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            Ildásio Tavares 
                                         
                                                                        
                                                                        
                                                                        
                   
             
            Fortuna Crítica: Carlos Nejar 
                                                                   
                                                                        
                                                                        
                                                                        
                   
            
            Sobre o Livro Odes Brasileiras 
  
                                                                   
                                                                        
                                                                        
                                                                        
                   
              
                                                                   
                                                                        
                                                                        
                                                                        
                   
            Ildásio Tavares é um inventor, um 
            catalisador de imagens, um mestre que faz com que a explosão poética 
            nasça de seu ar de conversa e seu ar de silêncio, pois percebeu "de 
            sol em sol, que a luz é fosca". E vem esse êxtase, este levantar da 
            palavra no redemoinho mágico dos períodos-versos, entre elos que 
            estremecem. O percurso é o da fala descontraída, monologadora, para 
            a linguagem. O que desencadeia esse elo explosivo ora é uma 
            pergunta, ora uma resposta, ora uma centelha rodeada de 
            coisas-infância, ora debruçar-se sobre a própria criação, ou certo 
            pavio atiçado na pólvora da realidade.  
                                                                   
                                                                        
                                                                        
                                                                        
                   
            Tudo serve para que as Odes 
            Brasileiras se construam, com dramaticidade, força épica, vez e 
            outra, lirismo, ternura pelos seres e uma estonteante humanidade, 
            capaz do delírio e dos espaços de sonho. "Vejo somente uma formiga 
            azul passear sobre o azulejo", observa o poeta.  
                                                                   
                                                                        
                                                                        
                                                                        
                   
            A capacidade de se expor e de 
            sorrir dos limites, é rabelaisiano, sabendo que "rir é próprio do 
            homem". Suas imagens se acumulam de outras, como a chuva searmazena 
            de nuvens. E o texto de Ildásio voa, eleva-se, apesar das civis 
            intempéries ou de todas as leis da gravidade ou da antigravidade. E 
            nos dá a lição sobre o Brasil em que vivemos, pondo a nu este "tempo 
            pobre", com rosto duro e os ossos de fora.  
                                                                   
                                                                        
                                                                        
                                                                        
                   
            "Poema é tudo o que o esqueleto do 
            discurso não consegue expressar " ou "poesia é a loucura 
            organizada", afirma com impressionante verdade. E é o poeta da 
            lucidez, das coisas triviais, ou não, que caminha do caos para a luz 
            e de volta, da luz para o caos, sem meio-termo. "Sou carpinteiro. 
            Sei pegar palavras, umas nas outras ou em outras umas. Sei muito bem 
            esse ofício e o aprendi muito cedo, pregos na mão, eu me enchia de 
            coragem e paciência. E martelava(...)"  
                                                                   
                                                                        
                                                                        
                                                                        
                   
            Um ritmo de mar com Walt Whitman, 
            que se aproxima do mordaz e social Maiacóvski, que tem o senso 
            crítico e às vezes grotesco, descomunal de Gregório de Matos, 
            barroco e livre, silente e fúlgido, que vai para Neruda cósmico, que 
            se estende a Alvaro de Campos, e que é em cada linha, cada verso, o 
            baiano e universal Ildásio Tavares.  
  
                                                                   
                                                                        
                                                                        
                                                                        
                   
                    
                                      
                 
                    
                                                                        
                                                                        
                                                                        
                   
            Carpintaria de palavras e de ritmo  
            Odes Brasileiras  
            Ildásio Tavares  
            Imago, 110 páginas  
            R$ 12  
                                                                   
                                                                        
                                                                        
                                                                        
                   
              
                                                                   
                                                                        
                                                                        
                                                                        
                   
                                    
        
            Leia obra poética de Carlos Nejar 
                                                                   
                                                                        
                                                                        
                                                                        
                   
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