Hélio Pólvora
Texto sobre Álvaro Pacheco
Em Álvaro
Pacheco, que publica agora seu quarto livro de poemas, o diálogo
adquire um tom pessoal, confessional - mas o mundo, tal como se
apresenta à sua sensibilidade e aos seus estados de ânimo, é ainda a
matéria das grandes indagações. O poeta conversa consigo mesmo, a
partir do dia em que completa 36 anos, quando descobre: "Já nasci
maduro e mesmo que viva um século e mais trezentos dias ainda
morrerei verde, bem verde". … possível situar a" o cerne da sua
angústia: a incapacidade de passar do desejo à vontade de
participação plena. … nesses instantes que ele vive intensamente os
estados poéticos, sismógrafo e caixa de ressonância, apelo sem
resposta, inquietações e dúvidas que subsistem porque não de todo
desveladas. O poema apenas constata: "Anti-partícula de antimatéria
algures no universo — e o homem necessitando acelerar-se para o
pró-homem, embora exista em cada um o anti-homem". A poesia de
Álvaro Pacheco sacode as asas, frenética, no afã da largada.
Provavelmente a demarragem virá quando a sua capacidade de sentir e
de sofrer, que é grande, casar-se a uma forma de expressão menos
prosaica. Por enquanto "A Força Humana" é o estado inorgânico do
verso.
Leia Álvaro Pacheco
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