Hilda Hilst
Leituras críticas
ANTÔNIO OLINTO: (...) "Estamos ingressando num período de
pós-modernidade na poesia brasileira? Ou ele já veio, disse ao que
veio, e sumiu, sem que o notássemos? Se a palavra "modernidade" não
pode, segundo inúmeros tratadistas, ser definida com precisão, a
"pós-modernidade" o seria ainda menos. Vejo, contudo, no riquíssimo
panorama da poesia brasileira deste momento, uma representante da
mais desabrida e forte pós-modernidade. Falo de Hilda Hilst, cujo
livro "Do Amor", agora publicado, é de uma perfeita adequação ao
desejo, normal numa poesia liberta, de ir além do que foi feito
antes e chegar à conquista de um verso inconfundivelmente original."
CAIO FERNANDO ABREU: "Eu nunca conheci uma escritora tão tomada pela
paixão da palavra como a Hilda. Ela é bárbara."
LEO GILSON RIBEIRO: (...) "Hilda Hilst carrega involuntariamente um
estigma: o de nunca talvez vir a ser popular, agradável, acessível.
Ela que ambiciona tanto ser discutida, focalizada, continuará por
uma espécie de condenação intrínseca incompreensível para a maioria.
Porque ela em português retratou um Malone agonizante no atoleiro da
dúvida e das dimensões diminutas de quem não tem antenas para captar
o que há ou não há depois da Morte. E porque ela escreveu, em
português, o equivalente a um Finnegan's Wake de Joyce ou seja:
escreveu um absurdo palimpsesto mesopotâmico. E poucos terão a
imaginação recriadora, a profundeza de propósitos e o mesmo afã
místico que ela para embrenhar-se nessa "selva obscura" da alma e do
humano estar no mundo."
CLÁUDIO FRAGATA: "Deus, a paixão e a morte. Estes são os três temas
sobre os quais a escritora paulista construiu uma das mais
intrigantes obras da literatura mundial".
J. TOLEDO: (...) "A obra de Hilda está mais vívida que nunca. Sua
poesia, escrita com a maestria do vate que é, vem iluminando os
caminhos há décadas e, se ainda não foi percebida em sua plenitude,
isso, se deve à alarmante estupidez dos lobbies culturais e -
sobretudo - da excessiva mediocridade que nos é atirada garganta
abaixo, não só pelos críticos sequiosos e venais, como pela própria
mídia cultural, televisiva e escrita."
J. L. MORA FUENTES: (...) "Hilda Hilst pertence ao patamar dos
grandes artistas, cuja essencialidade nos impõe o dever de preservar
todos seus escritos. Não é surpresa, portanto, que a Unicamp tenha
comprado, recentemente, seu arquivo particular. Da mesma forma, ao
editar a totalidade das crônicas, a editora Nankin não apenas
respeitou a vontade da autora, mas beneficiou o leitor com esse
registro permanente. Sábia de requintes que nos permitem avançar no
pouco-nada que intuímos de nós mesmos, Hilda desmascara sem pudor,
seja com cascos, suaves garras, ríspidas carícias, nossos mais
preciosos ícones. E assim revela nosso rosto verdadeiro."
YRI V. SANTOS: (...) "Hilda, do alto de seu conhecimento da Palavra,
resume assim seu amor pelos cães: "Gosto deles porque não falam..."
Sim, por mais que haja antipatias entre este e aquele, não podem
fazer fofocas, conspirações, calúnias, etc. É tudo na lata, na cara
dura. No entanto, tampouco guardam rancor se os insultamos. Só não
esquecem agressões físicas. E Hilda sabe o quanto a palavra é
superior à espada. Esta atinge a todos. Aquela fere mais fundo, só
atingindo aos racionais, àqueles que realmente tem um esconderijo no
porão da mente. E pra nós que vivemos a época das Revelações, nada
como a companhia de quem não tem nada de mais a revelar."
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