Silas Corrêa Leite
“Bia, Olhos Azuis” delicioso livro
para teens e outros leitores
“Dois adolescentes sensíveis que fazem uso
dos próprios medos para vencer os piores
obstáculos(...),que transformam os próprios
fantasmas em porta-vozes de uma nova
realidade(...)”
-Confesso que me apaixonei pelo livro
“Bia, Olhos Azuis” (e sua graciosa personagem principal) obra de
autoria da Tereza Yamashita e do Luiz Brás. Talvez por reflexo de
tantas mulheres em minha família, talvez pela grandeza da alma
feminina que compreendo muito bem e que influenciou sobremaneira o
riscado todo de minha vida de aventureiro atiçado, a Bia me cativou
logo de cara, quero dizer, desde logo, da primeira leitura inicial
do romance juvenil mas que serve para todas as idades.
-Comecei a ler o livro de uma pegada
só – muito encantado com o esmero do trabalho gráfico também – e só
parei ao final das 102 páginas, brabo sim, brabo porque tinha
acabado a história e eu queria mais; porque podiam continuar a
aventura, podiam escrever mais de tão gostoso que estava a
contação-narrativa. Que Bia essa, ora essa.
-Os autores são a Tereza que é
competente designer gráfico e o Luiz Braz que, claro é um simples
heterônimo (...) até modesto pela grandeza do premiado literato
Nelson de Oliveira, já que ambos assinaram o livro aqui a quatro
mãos por assim dizer, o conjunto final valeu a pena mesmo.
-Voltando a Bia Olhos Azuis, só posso
dizer que adorei e história bem contada do começo ao fim, numa
linguagem bem cativante, quem ler vai gostar, essa é a idéia de um
bom livro. Gostei também dos espetaculares desenhos dentro do livro,
que davam a entender (compreendi assim) como se uma ótica diferente,
feito um retrato-visão da elétrica personagem principal que é
deficiente (o desenho dava a impressão de ser uma sua “visão
interior”?) sendo cega e contando seus conflitos da primeira
infância, de criança, de irmã, de deficiente, de filha, aluna e,
claro, numa reinação de personalidade agitadíssima não acomodada
pelo problema de falta de visão não lhe tirou o ritmo maravilhoso de
vida. Uma lição e tanto essa história.
Graciosamente bem escrito, é como se a
narrativa tranqüilamente tomasse o ledor pela mão e o levasse a
passear no bosque da história direta, nas histórias dentro da
história, na fantasia costuradinha com a empregada de uma linguagem
peculiar, à professora amiga e lá também com seus percalços, desde o
gato caseiro e traquinas ao irmão e seus amigos, mais situações de
conflitos próprios dessa faixa etária, depois as brigas,
rompimentos, cobranças, o primeiro possível amor, as relações e suas
dubiedades, funcionando ainda melhor com as narrativas (muito bem
construídas) da troca de mensagens por e-mails, um diálogo virtual
de um irmão distante, dando um belo contexto até bem moderno que
funcionou legal para fechar o romance, deixando o leitor com sabor
de quero mais. Cabou?
Muito bem editado (uma editora nova
possivelmente) o livro daria um bom filme e seria extremamente
didático, obra que, certamente irá engrandecer a gama de trabalhos
para esse público de teens e tempos seqüentes, portanto deveria ser
adotado nas escolas públicas que pensam o jovem com um cidadão
emergente sim; deveria também ser indicado por ONGs e fundações de
renome que trabalham com crianças e jovens, principalmente nesses
tempos de difíceis relações, quando “Bia, Olhos Azuis” poderá ser
muito bem trabalhado no contexto do processo ensino-aprendizagem;
daria um bom suporte de abertura de informações e produção de
conhecimento na área de humanas; com a Bia Olhos Azuis ajudando
muito a compreender os problemas e desafios nas relações sociais,
daí se sacando como a relação com os chamados teens, baladas e
amores, já repercutem na base primordial que o jovem precisas ter
para ser e vencer como ser social.
O livro poderia sim virar uma série,
ter uma seqüência, permitindo assim ao jovem ter essa abertura
literária de ver o colega “diferente” de si com outra visão, e o
deficiente como parte de um meio em que nem todos são iguais, por
diversas razões e é exatamente isso que torna belo o mundo, a
igualdade nas diferenças.
Quando um rato de sebo como eu, gosta
tanto assim de um trabalho literário de vulto por ser preciso,
agradável e bem composto de idéias e evoluções narrativas, podem
apostar que fará muito sucesso, vai fazer bonito. Vai atingir o
propósito que se propõe e deixar a sua mensagem pelo conteúdo e
certamente pelo viço da contação gostosa. Antes que eu me esqueça,
as ilustrações falsamente desfocadas (e por isso mesmo bem sacadas)
são do Rogério Soud.
Boa leitura!
BOX
“Bia Olhos Azuis” – Coleção Cuca Teen
Literatura Infanto-Juvenil
Primeira Edição 2004
Editora Alaúde
alaúde@alaude.com.br
www.alaude.com.br
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