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José Valgode


 


Portugal - um país de extremos!
 


Primeira parte


 

A terra dos três “efes”: Fado, Futebol e Fátima. E dizia-se no tempo do Salazarismo, que ele adormecia o Zé Povinho com a filosofia dos três “efes” e que nessas três letras residiam os principais males de Portugal. Eu como Santacruzense, desde pequeno nunca paguei a quem me mandasse. Nunca fui muito patriota quando pequeno, tampouco não ía muito com os futebóis e não era naquele tempo religioso convicto, nem nominal. Quem me conhece desde pequenino, sabe também que nunca fui nenhum santinho, nem malandro, e tampouco um revolucionário, mas que tinhas as minhas ideias, isso tinha, e hoje no caminho dos sessenta, continuo tendo minhas ideias próprias e sou um religioso convicto e practicante com base nas Sagradas Escrituras, livro que prezo muitissimo e leio nele quase todos os dias da minha vida um pouquinho. Daí com o conhecimento nele adquirido, posso raciocinar com as pessoas, á base de qualquer tema. E com o respeito devido a todas as convicções religiosas, hoje discordo de muita coisa, quer seja practicada inconscientemente, quer seja practicada conscientemente. É por isso que nenhuma nação no mundo, nem o nosso Portugal, solucionará os seus males internos, quer sociais, quer espirituais, porque a razão disso consiste nos extremos, quer no campo cultural, a saber mais concretamente: Fado, Futebol e Fátima.

Comecemos pelo fado, diz-se que fado vem de fatu, palavra latina que significa destino. E que é fado dos portugueses cantar o fado. Fado é afinal aquilo que é fatal, o que necessariamente tem de acontecer. Mas nisso eu também não acredito. Não necessáriamente temos que ser conhecidos por insatisfeitos, invejosos, chatos e fatalistas, pessimistas, burros, objectos de piadas e quem come bacalhau acompanhado por uma voz dolente.

Fado é o que faz quem puxa pela voz, quando sente è ganas de puxar pela pistola. Não há razão de acreditar no destino, e gritar sempre “Ai Jesus quem nos acode” sendo saudosista e chorar no ombro do vizinho. Também não devemos ser pessoas desmioladas que ouvem sómente Mariza, ou que rebolam ao ritmo de canções pimba, ou alguém que pensa que o seu destino, o seu fado é cortar estradas, cortar as linhas do comboio, ou fazer mais greves e ouvir mais os sindicatos, do que raciocinar com o patronato, e não tem que ser o destino de milhares daqueles, que vão para a fileira dos desempregados! E lamuriar-se á braseira da porta da fábrica, impedindo que o patrão entre na sua propriedade, e depois chorar quando entrevistado pela televisão e dizendo, este è o meu destino, e tudo o mais è fado….

Outro “efe” é o futebol. Muitos dizem que há excesso de futebol e há pouca competividade. Jaime Pacheco disse á pouco na televisão, que o país vive demasiado para o futebol , o que existe sim, e não precisa de continua a ser o destino, o fado dos portugueses, o exagero de notícias sobre futebol, e sendo a maioria das notícias de uma enorme banalidade. È verdade que todos os dias o país é massacrado com muitos pormenores banais referentes ao futebol, que seriam mais apropriados ser transmitidos por um canal desportivo, por favor, não necessita ser o destino dos telespectadores verem de uma só vez quase hora e meia de notícias, como que nos impingindo, e tudo isto é fado.
Na verdade somos um país de muitos excessos, mas de fado chega por hoje, na segunda parte continuaremos este diálogo, que eu não quero transformar em fado. Pois ainda há tempo para mudar o tom do fado, a que milhões de portugueses já se acomodaram, como sendo o seu eterno destino.