Celso Brito
Um certo sertão
Por um poema de Soares Feitosa
Contra o mar e a seca, só o sonho.
Nenhuma reflexão cabe a esse fato.
Todas são aflições da alma.
Existe um abismo entre a lágrima e a sua ausência.
Por isso há os que choram,
os que esperam a beira do caminho
e os que cruzam horizontes em busca da brisa.
É inútil esperar pelo mar.
A terra seca sob os pés separa dois mundos.
E essa onda sempre volta,
sem nunca ultrapassar os limites da areia.
O oceano, que daqui um dia se foi, não volta mais.
Fugiu com os navios no caminho do vento,
levando os homens e o coração das mulheres.
Resta essa paciente espera,
mesmo quando não há mais o que esperar.
Sendo assim, não cabe a mim encerrar a história;
embora acredito que queira saber como isso termina.
Um viajante de longe foi quem me disse
da inútil lágrima no mar-oceano.
Ela nada resolve, nada acrescenta ao seu volume.
Mas quem ama sempre volta... acredita no mar.
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