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William Lima Lial


 

A indubitável erudição da literatura
 

O Povo, Fortaleza, Ceará, Brasil
25.08.2004

 

A poesia nos dá esse lirismo. Além de nos presentear um pomposo vocabulário. Invista em você e no seu poder de sonhar: leia mais literatura

 

Livro. Segundo a Organização das Nações Unidas para a Educação Ciência e Cultura (Unesco), livro é ''uma publicação impressa, não periódica, que consta no mínimo de 49 páginas, sem contar as capas''. O livro a muito faz parte da história da humanidade. Antes de o homem fazer uso de fibras, vegetais ou tecidos, as bibliotecas da antigüidade já estavam repletas de textos gravados em tábuas de barro cozido. Esses foram os primeiros livros. De lá para cá, o livro sofreu algumas remodelações, até chegar ao que conhecemos hoje.

Várias expressões e assuntos passaram a povoar os livros: a história, a geografia, as ciências e, dentre outras mais, a literatura. É sobre os livros que trazem até nós a literatura que vamos falar. A tão desprezada e incompreendida literatura.

Por que ela é tão desprezada? Por que é dada tão pouca importância a essa arte? Será que se a literatura não fosse importante, resistiria por tanto tempo? Por outro lado, se sabemos que ela é importante, por que a lemos tão pouco? Mas será que realmente sabemos de sua importância? Por que a literatura é tão desprezada se ela é o reflexo da realidade vivida? A literatura surgiu da necessidade do homem de se expressar. No entanto, parece que não temos tanto interesse em tomarmos conhecimento dessas expressões que no fundo são nossas.

A alguns anos atrás presenciei um homem público afirmar que não havia necessidade de se ler literatura. Seria preferível e mais rendoso ler um livro de história. Pois a literatura nada teria para ensiná-lo. Será verdade? Será que o problema não é a falta de sensibilidade artística e cultural? Presente nos livros de literatura estão uma quantidade imensurável de palavras e frases eruditas e que, muitas vezes, não fazem parte do conhecimento geral.

Não seria, isso, já um crédito para a literatura: conhecermos novas palavras e ampliarmos o nosso vocabulário? Quando ampliamos o nosso universo de palavras e verbetes, melhor podemos nos expressar e nos fazer ser entendidos. Podemos de mesmo modo, encontrar as formas corretas de escrever e falar (para assim, quem sabe, pararmos de falar tão errado coisas tão banais). Isto, com certeza, é bastante útil.

Quanto à poesia... Sim, a poesia! De que nos serve esse gênero literário, essa forma delicada, romântica e profunda de escrever? O que poderíamos e podemos aprender com ela? O que ela nos oferta? Bem, eu diria que nos ensina a ter sensibilidade perante tudo; nos ensina a enxergar mais além, a olhar para dentro de nós; nos deixa mais aptos a perceber e entender as coisas mais profundas e delicadas de nossas vidas e da vida de outrem. A vida sem este lirismo não é vida, é sobrevivência. A poesia nos dá esse lirismo. Além de nos presentear um pomposo vocabulário e formas de expressão mais sutis e elegantes, tão próprias da poesia.

O mundo sempre fez, faz e sempre fará uso da arte literária para se expor e para expor o mundo ao mundo de uma forma mais lírica, culta, lúdica, febril ou atraente. Mas por que não enxergamos isso? Talvez estejamos invadidos demais por imagens a nós impostas, vindas da TV e do Cinema, não nos permitindo, assim, criarmos nossas próprias imagens. Talvez existam meios demais sonhando por nós. A TV e o Cinema não são maus, são maravilhosos, mas não devemos esquecer de onde, na grande maioria das vezes, são retiradas as histórias que nessas telas vemos. A Literatura é a maior inspiração da TV e do Cinema, deixe que ela seja a sua também. A forma de ver e viver a vida torna-se mais lúdica e prazenteira quando se conhece o valor da cultura
literária.

Alguns acham que a Literatura é chata. Chato é não poder participar de uma conversa ou não se expressar fluentemente por considerar chato desanuviar uma obra literária.

Invista em você e no seu poder de sonhar: leia mais Literatura.

 

William Lima Lial é empresário e poeta
 

 

 

 

 

03.12.2004