A marcha |
A contramarcha |
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Luís Antonio Cajazeira
Ramos
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Aramis Ribeiro
Costa
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para o poeta Cajazeira Ramos
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É sempre
madrugada, os deuses dormem,
o céu é longe, a caminhada
insana,
e vai, antes que os
vórtices se formem
no pó da estrada, a lenta
caravana. |
É preciso
deixar os deuses quietos
Que as caravanas passam e
eles ficam
E os cães ladrando
insanos, irrequietos
São meros animais — com tudo
implicam. |
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Nem o
ganir do cão, rasgando as fardas
deixadas para trás, quebra
o silêncio
dos deuses — não se
envolvem nas jornadas.
...E o dia é logo ali, na
ponte pênsil. |
É preciso
deixar os deuses mansos
Que dos mortais há muito
se fartaram
Deixar que esqueçam seus
eternos ranços
E olvidem sobretudo que
falharam. |
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Só a
neblina esconde leve a aurora
e vê (se é dado ver ao
vento frio
que sabe quanto é morna
qualquer hora)
a razão do vacilo e do arrepio |
É preciso
que os deuses, no silêncio
Não impeçam as lentas
caminhadas
Que vão do sonho louco à
ponte pênsil
E renascem na luz de uma
alvorada |
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contra o
salto no abismo: os desenganos.
Abandonem seus deuses, homens!
Vamos! |
A Lua se
sumindo na neblina
O Sol iluminando o pó da
estrada. |