Mais de 3.000 poetas e críticos de lusofonia!

 

 

 

 

 

Maria do Socorro Cardoso Xavier

 

Fortuna crítica:Dr. Adhemar Fernandes Dantas*

Opinião sobre a obra de Maria do Socorro Cardoso Xavier

 

 

Tua poesia é muito boa, há nela senti mentos, imagens e linguagem poética entrelaçados, coisa rara hoje em dia. Alguns têm dentro de si a chama, mas não sabem exprimi-la, falta lhes a carpintaria de uma coisa chamada Poesia, não conseguem exteriorizar o "bicho" que lhes corrói as entranhas: seriam os poetas intrínsecos, não têm canais de comunicação, embora até se comovam lendo o que escreveram que, para eles, soa como uma música de Bach.

Como disse Gilma Souza, "aceitando sua própria complexidade, seus medos, seus desejos, suas angústias, suas necessidades", uma apreciação perfeita essa de Gilma. Há em ti os contrastes angustiantes, coisas que estão dentro de cada um de nós, eu me encontrando em alguns dos seus versos.

Poesia que revela a criatura na eterna procura, ai de quem se proclama senhor absoluto da verdade, o hoje em moda QE Quociente Emocional), nos leva a pensar num espírito que cresce no dia a dia, de fora para dentro, nascemos apenas com um projeto de espírito. E nossa obrigação para com o Cosmo fazê-lo crescer.

Para fazê-lo, tu te jogas de encontro aos contrastes, faz-se necessário não propriamente duvidar, principalmente do que desconhecemos, mas ter dúvidas e questionar. Tu o fazes. Nenhuma verdade absoluta, nem no amor.E se passou quando passar, teria sido amor? "Seja eterno enquanto dure, já que se apaga, posto que é chama", disse Vinícius; se "se apagou é que não era amor", afirmava Nelson Rodrigues.

Envolvi-me numa discussão, achando que a dificuldade está na pobreza da língua portuguesa, que nomeia com um mesmo nome substâncias heterogêneas.

O Amor seria um raio cósmico que nos atinge. Puro sentimento.

 

Amor + sexo = amor absoluto.

Amor menos sexo = amor platônico (o que pode ser eterno durando sempre);

Sexo sem amor =desejo ou necessidade de satisfazer uma necessidade

fisiológica;

Sexo por dinheiro= prostituição (mesmo que seja o famoso golpe do baú).

 

Para qualquer forma deveria existir o nome que o qualificasse, sem necessidade de adjetivação. Tua poesia é uma mensagem bela por ressaltar, em cada um de nós, mais do que as indecisões o choque entre o raio que desce do céu para atingir um alvo aleatório e é recebido na terra por uma flor aberta para as manhãs de luz e para o orvalho das madrugadas. Perplexa, pois só agora tem conhecimento de que existe a violência no outro extremo da calmaria que é a planície onde habita, beijada por suaves brisas e recoberta pelo luar no silêncio das noites. Assim senti tua poesia. Um grande abraço.
 

 

(*) Médico paraibano, radicado em Campina Grande-Pb; teatrólogo, escritor, crítico literário, humanista.

 

 

 

Da Vinci, Madona Litta_detalhe.jpg

Início desta página

Eduardo Diatahy B. de Menezes