Nilto Maciel
A Rosa Gótica na Quarta Literária
26.02.2003
Cearense de Baturité, Nilto Maciel residiu por 25 anos em Brasília,
devido a compromissos profissionais. Em meio à burocracia excessiva
e a intensa vida pública que rondam a rotina da Capital Federal,
encontrou tempo para conciliar os afazeres com a vocação literária.
Ao todo, publicou 14 obras, sendo um livro de poesias e 13 volumes
em prosa - romances, novelas e contos -, alguns com premiação
nacional
Nesta
quarta-feira, dia 26, a partir das 19 horas, na Livraria Livro
Técnico do Centro Dragão do Mar, Nilto Maciel lança um exemplar
significativo desta trajetória literária: o romance “A Rosa Gótica”.
Na verdade, trata-se de um relançamento. Vencedor do “Prêmio Cruz e
Sousa”, outorgado pelo governo de Santa Catarina, na categoria
romance nacional, o autor teve a primeira edição da obra impressa
pela gráfica oficial catarinense. Uma das exigências do concurso,
contudo, é que a publicação vitoriosa seja distribuída com
exclusividade nas escolas do Estado. Resultado: a obra não chegou às
livrarias.
Acertada a
reimpressão pela editora Thesaurus, de Brasília, Nilto Maciel,
residindo novamente em Fortaleza após a aposentadoria, apresenta aos
leitores seu premiado livro. Trata-se de um romance que recorre à
metalinguagem: contemplando a leitura de um jornal, o narrador
Victor Hugo descobre algo sobre a tradução para o português da
suposta obra “O Romance da Rosa Gótica” tarefa executada por
Lamartine Coqueiro, seu primo. Entusiasmado pela notícia, Victor
Hugo, curiosamente um cearense aposentado que reside em Brasília,
decide reencontrar o parente distante.
O livro se
debruça, portanto, neste esforço, ao mesmo tempo em que deixa o
leitor curioso sobre a existência/veracidade ou não dos episódios
costurados pelo narrador. “Por exemplo, em determinada altura,
Victor vai a livraria para se informar sobre a tradução e descobre
que ninguém conhece o livro. Mas ele se interessa pelo romance e
pelo passado de sua família. Os capítulos são curtos, rápidos, e os
fatos são apresentados de forma nem sempre evidente. Estou jogando
com o leitor - será que tudo existe?”, indaga o autor.
Outra
curiosidade do livro é o nome da dupla central sobre a qual se
concentram grande parte dos relatos. O nome dos protagonistas,
explica Nilto Maciel, não é só uma homenagem pessoal aos dois
famosos escritores franceses. A escolha decorre também do seguinte
fato: como o suposto romance que pontua a narrativa é francês, Nilto
selecionou dois dos mais populares nomes daquele país no Brasil.
O autor não
quis antecipar nenhuma novidade futura. No seu arquivo, encontram-se
ainda inéditos dois romances igualmente premiados: “A Última Noite
de Helena”, vencedor de um concurso nacional organizado pelo governo
do DF, e “Os Luseiros do Mundo”, vencedor do Prêmio Graciliano
Ramos, do governo de Alagoas. Nenhuma edição, no entanto, está
confirmada.
Na mesma noite
de lançamento de “A Rosa Gótica”, Nilto Maciel divulga a 23ª edição
da revista “Literatura”, dirigida, organizada e editada por ele. Há
11 anos em circulação, com periodicidade semestral, “Literatura” é
uma publicação brasiliense que apresenta textos de autores de todo o
País, à venda em algumas livrarias e distribuidoras. A exemplo do
que o título indica, é uma revista exclusivamente literária,
reunindo entrevista com vários autores, textos inéditos - poesias e
contos -, além de ensaios e resenhas. A presente edição traz como
destaque central uma entrevista com o escritor cearense Dimas
Macedo, autor de “Liturgia do Caos” (1996), “Estrela de Pedra”
(1994) e “Lavoura Úmida” (1990), entre outros títulos.
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