Adriana Zapparoli
Fortuna crítica:
Claudio Daniel
Adriana Zapparoli é uma poeta que tem vocação
para o excessivo. Seus poemas em prosa combinam lirismo, metáfora e
mitologia, resultando em estranhas aquarelas oníricas, que nos
surpreendem pelo impacto das imagens imprevistas. É uma arte que
combina erotismo e fúria barroca, confissão do eu e reinvenção do
mundo, numa instigante floresta de signos.
Luiz Rufatto
Estive em sua página e me deliciei com seus
corajosos poemas - e corajosos não pelo tema em si, mas pelo fato de
que é muito difícil enfrentar esse tema e não cair no lugar onde
todos já estivemos, o lugar-comum. E você se sai muitíssimo bem, o
que é raro, e por ser raro deve ser louvado. Parabéns.
Ricardo Alfaya
Já que falamos em coluna dorsal, vamos antes transcrever aqui uma
lírica elegia à própria, tatuada com eróticos beijos, no poema de
nossa correspondente Adriana Zapparoli. Trata-se de uma
metalinguagem em que lábio, corpo, beijo e poema se confundem.
Chama a atenção ainda no trabalho a referência ao "dinodonte", que é
um gênero de "dinossauro". É deveras saborosa essa imagem de
implícita comparação do dorso humano com um "dinodonte diminuto",
mexendo com o tempo, evocando, de certo modo, a teoria da evolução
das espécies.
O fogo, que recorda a luz apolônea, representa aqui também a força
dionisíaca, encontrando no lábio o médium que permite a união das
duas forças, em geral apresentadas na filosofia e na literatura como
opostas, ainda que complementares. A palavra "astro" ressalta o
sentido cósmico do poema.
Na verdade, podemos ver no trabalho uma metáfora do próprio esforço
de muitos poetas na busca de conciliação entre o sagrado e o
profano. Por fim, apropriadamente Adriana divulga o poema
centralizado na página, tendo-o construído com versos curtos que vão
descendo um tanto sinuosamente, quais vértebras, deixando no papel
um desenho que sugere a forma de coluna.
(Informativo Alías 8 - Rio de Janeiro de 2002).
Henrique Chagas
Aprecio a poesia de Adriana Zapparoli. Tem muito mistério, o
erotismo está oculto nas suas palavras: "palavras abstratas
flutuaram num corpo abstrato... deslizando pelas curvas ....
abraçando seu corpo nu" que não se revela por inteiro. Na sua
Erótica vê-se a ausência explícita do prazer e do êxtase, embora
implicitamente seu erotismo se mostra na silenciosa mente que se
ergue mística e ativamente. Vê-se o desejo acima de tudo.
[Henrique Chagas -Erótica - Informativo Verdes
Trigos - Presidente Prudente S.P , 24 de abril de 2004]
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