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Valéria Nogueira Eik


 


Tecendo a vida


 

 

 

Veio de algum espaço, passou por outro, esbarrou em algum trecho, aportou por aqui e não sabe ainda se fica ou se vai, se volta ou continua, nesse caminhar que não tem fim.

Mas, por ora, permanece, se estabelece, sem pensar no amanhã e no que será ou não será.

Somos todos assim, apenas turistas, ou nômades, ou quem sabe, extra-terrestres!

Procedemos de algum lugar e agora estamos juntos, reunidos num mesmo tempo, desenvolvendo um trabalho, uma amizade, uma intriga, ódios, promessas e até mesmo um desencontro absoluto e absurdo pelas ruas.

Cada um de nós tem uma estória, um berço, lembranças próprias e, talvez, saudades.

Cada um de nós tem um desempenho, uma luta, pensamentos próprios e, talvez, esperanças.

É mesmo uma grande teia, tecida pelo acaso, produzindo bordados de dor ou enigmas de amor.

Gente colorida, quem sabe, idealista, que sorri, que batalha e que nem sempre vence nesse período que corre, ao invés de andar.

Gente desbotada, a cara cruzada, os braços fechados, espectros desse tempo, indiferente tempo que continua a correr, arrastando os indecisos e competindo com os lutadores, talvez, gladiadores.

Uma belíssima teia, cheia de riscos e traços, lucros e prejuízos, que com o passar da vida, se transforma numa obra de arte que poucos entendem.

Um abstrato, uma miscelânea de gente, uma confusão de valores.

Teia de vida, teia de gente, sempre uma trama assustadora, atraente, inebriante, um desafio!

 

 

 


 

27/07/2006