Clique aqui: milhares de poetas e críticos da lusofonia!

Endereço postal, expediente 

e equipe

 

Escreva para o editor

Escreva-nos

 

Página do editor Soares Feitosa

 

Soares Feitosa

Fortuna crítica

Neste bloco:

Ambrosina Freitas Paiva

Caio Porfírio Carneiro

Edgar Flexa Ribeiro

Eric Ponty

Henriques do Cerro Azul

 

Herberto Sales

Isa Nascimento

Mercedez Vasconcellos

Sebastião Vila Nova

Stela Fonseca

Walkiria de Souza

 

Continua

Anterior

Página inicial do Jornal de Poesia

 


 





Clique aqui: milhares de poetas e críticos da lusofonia!

Endereço postal, expediente 

e equipe

 

Escreva para o editor

Escreva-nos

 

Página do editor Soares Feitosa

 

 

 

 

 

 

 

 

Caio Porfírio Carneiro

 

Um primeiro escrito

 

Psi, a Penúltima - nem sei como deverei ler esse livro, se do começo para o fim, se do fim para o começo ou do meio para os dois lados. Porque em qualquer lugar que o abra, Psi, a Penúltima é uma surpresa. Você, Feitosa, é uma roldana viva; você é globalizante, telúrico, lírico, lúdico, numa unção mágica de prece, denúncia, passado que se faz presente, cinema ao mesmo tempo desfocado e ao mesmo tempo de foco vivo, fotográfico, direto aos olhos e à alma do leitor. Li agora os Panos Passados, referência ao poema do Luciano Maia, e senti uma saudade doida e doída do nosso mundo conterrâneo. Transportei tudo aquilo para o Acaraú da minha infância e dos meus dias de hoje.

Comentando os livros do Pedro Rodrigues Salgueiro, afirmei, e creio que com razão, que nós nordestinos trazemos na alma e na sensibilidade esse atavismo medonho de culpa e danação, herança dos antepassados, que nos aguça a auto-estima e nos leva à busca de uma permanente e não bem localizável remissão. Alguns traduzem isto, na literatura, na arrebatadora solidão. Você, abrindo o leque em várias frentes, caminha sempre, sem esquecer as raízes e chão da infância, para o apelo, quase o sermão, e nunca para o discurso e o panfleto!

Você é demais, irmão. O seu livro é para ser lido, relido, trelido, ficar meio "doido" dentro dele, como se fica meio tonto no meio dos redemoinhos de poeira das estradas... Saravá! Que o nosso Padim Ciço lhe abençoe e Lampião, que venceu o próprio Diabo num tiroteio, faça um sinal no ombro direito com o seu punhal de prata, para que nunca se esgote essa chama luminosa e viva que nasce em você como um sinal sensível de beleza e Vida. (Fonte: Jornal de Poesia)

 

Um segundo escrito

 

Recebi Salomão e o Salomão me espantou. Este livro não é só poesia, este livro não é bem prosa, este livro é um furacão (suave?) totalizante. Este livro é um vendaval. É história, é presente, é áspero, é lírico — este livro é uma canção. De uma plasticidade vívida e humanismo. É um poema do épico e do heróico. Este Relato do Bibliotecário é outra beleza. 

Não se pode analisar Salomão num relato breve. É para ser estudado nas suas nuanças, nas suas amostragens, na sua notável originalidade. Pronto como está, este livro este livro é belo até de ponta-cabeça. Livro para ser bem lançado, em amplo alcance nacional.

 

Edgar Flexa Ribeiro

Prezado Soares Feitosa

Venho de receber e ler "Roma", acompanhado do artigo de Wilson Martins. Gostei muitíssimo do poema, e creio que o crítico foi agudo em suas observações.

Devo-lhe assim vários agradecimentos: especialmente do poema com que premiou; pela indicação do precioso "site" que não conhecia, e que passarei a freqüentar; e pelo privilégio de merecer sua atenção tão delicada. 

Cordialmente,

Edgar Flexa Ribeiro

Ambrosina Freitas Paiva

Volta Redonda, 22.5.1997

 

 

Caro amigo Soares Feitosa

 

Obrigada por Psi, a penúltima, obra magistral que canta o regionalismo com um lirismo que só um grande poeta pode fazê-lo.

