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Luís Antonio Cajazeira Ramos


O Evangelho segundo Soares Feitosa
 

 

1. Uma passada d'olhos no pretérito passado, veremos que os gregos acreditavam na divindade dos Deuses, na semidivindade do
Semideuses, no heroísmo dos Heróis — personagens de suas epopéias. Se hoje essas obras são poesia no sentido secular, para os gregos não o eram, mas poesia sacra, a saga de seu povo — íntimo dos Deuses —, seu Livro.
 

2. Uma passada d'olhos no pretérito presente, veremos que se tem acreditado na cristandade do Cristo, na santidade dos Santos, no profetismo dos Profetas — personagens bíblicos. Talvez o século XXI (não antes de Soares Feitosa) venha a descobrir a boa-nova: o Livro dos Livros é poesia, da mais alta qualidade — para o poeta, a melhor ad sæculum sæculorum.
 

3. Uma passada d'olhos no pretérito futuro, veremos à nossa volta uma confusão de crenças e credos, do risível ao incrível, do honorífico ao horrorífico, e a boa-nova corolária: o povo não sabe mas lê (e gosta de) poesia.
 

4. Que nos resta? dessacralizar os Sacros (ou sacralizar a Poesia?)? Antes que blasfememos, leiamos Psi, a penúltima, caldeirão febril sobre uma trempe cultural — grecirromana, judicristã e mundinordestina —, de onde sai cozida a palavra justa, e mais: o abismo.

 



Soares Feitosa, 2003
Leia a obra de Soares Feitosa
 

 

 

Tiziano, Mulher ao espelho

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Leônidas Arruda