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Dimas Macedo


 


A poesia de Magno Martins


 


 

Não conheço limites que, por acaso, possam embargar a construção do poema. A literatura, em essência, é uma forma plena de sentidos contra a falta de sentido do mundo, pois a palavra, assim como a vida, faz a diferença, e o milagre que faz a diferença, compreende a busca eterna da beleza que se quer plantar para muito além da esperança.

Os poetas maduros e desassombrados procuram, nos recessos da alma, a chama que os devolve de volta para a vida. E os poetas principiantes também fazem, de forma renovada, essa travessia que os leva serenos para o sonho. Conduzem, dessa forma, o barco da poesia para o eterno e o desconhecido, mas o conduzem, fundamentalmente, na condição de timoneiros e visionários.

O tempo novo do poeta, a revisão da sua utopia estonteante e da sua miragem plural e quase messiânica, simbolizam a obra de arte literária que ele empreende como cavaleiro amante da beleza. A estética, portando, é o seu escudo contra a feiúra do mundo, contra as suas misérias e em defesa da sua honra e da sua dignidade que se fazem sempre militantes.

Portal da Alma é o terceiro livro de poemas de Magno Martins. Publicou antes, em 2003, pelas Edições Livro Técnico, de Fortaleza, Profilaxia Poética e, em 2004, pela Editora Valei, de Brasília, Garagem a Céu Aberto. Fez-se um poeta respeitado face à leveza de sua expressão literária e em virtude também da sua indiscutível leveza de poeta.

Não iria longe se dissesse que Portal da Alma é um livro de revelações e de mistério, pois a criação e a recriação do poema constituem, com acerto, a sua mola propulsora, as suas motivações formais e paradigmáticas.

A poesia de Magno Martins, tal um sol noturno, é feita de inquietação e de retorno, é feita de sonoridades e de fragmentos que apontam para a transcendência e para as formas inefáveis do confronto e da premonição.

Tem de tudo a poesia de Magno Martins: solidão, devaneio, mística sensual, conflitos, confrontações, ritos de passagem, sensações plurais em combustão, dores incessantes e alegrias que se querem maduras diante dos olhos do leitor.

O tributo a Willian Blake, feito pelo autor, na abertura do seu livro, diz muito de perto acerca do lugar aonde ele pretende chegar: as portas da percepção e os seus insondáveis mistérios. Querer mais do que isso é desconhecer os limites supremos da beleza. É ainda não acreditar que Magno Martins já é um poeta de estatura maior.


Prefácio do Livro
Portal da Alma.
Fortaleza, 28/09/2005