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Adriano Espínola

 

Psi, a Penúltima
 

 

O título é meio esquisito, pouco poético, parece livro de física (Psi, a penúltima partícula!) ou de psicanálise. Poeta, tu estás ficando doido? Acho que é isso mesmo — sem a loucura, que seríamos nós senão “cadáver adiado que procria”? como diz o verso fulgente de Pessoa. Você é um desses seres possuídos pelo daimon ou pelo furor da musa, musa telúrica, pois seu verso é rememoração, canto órfico que vão presentificando, retomando, clarificando, celebrando o passado, reinaugurando as coisas, transfigurando as lembranças e os seus como no belo poema inicial Antífona: Venho de outras terras, meu capitão,/ não sou da beira do mar, eu venho/desd’onde um bola de fogo, /volúpia de luz, volúpia de cor, /cavalgava o horizonte e desabava...”

Ali, os jatobás queriam-se apoderar do ouro do crepúsculo, e o mestre Sol afrouxava as correias de mestre Vento, enquanto as palmeiras apenas conseguiam tostar os coquilhos, grande manadas de lágrimas de sol!

O poema inteiro é de uma beleza de uma autenticidade ímpares (até as cantorias reproduzindo as falas típicas sertanejas), tudo misturado: evocações do sertão brabo, com seus personagens, suas lendas e visões, mas citações e recorrências à tradição cultural do Ocidente, indo até Homero e ao Olimpo. Parabéns, meu poeta. Poemão para ser lido e relido.
 

 

Michelangelo, Pietá

Leia Psi, a Penúltima, de Soares Feitosa

 

 

William Bouguereau (French, 1825-1905), Admiration Maternelle

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Aníbal Beça