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Sebastião Alba

Jean Léon Gérôme (French, 1824-1904) - Phryne before the Areopagus

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Poesia:


Ensaio, crítica, resenha & comentário: 


Fortuna crítica: 


Alguma notícia do autor:

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

William Bouguereau (French, 1825-1905), Admiration Maternelle

 

Da Vinci, Homem vitruviano

 

 

 

 

 

 

 

Delaroche, Hemiciclo da Escola de Belas Artes

 

 

 

 

 

Sebastião Alba


 

Gosto dos amigos

Gosto dos amigos
Que modelam a vida
Sem interferir muito;
Os que apenas circulam
No hálito da fala
E apõem, de leve,
Um desenho às coisas.
Mas, porque há espaços desiguais
Entre quem são
E quem eles me parecem,
O meu agrado inclina-se
Para o mais reconciliado,
Ao acordar,
Com a sua última fraqueza;
O que menos se preside à vida
E, à nossa, preside
Deixando que o consuma
O núcleo incandescente
Dum silêncio votivo
De que um fumo de incenso
Nos liberta


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Jacques-Louis David (França, 1748-1825), A morte de Sócrates

 

 

 

 

 

Sebastião Alba


 

Bio-bibliografia
 

Sebastião Alba (Dinis Albano Carneiro Gonçalves): 11-Março-1940 / 14-Outubro-2000: Nasceu na freguesia da Cividade, Braga. Filho de Albano Moaz dos Santos Gonçalves, professor primário, e Adelaide Sebastiana Peixoto de Oliveira Carneiro, doméstica. Partiu em 1949, com nove anos, para a colónia de Moçambique, passando a viver em Tete com os seus pais e irmãos. No início da década de 50, após passar no exame de admissão ao Liceu Salazar de Lourenço Marques, frequentou o Colégio Camões e também o Instituto Liceal na Beira. Em finais dos anos 50, a família passou a viver em Quelimane. Após ter sido incorporado no Contingente Geral em Boane aos 21 anos, desertou no segundo dia. Acabou detido e acusado de extravio de bens militares: cinto e bivaque. Ficou detido por dois anos e meio, sem julgamento e sob tortura, no isolamento. No entanto, ainda se ausentou quatro vezes da Casa de Reclusão. Cumpriu os quinze meses de pena a que foi condenado pelo Tribunal Militar na 23ª Enfermaria do Hospital Miguel Bombarda. Acompanhou sempre o conflito armado entre o Exército Português e a FRELIMO. Tendo manifestado o seu apoio à FRELIMO após a independência, e após frequentar um curso de formação em Inhanbane, foi convidado para assumir o cargo de administrador da província da Zambézia. No entanto, desanimado, acabou por abandonar o cargo passados alguns meses sem sequer pedir demissão.

Acabou por se fixar em Maputo com a família, entrando em contacto com intelectuais e figuras políticas, tais como Marcelino dos Santos, Rui Nogar, Sérgio Vieira, Honwana, etc. Em Outubro de 1974, Sebastião Alba vê publicado O Ritmo do Presságio, acompanhado de uma nota de apresentação por José Craveirinha, na colecção O Som e o Sentido da Livraria Académica de Lourenço Marques. Em 1981 e 1982 são publicados, respectivamente, O Ritmo do Presságio e A Noite Dividida pelas Edições 70.

A desilusão com a situação política em Moçambique e a preocupação com as filhas fez com que, relutantemente, voltasse a Portugal em 1983. Após um período atribulado por várias desilusões, (divórcio dos pais, morte da mãe, morte do pai, divórcio da sua esposa) acaba por voltar a Braga, assando a habitar quartos de aluguer. O problema com o álcool e tabaco agravam-se. Toma vida de andarilho, acabando por viver na rua, por escolha própria.

Em 1996, é publicada pela Editora Assírio e Alvim, através da colaboração do poeta Herberto Hélder, A Noite Dividida, que tenta recuperar o conjunto da sua obra poética, embora incompleta.

Na manhã 14 de Outubro de 2000, foi atropelado mortalmente por um condutor que se pôs em fuga, em Braga. A 7 de Outubro, num bilhete quase premonitório ao amigo Vergílio Alberto Vieira escrevia: «Se um dia encontrarem morto "o teu irmão Dinis", o espólio será fácil de verificar: dois sapatos, a roupa do corpo e alguns papéis que a polícia não entenderá.»

A título póstumo, foi publicada em 2000 a antologia Uma Pedra Ao Lado Da Evidência, cujas provas ainda foram revista por Sebastião Alba.

Obras de Sebastião Alba:

1 - Poesias, Quelimane, Edição do Autor, 1965.

2 - O Ritmo do Presságio, Maputo, Livraria Académica, 1974.

3 - O Ritmo do Presságio, Lisboa, Edições 70, 1981.

4 - A Noite Dividida, Lisboa, Edições 70, 1982.

5 - A Noite Dividida (O Ritmo do Presságio / A Noite Dividida / O Limite Diáfano), Lisboa, Assírio e Alvim, 1996.

6 - Uma Pedra Ao Lado Da Evidência (Antologia: O Ritmo do Presságio / A Noite Dividida / O Limite Diáfano + inédito), Porto, Campo das Letras, 2000.


 

 

 

 

 

16/01/2007