Imagina que  sorvi num gole sua poesia que veio amenizar minha clausura e encher de alegria o meu espírito.

Como é bom esse intercâmbio cultura onde não se conhece a pessoa física, mas a espiritual, sua inteligência e inspiração.

Sua linha poética é histórica e elucidativa, pois nós do Sudeste conhecemos poucos termos regionalistas e assim nosso vocabulário vai-se enriquecendo. Que orgulho sua mãe e seus familiares devem sentir pelo que faz, cultivando a "palavra" tão desprezada no nosso meio.

Obrigada pelos poemas e pela amizade.

Ambrosina

 

Mercedez Vasconcellos

Caríssimo Soares Feitosa, poeta de muitas navegações

Quero agradecer a gentileza de sua parte ao enviar-me Psi, a penúltima, de rara beleza. Há tempos não me sentia tão atraída por um livro. O seu, de tantas páginas recheadas de ternura, de ? cumplicidade"... "era um menino/ um janela..." e o encanto maior, para mim, o sopro da imburana de cheiro, que não conhecia e amei. 

Muita beleza nos vem do seu livro. Parabéns, poeta, e muito sucesso em seu caminho.

Abraços paulistas,

Mercedez Vasdoncellos

16.5.1995

 

Isa Nascimento

Niterói, 25 de julho de 1997



Caro Soares Feitosa

 

Feliz, muito feliz, em receber tão valioso convite, Psi, a penúltima, obra valiosa como um diamante. E, que posso eu dizer, se grandes mestres já escreveram tudo ou quase, sobre teu trabalho, sobre tua arte de escrever.

No entanto, compreendi bem teus sentimentos pela terra. Sou de nascimento de Belém do Pará, estou beirando os 50 também, com isso, tua obra deu-me relembranças da terra natal, doces, saudosas e emoção afetiva.

Misticamente usas a palavras, com ela toda uma gama de conhecimentos, vivência e amor. Este é um livro abençoado, um jeito diferente de colocar palavras e nelas o sentimento.

Que o Grande Mestre deste imenso universo derrames raios de luz, paz e amor, para teres vida longa, mais sabedoria, e assim poderes completar a tua missão, deixando às novas gerações tua obra e arte, cada vez mais sábia. Teu livro é para ser lido e relido, não cansa e ensina àquele que são aprendizes como eu. 

Envio-te meu trabalho. Ele é simples como eu e carrega somente a pretensão de mostrar o amor e as formas de como falar dele e, se possível for, gostaria que depois de lê-lo, enviar tua crítica.

Parabéns. Um abraço fraterno

Isa Nascimento.

 

Stela Fonseca

FOI... FORAM...

 

Para Soares (PSI) Feitosa
                   

E a alma ficou impregnada de mais amor .... 

o que foi? 

Foi o olhar do menino 
correndo com as vertentes do Rio Macacos 
a procura da "gota gotejada da folha grossa folha, 
do jatobá mais alto" 

Foi o Centauro que despertou com a Luz de Março 
para ir buscar na garupa do vento, a mulher amar. 

Foi a janela deixada aberta 
porque "aqueles canários fugidos da gaiola 
podem voltar" e voltam. 

Foi o brilho dos "pontinhos de luz verd'azulados 
no Pico do Caga-Fogo". Valha-nos Deus! 

Foi a brava mulher mel, que cortava o laço 
para enlaçar no mundo, 
as almas que vinham do céu 

Foi a fome do mundo, 
no pão do céu da criança prozac 
realidade, esperança, vergonha e dor 

Foi o Réquiem do Sol de Tarde, 
tocando na vida de coisas mal morridas 
que fizeram chorar o menino 

Foi a saudade do Besouro Preto 
voando na Serra das Matas, 
levando o jumento Moleque 
"portador dos  mesmos silêncios o seu dono, 
titular dos mesmos amores de seu amo" 

Foi o som dos vestidos, 
que "desvestiam a alma", 
no dia que se fez o salto sobre o abismo. 

