Luís da Silva Araújo
Gigante
Dorme o gigante no frio
e na treva densa e escura;
dorme, por anos a fio
a conter sua amargura;
o corpo pesa cansado
de sentimento vazio;
su’alma, dormindo, é pura
desse gigante sombrio.
Ele é gigante no porte,
tão frágil seu sentimento...
por mais que pareça forte
tudo é razão de momento;
seu peso, Deus, é tão grande
quanto essa dor que o devora;
por mais, que tanto se expande
no movimento da hora...
E dorme pesado e lento
a sonhar seu pesadelo,
com a rudeza do evento
que nem ele pôde crê-lo...
e dorme, vago, esquecido
a resguardar seu segredo
que do sonho conhecido
nos traz horrores e medo!...
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