberta// – vazio apalpando o vácuo/ entre os desvãos do silêncio”.
Mas as armadilhas, os refúgios e as contendas de que nos fala
Pinheiro não se resumem apenas aos motins e assombramentos
traiçoeiros que atormentam a vida. Vão mais além. Das entranhas do
seu texto poético realça um fio condutor de esperança e crença na
beleza e generosidade humana. Insinua-se, através do poema, algo que
transcende o caos: “O poema/ é sempre um mágico/ à espera/ do breve
sortilégio// O poema/ é sempre um Lázaro/ à espera/ de quem remova a
pedra”. Ainda que sejam poucos os que acreditam na força
transformadora da poesia, a humanidade ao longo de sua história
mostra exatamente o contrário. É em última instância que chega a
palavra poética para dar o verdadeiro sentido ao mundo, às coisas do
mundo. Em Janela para o caos, Társio Pinheiro revela-se um poeta
bastante consciente da grande missão da poesia.
Visite a página de Társio Pinheiro
|