Foi o amor que mergulhou num dia de tarde ouro 
"nas touceiras azuis dos manjerições de cheiro" 

Foi aquela lágrima parida da súbita 
 "vontade de fugir e cavalgar horizonte e brisa" 
que se derramou sobre o mar salgado 
das ausências inscritas na alma. 

Foi Netuno que deixou suas águas, 
empenhou o seu tridente, 
(re) uniu  inspiração, iluminação, criatividade, 
tomou de empréstimo a experiência humana 
e foi matar a sua sede nas terras sêcas, 

transbordante de lembranças Siarah. 

O que foi? O que será? 

Foi a imburana-de-cheiro 
que impregnou minh'alma 
para sempre 
com os intensos odores, 
amor côsmico, 

desta indizível 
penúltima poesia.

 
 
                                                      Salvador março/1998

 

Herberto Sales

São Pedro da Aldeia, 7.11.1996

 

Soares Feitosa

Quanta gentileza sua em ofertar-me o seu livro, que li gostando, que é como se deve ler. 

Talvez Outro Salmo é belo em suas origens e engenhoso em sua feitura. Onde está a sua palavra, aí está a Poesia.

Abraço você e em você o Hélio

Herberto Sales

 

Nota: O poeta refere-se ao escritor Hélio Pólvora

 

Sebastião Vila Nova

Recife, 21 de junho de 1997

Caro Soares Feitosa

Retornando ao trabalho após um período trancado em casa por conta de uma virose, encontrei, para minha alegra, um exemplar de Psi, a penúltima, que o amigo teve a deferência e me enviar.

É sempre bom saber que existe alguém que ainda acredita na poesia. Melhor ainda é saber que existe Soares Feitosa, fazendo uma poesia personalíssima, originalíssima (aqui é inevitável imitar o agregado José Dias).

Reconhecido pelo sua lembranças, com um abraço de sincera admiração e nascente amizade do

Vila

Walkiria de Souza

Canto do Descobrimento - I

Desperto, 
meio cega de brilho, 
do sonho,
e nem o papel tenho, 
para beijar,
molhar de lágrimas.

E a bateia dos meus olhos meninos,
de menina embora,
embora senhora,
menina,
escrutina,
garimpa fundo, 
o fundo desse poço,
o seu, seu moço,

onde busco em cada bateiada,
encontrar as gemas desse tesouro,
meu desconhecido, 
heresia! 
tão velho conhecido...
íntimo, diria sem pejo,
nem pena.

Sem pudor, 
que o calor
do rubor,
guardo, 
para cada sorvo,
deste néctar,
licor,
que me sacia a sede
de luz,
de cor,
de poesia..
Mais, me embriaga.

Um favor,
clemência!
Não é culpa minha, 
se conhecer não pude, antes,
o bordado que sua alma tece
nas telas da poesia.

Feitosa,
por que me faz assim,
por que me faz sentir,
feiosa?

Feitosa,
como assim enfeita,
como me rouba,
do peito,
o sentimento,
e o expõe,
sem pudor,
de forma tão perfeita?

Ladrão d’almas...
Bendito ladrão.
Bendito sejas.

Inocente...
se enganou,
não se pode roubar
o que se ganhou.

Dei, e tá dado.
De papel passado
Jurado e sacramentado.

Que entre almas assim 
o rastro da pena,
no papel, é tinta indelével
no cartório do coração.

 
(Numa quase lua plena, eu, Walkiria de Sousa, ser lunar, disse, e que assim conste nos anais dessas terras empalmeiradas desses Cearás de nosso Nosso Senhor, no quinto dia deste ano da graça de 1998, ano primeiro depois de Soares, o Feitosa, que enfeita, em verso e prosa, o mundo, e a mim me emudece, lacera, mas inspira e consola.)

Francisco II

Corrente,
forte,
como o Velho,
o rio.
Arrasta,
lava,
nutre,
redime,
guia.

E outra vez,
o sertão se faz verde,
se enfeita,
menino,
para receber o seu.

Faz sulcos na terra,
abre suas entranhas,
a devassa,
a expõe.

E em dilacerando-a,
eis que a faz cantar,
ao seu passo,
apressado,
que o tempo foge,
é pouco para tanto.

