Na
minha língua... cada
verso é uma outra
geografia. Manuel
Alegre
VOZES
POÉTICAS DA LUSOFONIA
Edição:
Câmara Municipal de Sintra
Presidente: Dra. Edite Estrela
Organização:
Instituto Camões
Coordenação:
Alice Brás
Armandina Maia
Seleção
de textos: Luís Carlos Patraquim
Capa:
LPM — Idéias e Acções
Realização
gráfica: Gráfica Europam, Ltda.
Mem
Martins – Portugal
Depósito
legal: 138134/99
Maio,
1999
Patrocinada
pela
CAIXA
GERAL DE DEPÓSITOS
PORTUGAL
Ana Hatherly
António Ramos Rosa
Eugénio de Andrade
Joaquim Pessoa
José Manuel Mendes
Luís Filipe Castro
Mendes
Manuel Alegre
Sofia de Mello Breyner Andresen
Teresa Rita Lopes
Vasco Graça Moura
Vergílio Alberto Vieira Yvette Centeno
Vergílio
Alberto Vieira
3 poemas
1 A um grego foi possível
Outrora sonhar divinamente
as águas
De outro rio
Esse rio é homem
de Heráclito
Ainda em sonho ignora
Quão diferente sobre
si mesmo corre
o rio agora é noite
E o grego as naturezas escuta
Em toda a parte enquanto
Pensa o fogo harmonioso
do passado
O que na cinza se escreveu
Perdido foi Éfeso
Artemis é essa inquietação
segura
2 De astros coroada
Pelos aterros que a despojada
lua
Insinuou até o fim
Sob outros sóis esfria
perdida
Essa cabaça
Que à terra fatigada
o corpo prende ainda
Os panos que sustentam
Há muito que ignoravam
o terros dessa paixão
A Poseidon o escrutínio
das partes
De estrela a estrela
Brilha agora no peito a
enorme solidão
Sobre o abismo um só
momento trai
Ó lírio amado
3 Venho de Elêusis a
inefável
onde o arco de Hélios
Me revelou em sonho o rosto
de Perséfone
No relastérion
Essa presença esquiva
espero agora
Sem cessar sou jovem
A beleza persigo na terra
com ardor
Das coisas feitas apenas
sei
O que a um deus
Presságio algum proibe
Das coisas ditas o que a
ouro debruam
As paisagens
Enquanto Perséfone
escrutina
O trevo e a morte
Página inicial da antologia Vozes Poéticas da Lusofonia