Márcio Catunda
Elogio à paz
(Jornal OPOVO,
10.05.2005)
Poeta cearense Márcio Catunda lança hoje o livro Sintaxe do
Tempo. Os versos do escritor tomam o desejo pela paz e a
incompreensão do mundo pós-moderno
O que o diplomata herdou do mestre
José Alcides Pinto? Os dois se olham por breves momentos. Márcio
Catunda, o discípulo responde: ''parte da técnica, o fantástico, a
mística'', responde. Alcides Pinto atalha: ''herdou alguma coisa,
mas ele é um poeta que não precisa de mestre porque é mestre de uma
geração de poetas que tem trajetória e linguagem próprias''.
A razão da conversa é o lançamento do
novo livro de poemas Sintaxe do Tempo, que Márcio Catunda lança
hoje, 10, no Ideal Clube. Diplomata da Embaixada do Brasil na
República Dominicana, Catunda encaminhou seus versos por uma nova
trilha. Traçou para eles uma vertente social em que a incerteza e a
angústia que se tornam companheiras do homem pós-moderno.
Aliando poesia e diplomacia, como
fizeram outros tantos poetas - João Cabral de Melo Neto, Pablo
Neruda - Catunda confessa: ''Este é um livro de denúncia do declínio
civilizatório, que reflete o mal estar da condição humana'', afirma.
A produção poética do diplomata teve a realidade como espelho. Os
conflitos e os desacertos da humanidade tornaram o mundo, na visão
do poeta, um celeiro farto para a poesia. ''Tenho carência de
compreensão. Quero dizer sim à paz, combater a guerra e é isso que
meu livro diz''.
A apresentação do novo livro coube ao
escritor José Alcides Pinto, poeta cearense que foi beber em
Baudelaure, Alan Poe e Sade, a veia anárquica, sensual e fantástica
dos seus textos, seja em prosa, seja em verso.
O escritor cearense Márcio Catunda já
tem de 10 mais de livros publicados entre poesia e ensaios. Além
desta livro que ele lança hoje, está a caminho o terceiro volume de
Na trilha dos Eleitos, que é uma coletânea de ensaios sobre a
literatura cearense. Nos últimos anos publicou Verso Imaginário e
Chão do Destino.
TRECHO
Mercado
Não há poesia nos jornais.
A poesia não tem valor de mercado.
Não há literatura na televisão.
So o dinheiro tem lugar na mídia.
Violência dá dinheiro.
Tortura e terror dão dinheiro, são competitivos.
Quando o tempo não for mais abstrato
hão de anunciá-lo nas bolsas,
privatizá-lo e levá-lo ao tribunal das controvérsias
para que algum energúmeno pretenda ser dono da patente.
SERVIÇO
Sintaxe do Tempo. Livro de poemas que o escritor
Márcio Catunda, lança hoje, no Ideal Clube, às 19 horas. A
apresentação será feita pelo poeta José Alcides Pinto
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