Maria do Socorro Cardoso Xavier
Fortuna crítica:Dr. Adhemar Fernandes Dantas*
Opinião sobre a obra de Maria do Socorro
Cardoso Xavier
Tua poesia é muito boa, há nela
senti mentos, imagens e linguagem poética entrelaçados, coisa rara
hoje em dia. Alguns têm dentro de si a chama, mas não sabem
exprimi-la, falta lhes a carpintaria de uma coisa chamada Poesia,
não conseguem exteriorizar o "bicho" que lhes corrói as entranhas:
seriam os poetas intrínsecos, não têm canais de comunicação, embora
até se comovam lendo o que escreveram que, para eles, soa como uma
música de Bach.
Como disse Gilma Souza, "aceitando
sua própria complexidade, seus medos, seus desejos, suas angústias,
suas necessidades", uma apreciação perfeita essa de Gilma. Há em ti
os contrastes angustiantes, coisas que estão dentro de cada um de
nós, eu me encontrando em alguns dos seus versos.
Poesia que revela a criatura na
eterna procura, ai de quem se proclama senhor absoluto da verdade, o
hoje em moda QE Quociente Emocional), nos leva a pensar num espírito
que cresce no dia a dia, de fora para dentro, nascemos apenas com um
projeto de espírito. E nossa obrigação para com o Cosmo fazê-lo
crescer.
Para fazê-lo, tu te jogas de
encontro aos contrastes, faz-se necessário não propriamente duvidar,
principalmente do que desconhecemos, mas ter dúvidas e questionar.
Tu o fazes. Nenhuma verdade absoluta, nem no amor.E se passou quando
passar, teria sido amor? "Seja eterno enquanto dure, já que se
apaga, posto que é chama", disse Vinícius; se "se apagou é que não
era amor", afirmava Nelson Rodrigues.
Envolvi-me numa discussão, achando
que a dificuldade está na pobreza da língua portuguesa, que nomeia
com um mesmo nome substâncias heterogêneas.
O Amor seria um raio cósmico que
nos atinge. Puro sentimento.
Amor + sexo = amor
absoluto.
Amor menos sexo = amor platônico
(o que pode ser eterno durando sempre);
Sexo sem amor =desejo ou
necessidade de satisfazer uma necessidade
fisiológica;
Sexo por dinheiro= prostituição
(mesmo que seja o famoso golpe do baú).
Para qualquer forma deveria
existir o nome que o qualificasse, sem necessidade de adjetivação.
Tua poesia é uma mensagem bela por ressaltar, em cada um de nós,
mais do que as indecisões o choque entre o raio que desce do céu
para atingir um alvo aleatório e é recebido na terra por uma flor
aberta para as manhãs de luz e para o orvalho das madrugadas.
Perplexa, pois só agora tem conhecimento de que existe a violência
no outro extremo da calmaria que é a planície onde habita, beijada
por suaves brisas e recoberta pelo luar no silêncio das noites.
Assim senti tua poesia. Um grande abraço.
(*) Médico
paraibano, radicado em Campina Grande-Pb; teatrólogo, escritor,
crítico literário, humanista.
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