E o rio na cheia,
transbordante, grita:
Vida!

E quando a enchente faz que acaba,
eis que no seu rastro surge,
ondas verdes de vida nova,
que se alimentam de sua seiva,
deixada às margens.

Velho rio,
rios,
Franciscos,
amores de velhas datas,
outros antanhos,
eras idas.
Vidas velhas,
como o rio,
como o rio,
incansáveis,
na busca de si mesmos,
nas entranhas da terra,
a mãe.

A aridez do meu peito,
virou um mar verde,
inundado em suas águas.
Batismo.
Do velho, 
o novo vem,
e da força dele,
de sua energia,
florescem caatingas e palmeirais,
e do fundo das gerais, 
eu.

 

Miami, madrugada de 06 de janeiro de 1998

 

 

Henriques do Cerro Azul

Prezado Soares Feitosa, conterrâneo do meu Ceará,

 

Alguns de seus versos (todos excelentes) me transportaram ao meu querido Ceará (e meu Nordeste), terra e gente.

Com seu vocabulário, denso e forte. revivi com os olhos da memória as jangadas, os jatobás, os oitis (que eu sempre via enfileirados em nossas avenidas), as arraias (que eu empinava no céu), o solo comburido dos verões semestrais (às vezes de nove meses, até parindo secas), os cantadores (desde os incomparáveis Inácio da Catingueira e Romano da mão D'Água, Neco Martins, até o Cego Aderaldo, que tantas vezes ouvi nos distritos que rodeiam Quixadá) e tanta coisa e tanta gente mais... Recebi também as sementes de imburana de cheio.

Adorei seus poemas. Sob pena de plágio, pouco posso dizer de sua poesia, porque dela já disseram tantos, como Jorge Amado «...não é um poeta qualquer, exige atenção e seriedade». «Poesia de alta qualidade»; Ledo Ivo «É um estuário poético»; Hélio Pólvora «não conheço poesia brasileira mais buliçosa e arrelienta que a de Soares Feitosa»; Millôr Fernandes «Estou embaralhado com sua estranha poesia [filosofia, sociologia, bota aí] misturada num computador»; Thiago de Mello «Soares Feitosa conseguiu um idioma que é só seu»; Ivan Junqueira «... ciclópico estro poético, no bojo do qual afloram a cada passo as vertentes heróica, telúrica e lírica»; José Louzeiro «É admirável a multiplicidade formal, o lapidar da palavra e, mais que isso. a densidade poética»; Artur Eduardo Benevides «A chegada de soares Feitosa é um episódio de significação marcante. Quem o ignorar não sabe o que é poesia»; José Alcides Pinto «Soares Feitosa deu um susto nos poetas deste fim de século»; César Leal «Os críticos competentes irão lembrar seu nome no próximo século»; Francisco Carvalho «... acabou de decifrar os enigmas cruciais de um destino talhado para a poesia»; Leila Mícollis «Como fascina a poesia de Soares Feitosa!»; Paulo Bomfim «Você tira da cartola da noite/ estrelas e ritmo apunhalados de surpresa»; Gerardo Mello Mourão «Canta a saga das nossas paróquias, de nossos vizinhos, de nossa estrutura humana»; e mais tantos outros como José Helder de Souza, Dimas Macedo, Mário Pontes, etc. 

Assim, simplesmente, por ora, repito o que esses já disseram. Prometo, entretanto, fazer um estudo demorado sobre sua poesia, seguindo os ditames da crítica moderna, preconizada por Richars e o newcriticism.

Foi grande a satisfação de receber seu livro Psi, a penúltima, e travar este contato.

Abraços,

Cerro Azul 

Eric Ponty

 

Psi, a Penúltima

 

Soares Feitosa, uma sintaxe desconcertante, porque é ao mesmo tempo passado-presente-futuro e instante, ou seja poesia. 

Fiquei deslumbrado como ele consegue encadear-se nos poemas longos de dificílima excussão, uma vez que a poesia pede sintaxe. 

Conseguir essa densidade é rara e uma outra coisa: como nos remete a outros poetas sem ser explícito!

 

 
 
 

Continua

Anterior

Página inicial do Jornal de Poesia